22º Festival Internacional de documentários ‘É Tudo Verdade‘ exibe 82 títulos, de 30 países

Em ano em que pós-verdade e fake news viraram termos correntes, nada mais apropriado do que aproveitar o festival É Tudo Verdade, dedicado a documentários. 

“É um alento que seja tão vigorosa a produção de documentários nestes dias de ‘fatos alternativos’ e ‘fakenews’”, comenta o fundador e diretor do festival, Amir Labaki. “Contra a confusão que desumaniza, nada melhor do que o olhar original sobre a realidade de um cineasta com sua câmera. É por meio deles que o É Tudo Verdade espelha o mundo”.

Este ano, na 22ª edição do festival, que acontece em diferentes salas de cinema de São Paulo e Rio de Janeiro e tem a seguinte estrutura de programação:

  • Sete produções nacionais inéditas no país estão selecionadas para a Competição Brasileira de Longas e Médias-Metragens e nove, sendo seis inéditas no Brasil, para a Competição Brasileira de Curtas-Metragens;
  • Participam da Competição Internacional de Longas e Médias-Metragens 12 documentários inéditos no país, e da Competição Internacional de Curtas-Metragens, nove títulos igualmente aqui inéditos;
  • Pela primeira vez, o festival apresenta uma Competição de Longas Latino-Americanos, com sete produções;
  • As mostras informativas são: Projeções Especiais, O Estado das Coisas, Retrospectiva Internacional – 100: De Volta à URSS; Retrospectiva Brasileira: Sergio Muniz, Mostra É Tudo Verdade/BNDES,16a Conferência Internacional do Documentário É Tudo Verdade – Petrobras, É Tudo Verdade no Itaú Cultural;
  • O festival qualifica os curtas vencedores para inscrição direta junto a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood visando a disputa do Oscar de melhor documentário de curta-metragem.

Abaixo, uma seleção de sete filmes, entre os 82 títulos, de 30 países, que estarão em exibição do dia 20 ao 30 de abril nas duas capitais:

Imagem: Divulgação.

No Intenso Agora (Brasil), de João Moreira Salles

São filmagens feitas pela mãe do cineasta em uma viagem à China, em 1966, que dão o fio condutor para o cineasta falar sobre maio de 1968. No documentário, João Moreira Salles visita tanto a si mesmo, como em seu documentário Santiago, de 2007, como um dos períodos históricos mais conhecidos do século 20. Estão no filme, narrado pelo documentarista, o movimento estudantil em Paris, a Primavera de Praga e a promulgação do AI-5, que marcou o início do período mais duro da Ditadura Militar brasileira. Em entrevista ao EL PAÍS, o cineasta disse que o filme “é um ensaio sobre 1968, claro, mas também é um ensaio sobre a natureza das imagens e por que elas são feitas”.

Trailer: https://youtu.be/49Ygzsm0QwA

Cidades Fantasmas (Brasil), de Tyrell Spencer

Às margens do Rio Tapajós, no meio da floresta Amazônica, o magnata Henry Ford fundou sua Fordlândia, no final dos anos 1920: uma cidade autossustentável destinada a produzir borracha para as indústrias Ford. Os trabalhadores, no meio da selva, no estado do Pará, usavam crachás, comiam hambúrgueres e eram submetidos a um regime de trabalho essencialmente americano. Não deu certo. As seringueiras, plantadas sem conhecimento do terreno local, foram dizimadas por uma praga e em 1945 o projeto foi encerrado. O documentário Cidades Fantasmas, do diretor Tyrell Spencer, fala sobre essa e outras cidades latino-americanas que viveram momentos de prosperidade e depois decaíram.

Trailer: https://youtu.be/z2MywAHtcLk

Mexeu com Uma, Mexeu com Todas (Brasil), de Sandra Werneck

O documentário de Sandra Werneck não podia ser mais atual. Coisa de duas semanas atrás, uma mobilização de funcionárias da TV Globo, que usaram uma camiseta com a mesma frase (Mexeu com uma, mexeu com todas), resultou no afastamento do ator José Mayer, acusado de assédio sexual durante as filmagens de uma novela. O filme de Werneck fala justamente sobre isso: mulheres e suas histórias de violências, assédios e abusos sofridos. Falar, expor, sair da invisibilidade, transformou-se na grande pauta feminista dos últimos anos. Mudanças sutis e nem tão sutis, como o afastamento do ator, já são percebidas como resultado dessas mobilizações. O documentário é mais uma oportunidade de pensar e repensar questões de gênero e violência contra mulher.

Trailer: https://youtu.be/kwHAXoM4msU

No exílio: um filme de família (México), de Juan Francisco Urrusti

A Espanha convulsionada pela Guerra Civil Espanhola e a promessa de uma nova vida no México, presidido por um dos políticos de esquerda mais lendários do país, Juan Francisco Urrusti. Essa é a história de família que o cineasta Juan Francisco Urrusti, mexicano, contra em seu documentário. Através do retrato do percurso familiar, o filme fala sobre um período histórico determinado e seus desdobramentos na Espanha e na América Latina.

Trailer: https://youtu.be/5BQKyHPBufA

Relações Próximas (Letônia/Alemanha/Estônia/Ucrânia), de Vitaly Mansky

Depois de filmar o cotidiano do país mais fechado do mundo, a Coreia do Norte, no documentário Sob o Sol, de 2016, o cineasta Vitaly Mansky aborda agora a situação política da Ucrânia. Dividido entre as influências da Rússia, União Europeia e pretensões nacionalistas, o país vive em turbulência desde 2013. Para tratar do tema, Mansky vai atrás de suas próprias raízes, visitando e entrevistando uma série de parentes ucranianos que vivem em regiões distintas.

Trailer: https://youtu.be/Q2j_Uaurvk8

O Show da Guerra (Dinamarca/Noruega/Síria), de Andreas Dalsgaard e Obaidah Zytoon

A guerra na Síria já tem seis anos e a resolução do conflito, por vezes, parece cada vez mais distante. A origem da guerra civil, em 2011, está atrelada ao que se convencionou chamar de Primavera Árabe – quando uma série de países de população árabe viveu levantes contra ditadores longevos. É este estopim sírio que foi registrado pela radialista DJ Obaidah Zytoon e seus amigos com câmeras e celulares. Ao sair do país em 2013, ela levou consigo mais de 200 horas de filmagens que hoje compõe o documentário.

Trailer: https://youtu.be/RPeBtVPd8A8

O Esquecimento (Im)possível (Argentina/Brasil/México), de Andrés Habegger

A América Latina e seus desaparecidos. O tema é recorrente e inesgotável. Não à toa. Estima-se que só na Argentina esse número chegue a 30 mil pessoas. É a busca por seu pai desaparecido, o jornalista e militante de esquerda Norberto Habegger, que o cineasta retrata no documentário. Para isso, ele visita memórias e diários de infância em uma busca que sempre acaba por leva-lo ao último local em que seu pai foi visto: Aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro, em 1978.

Trailer:https://youtu.be/4SNvMZJmFQM

Cena de ‘O Esquecimento (Im)possível‘. Foto: Divulgação.A programação e mais informações:

É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários
It’s All True – International Documentary Film Festival
etudoverdade.com.br / itsalltrue.com.br

 

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