Baixo crescimento e inflação alta são alertas para a indústria em 2022

A alta dos preços, incluindo de matérias-primas, taxas de juros elevadas e o poder de compra reduzido das famílias brasileiras seguem nas principais preocupações da indústria quando o assunto é a retomada das atividades na pós-pandemia. Em um cenário otimista, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima, que em 2022, o crescimento da economia seja de 1,8% mediante a combinação de fatores que incluem inflação controlada, política monetária e resolução dos gargalos produtivos. Os dados são da edição especial do informe conjuntural intitulado “Economia Brasileira 2021-2022”.

Sob um olhar mais austero, levando em consideração as incertezas sobre a pandemia e o temor de algum retrocesso, o estudo prevê dificuldades na normalização das cadeias produtivas, que pode ser mais lenta, e a continuidade da desvalorização da taxa de câmbio real, que impacta no impulso às exportações brasileiras.

Diante de tantas incógnitas, especialistas sugerem um bom planejamento que alie redução de custos sem comprometimento da qualidade de produção e, consequentemente, dos produtos, para evitar possíveis prejuízos.

“Os custos de fabricação envolvem uma série de fatores, desde aqueles que estão sob nosso controle, até outros como a variação de preços da matéria-prima em mercados internacionais. Não há muito o que fazer com relação às variáveis externas, a não ser acompanhar as notícias e realizar o planejamento da aquisição de insumos; mas, dentro da nossa empresa, podemos focar em ações que auxiliam e reduzem os custos de fabricação, sem afetar a qualidade do produto ou serviço entregues”, analisa o engenheiro de produção Caio Gansauskas Pavanelli.

Segundo ele, um dos principais fatores para redução de custo dentro do processo industrial diz respeito ao tempo de montagem e preparação de máquinas, conhecido como setup. “É fundamental que todo engenheiro de produção ou gerente industrial entenda que o tempo de setup é um custo improdutivo do seu processo, já que estamos investindo recursos financeiros, tempo e mão-de-obra em uma atividade que não está gerando bens e produtos. O setup pode ser reduzido com uma otimização do sequenciamento e planejamento da produção. E essa redução gera uma maior capacidade produtiva na fábrica”, explicou o especialista com mais de 12 anos de experiência na gestão de produtos e serviços, desenvolvida nas áreas de gerência industrial e gerência de sistemas de qualidade.

O ganho revertido com a otimização desse processo observado por ele tende a chegar ao consumidor. “Por exemplo, temos uma fábrica que produz, em média, 1.000 peças de um determinado item de sua linha de fabricação todo mês. Após um estudo, nota-se que a empresa perde quase 10% de todo tempo de trabalho disponível em processos de montagem, mudanças de lote e preparação de máquinas, entre as produções. Se conseguirmos reduzir de 10% para 5% esse tempo ocioso, aumentamos a capacidade produtiva da fábrica de 1.000 para 1.055 peças no mesmo período. E isso pode ser repassado ao cliente como uma redução de preço final”, esclareceu.

A estratégia que prevê contribuir na redução de custos sem prejudicar a qualidade é apenas mais uma aliada frente a outro desafio apontado pela CNI, no estudo “Sondagem Indústria da Construção”: o da escassez ou do alto preço da matéria-prima. Esse foi o gargalo apontado por 47,3% das indústrias da construção civil no quarto trimestre de 2021. Entre janeiro e março do ano passado esse percentual foi de 57,1%. A pesquisa publicada em 2022 contou com a opinião de 434 empresas.

“Principalmente em tempos de alta volatilidade de preços das matérias-primas e componentes, cabe aos profissionais da indústria muito planejamento e criatividade para acompanhar os processos, tornando-os mais eficientes e lucrativos. Decisões equivocadas no planejamento, programação e controle da produção podem gerar um custo extra dentro do processo, tornando a empresa menos competitiva”, comentou Pavanelli.

 

 

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