Livro exalta a história de mulheres que deixaram sua marca na cidade de São Paulo

Os planos de lançamento de #MulheresdeSP foram alterados em função da pandemia de Covid-19. Imagem: Divulgação.

De Anália Franco a Yolanda Penteado, o livro #MulheresdeSP reúne 18 histórias de mulheres das artes, da saúde, da educação, da arquitetura e urbanismo e do ativismo social que de alguma forma deixaram sua marca na maior cidade da América Latina. A pesquisa e edição é de Alana, o prefácio da jornalista Gaía Passareli e as ilustrações das artistas Bianca Nazari, Débora Islas e Lorena de Paula.

— “Quando publiquei as histórias na página do Viva Cultura, a repercussão foi incrível e tão maior do que imaginávamos, que decidimos que ela deveria estar em um livro. A bisneta da Dona Veridiana e o sobrinho-neto da Brenda Lee chegaram a nos escrever emocionados com os posts” — afirma Alana. Ela é a criadora do canal, que desde 2014 dá dicas culturais do que está rolando em São Paulo e oferece programas próprios de visitação guiada pela cidade.

A história da autora Carolina Maria de Jesus também está no livro #MulheresdeSP. Ilustração: Lorena de Paula / Divulgação.Ela conta que, durante a pesquisa, percebeu que as informações disponíveis sobre as mulheres muitas vezes eram focadas nas tragédias que vivenciaram:

— “Algumas mulheres são mais conhecidas e, por isso, é mais fácil achar informação, como a Lina Bo Bardi. Mas das outras, nem tão famosas, o mais fácil de encontrar eram as tragédias. Era mais difícil achar fontes confiáveis sobre o lado positivo da vida dessas mulheres, o que elas deixaram de legado para a cidade. Esse foi um cuidado que tomei na hora de escrever, para não focar na tragédia e exaltar esse legado” — diz a gestora cultural.

Dentre as histórias que mais marcaram Alana, está a de Veridiana Prado, que dá nome a uma rua no bairro de Higienópolis, na região central, por quem a autora acabou desenvolvendo um “carinho especial”.

— “Como nosso principal apoiador é o Iate Clube de Santos, cuja sede na capital hoje ocupa o palacete construído por ela, pudemos visitar o local várias vezes e comandar visitas guiadas. Foi ela que mandou construir o palacete. Ela tem uma história muito forte, era uma mulher divorciada no final do século XIX e foi a primeira a dirigir um jornal na cidade” — conta.

Outra favorita de Alana é a pintora Maria Auxiliadora, uma artista e ativista negra que cresceu na região de Embu das Artes e chegou a ter uma exposição cancelada no MASP na década de 80, sob a justificativa que não tinha qualidade técnica para estar no museu. Como forma de se retratar, o museu inaugurou uma grande mostra sobre ela em 2018 e as obras “são incríveis”, diz a pesquisadora.

O livro ainda traz as histórias da escritora Carolina Maria de Jesus, de Mirthes Bernardes, artista e criadora do famoso piso paulistano das calçadas da cidade, da ativista LGTB+ Brenda Lee, das bailarinas de Paraisópolis, da escritora Patrícia Galvão, a Pagu, da ativista pela saúde da mulher Pérola Byington, que hoje dá nome ao hospital de referência na capital, entre outras. Disponível nas versões física e digital, ele pode ser adquirido no site o canal Viva Cultura ou na Amazon. Das 18 histórias, 16 foram publicadas nas redes sociais e estão no ebook. Duas inéditas, da parteira Micaela Vieira e da ativista Dorina Nowill, integram apenas o livro físico.

Veridiana Prado, patrona de iniciativas cultural, e Lina Bo Bardi, arquiteta modernista criadora de projetos como o MASP, Sesc Pompeia e Teatro Oficina. Ilustrações: Bianca Nazari e Débora Islas / Divulgação.

Os planos de lançamento de #MulheresdeSP foram alterados em função da pandemia de Covid-19. A ideia era fazer uma festa no Palacete Veridiana, que pertenceu à Veridiana Prado, que tem sua história narrada no livro e hoje abriga a sede do Iate Clube de Santos, maior apoiador da publicação.

— “A gente não ia fazer o lançamento na quarentena, mas acompanhando os números de violência doméstica aumentando nesse período, resolvemos lançar agora para reverter parte da verba arrecadada para ONGs que atendem mulheres vítimas de violência, até porque muitas dessas mulheres que tiveram sua história contada no livro sofriam violência. Achamos que era importante fazer isso” — afirma Alana.

A festa fica para depois, quando as “aglomerações voltarem a ser permitidas”, diz. Ela conta ainda que planeja oferecer roteiros turísticos para localizar essas e outras mulheres dentro da cidade depois que as medidas sociais forem relaxadas e for seguro retornar as ruas de São Paulo.

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Por Leda Antunes no Jornal O Globo.

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