Segundo Natalini, o bairro do Bixiga possui hoje mais de 900 imóveis tombados, correspondendo a pelo menos 1/3 de todo o patrimônio cultural protegido da cidade.
De acordo com a justificativa do projeto de lei, a área guarda características singulares de um bairro histórico, construído a muitas vidas e culturas, “destacando-se como um território cultural plural, fértil pelas misturas entre povos, línguas, histórias, culturas, culinária e artes, que evidenciam a força histórica de um bairro formado por modos de existir que resistem aos processo de verticalização urbana de São Paulo, ao avanço da especulação imobiliária e à imposição de modos de viver dentro dos grandes centros urbanos massacrados pelo planejamento urbano hierárquico”.
Por isso, “o bairro precisa de mais espaços públicos em que seja fomentada a convivência entre as pessoas e natureza como fórmula infalível de criação cultural, e esse terreno é a oportunidade última para a criação desse espaço”. O parque do Bixiga seria um projeto “indissociado de um programa que abrigue as policulturas que se inter-relacionam num sentido sustentável de formação humana através do reflorestamento cultural”.
Para os autores do projeto, concretizar o parque é uma questão de saúde pública. São 69.460 habitantes em 2,6 km, o que gera uma taxa de 26.715 habitantes por quilômetro quadrado, relativos ao censo de 2010. “A Subprefeitura da Sé possui hoje o indicador de área verde de 2,45 m²/hab, e esta região (do Bixiga) ocupa o pior número dentro desse perímetro”, argumentam.
Trajetória
O parque do Bixiga vem sendo discutido desde o ano de 2010, quando o proprietário do terreno passou a ceder o uso da área por contrato de comodato à Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona, dirigido por Zé Celso, um dos maiores dramaturgos do país.
No entanto, a área foi vendida posteriormente e prevê construção de torres residências pela Sisan, empresa de empreendimentos imobiliários do grupo Silvio Santos.
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Por Plínio Aguiar no R7.