Agências da ONU lançam plataforma para escalar empregos a refugiados no Brasil

“Temos que pensar que essas pessoas deixam tudo para trás muitas vezes e são obrigadas a recomeçar do zero. Sem contar o ganho cultural que eles podem trazer numa convivência com os brasileiros, muitos são especialistas e com formações muito boas, o que pode ser excelente para as empresas”, afirma Almeida.

Na plataforma Empresas com Refugiados, são apresentados casos de sucesso na contratação de refugiados, além de uma série de dados e um minidocumentário que visam mostrar o que a legislação determina em relação aos refugiados e as boas práticas já adotadas.

“A nossa legislação é ótima. Além de criar uma cultura e mostrar os ganhos que as empresas podem ter ao contratar um refugiado, precisamos trabalhar para dar escala a esse processo e também tirar as travas que existem hoje”, diz Carlo Pereira, secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, que conta hoje com 13 mil membros em quase 80 redes locais, que abrangem 160 países.

Segundo ele, que recentemente comandou em São Paulo fórum de investimento para mostrar os ganhos quando se investe nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU e já conseguiu emprego para 50 refugiados, as grandes travas estão em questões que envolvem documentações, como a exigência de diplomas e certificados, e na dificuldade de revalidar o diploma no Brasil.

A ONU Mulheres, que concluiu a terceira edição do programa Empoderando Refugiadas -que já beneficiou 130 mulheres de Colômbia, Síria, Moçambique, República Democrática do Congo e Venezuela-, diz que a atuação das entidades, antes centrada nos eixos de São Paulo e Rio, que serviam de porta de entrada para imigrantes e refugiados no país, agora é mais ampla. “Países que trabalham e aceitam a diversidade são os que possuem maior PIB, registram as maiores lucratividades e obtêm os melhores desempenhos”, afirma Adriana Carvalho, gerente dos Princípios de Empoderamento da Mulher da ONU.

"Temos que pensar que essas pessoas deixam tudo para trás muitas vezes e são obrigadas a recomeçar do zero," diz Paulo Sérgio de Almeida, oficial de Meios de Vida da Acnur.“Os refugiados e, em especial, as mulheres refugiadas são fruto de desigualdades históricas. No caso das mulheres, as dinâmicas, que envolvem filhos, violências sofridas e desamparo, são mais complexas, por isso exigem processos fora do padrão. E a gente tem que entender que, quando a gente muda uma regra ou um sistema para abrigar uma pessoa que está à margem, essa regra e esses sistemas ficam melhores para todo mundo”, afirmou Adriana.

Segundo ela, “refúgio não é alegria”, e cabe ao Brasil, que tinha 10.522 refugiados de 105 países até o final de 2018 – segundo o Comitê Nacional para Refugiados (Conare) do Ministério da Justiça-, ser eficiente para lidar com a questão. E a plataforma do Pacto Global e da Acnur, que já está no ar em https://www.empresascomrefugiados.com.br, vem para ajudar!

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Fonte: Acnur / ONU Brasil.

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