A procura por casas de férias dispararam nos EUA durante a pandemia de covid-19, é o que afirma um recente estudo da Associação Nacional de Corretores Imobiliários (NAR). Segundo o relatório, compradores domésticos e estrangeiros inundaram o mercado no segundo semestre de 2020 até abril de 2021, fazendo com que as vendas de vacation homes aumentassem 16,4%, superando o crescimento geral das vendas de imóveis existentes no país, de 5,6%.
Conhecida como a “capital mundial das férias”, Orlando, na Flórida, aparece no topo do ranking dos melhores lugares para comprar imóveis de temporada nos EUA, segundo o site especializado Roofstock. A razão é a demanda constante de turistas visitando os parques temáticos da Disney e Universal. Em 2019, cerca de 75 milhões de pessoas visitaram a cidade, sendo 85% composto por turistas domésticos. Em 2020, quando as fronteiras do país estavam fechadas para o turismo internacional, 35 milhões de pessoas visitaram a cidade. Ou seja, mesmo com as restrições da pandemia, proprietários de vacation homes conseguiram faturar com o fluxo de turistas locais.
De olho neste mercado, brasileiros estão investindo não apenas na compra de casas de férias na região, sendo o quinto grupo estrangeiro que mais adquire imóveis na Flórida, mas também em outros empreendimentos voltados a atender o setor de vacation homes na “Cidade Mágica”.
Alexandre Fraga, CEO da Fraga Company, identificou essa oportunidade bem antes da pandemia, em 2014. “O que era visto como um bom negócio no passado, hoje é considerado um dos investimentos mais rentáveis e seguros do mercado global”, diz Fraga, sócio-proprietário da hub de investimentos que compreende imobiliária, companhia de design de interiores e administradora de propriedades, negócios voltados para casas de temporada com alta rentabilidade em Orlando. “Não só os brasileiros, mas latinos-americanos no geral, estão buscando atrelar parte de seu patrimônio ao dólar, moeda mais forte que a de seus países de origem”, afirma o empresário, que administra cerca de 50 milhões por ano em aluguéis de temporada.
Desde 2015 em Orlando, o pernambucano Bartolomeu Lins é reconhecido na região por seus empreendimentos no ramo de restaurantes e catering. Em 2020, observando o crescimento das vacation homes, Bartolomeu resolveu diversificar seus negócios e abrir a QS2 Solutions, lavanderia industrial exclusiva para casas de temporada na região. “Esses imóveis têm alta rotatividade de turistas e, para competir com os hotéis, precisam apresentar padrões de higiene profissional”, diz o dono da lavanderia, que atende quase 300 casas nas proximidades dos parques temáticos da Disney, entregando cerca de 4 mil tonelada de material limpo por dia. “Existem muitas oportunidades de empreendimento em toda a cadeia de suprimentos no setor de vacation home em Orlando”, afirma Bartolomeu.
Com a reabertura das fronteiras, em novembro do ano passado, especialistas estimam mais expansão em 2022, vindo especialmente do Brasil. “O sucesso dos empreendedores brasileiros na Flórida se dá porque tanto investidores quanto turistas brasileiros preferem fazer negócio com quem fala português e entende sua cultura”, comenta Fraga.
Mais de 1 milhão de brasileiros viajam para a Flórida todos os anos, sendo 830 mil com destino a Orlando, o terceiro grupo estrangeiro que mais visita os parques temáticos da região. No quesito investimento, os brasileiros figuram entre as cinco nacionalidades que mais adquirem vacation homes na Flórida, junto com Argentina, México, Colômbia e Venezuela.