Excesso de peso afeta uma em cada dez crianças de até 5 anos

A tendência de alta no excesso de peso verificada na população brasileira também alcança os mais jovens. De acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada dez crianças de até cinco anos está acima do peso no país. O excesso de peso também foi registrado em mais da metade das mães com filhos nessa faixa etária.

Os dados são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), que avaliou 14.558 crianças e 12.155 mães biológicas em 12.524 domicílios brasileiros. A pesquisa foi realizada em 123 municípios dos 26 estados e do Distrito Federal entre fevereiro de 2019 e março de 2020.

O excesso de peso está associado a doenças crônicas graves, como problemas cardiovasculares, diabetes, hipertensão, problemas renais, asma e diferentes tipos de câncer. Evidências apontam também que a obesidade é fator de risco para o agravamento da Covid-19. 

Para a médica atuante em nutrologia Carolina Pires, a mudança em hábitos alimentares na população explica o aumento da prevalência do sobrepeso. “A alimentação atual dos brasileiros é marcada pelo consumo excessivo de alimentos altamente calóricos, como os industrializados. Esses alimentos são ricos em gorduras e carboidratos refinados, que comprometem a saúde nessa faixa etária e se relacionam diretamente com o aumento do ganho de peso, além de reduzir o consumo de alimentos in natura, menos calóricos e com maior valor nutritivo”, afirma. 

A especialista explica ainda que o excesso de peso pode estar relacionado a fatores genéticos e a outros fatores ambientais, além da má alimentação. “A dieta pouco saudável, o sedentarismo, fatores econômicos, emocionais e sociais são contribuintes para esse transtorno”.

A pesquisa encomendada pelo Ministério da Saúde chama atenção também pelos dados relacionados a mães de crianças de até cinco anos. Segundo a investigação, 58,5% das mulheres com filhos nessa faixa etária possuem excesso de peso. O dado indica que o ganho de peso entre crianças pode ser um reflexo de problemas alimentares vivenciados pelas famílias. 

“O tipo mais frequente de obesidade possui causa nutricional. E a escolha alimentar da criança é determinada principalmente pela família. A alimentação, portanto, é decorrente das interações psicossociais e culturais da criança. Por isso não é surpreendente a alta do excesso de peso entre crianças, pois refletem o estilo de vida dos pais e hábitos culturais do país”, diz Pires. 

Os dados recentes sobre o estado nutricional de mães e filhos de até 5 anos preocupam as autoridades de saúde devido à tendência de alta que representam. Em 2006, a prevalência de excesso de peso em crianças nessa faixa etária era de 6,6%. Com a nova pesquisa, a taxa sobe para 10%. Entre as mães, a alta foi de 43% para 58,6%.

Segundo os números do Enani-2019, 7% das crianças com menos de cinco anos apresentam sobrepeso e 3%, obesidade. Com relação às mães de filhos nessa faixa etária, são 32,2% com sobrepeso e 26,3% com obesidade. A pesquisa também revela que 18,6% das crianças de até cinco anos estão na faixa de risco de sobrepeso.

A prevalência do excesso de peso entre adultos na população brasileira é de 60,3%, de acordo com o Ministério da Saúde. O público feminino é mais afetado pelo problema, com 62,6% de prevalência de excesso de peso, contra 57,5% no público masculino. Já a condição de obesidade atinge 25,9% da população. 

Controle de peso

Para lidar com o problema do sobrepeso e da obesidade, são necessárias políticas públicas para a promoção da saúde e prevenção do ganho de peso. Além disso, os governos devem implementar ações que permitam diagnóstico precoce e cuidado adequado às pessoas com excesso de peso. Quando se trata da saúde de crianças, é importante a realização de consultas periódicas, nas quais o pediatra pode avaliar as condições de peso e altura. 

“A avaliação do ganho de peso permite o acompanhamento da evolução individual de cada criança, já que nessa faixa etária a desnutrição é a causa básica da instalação ou do agravamento da maior parte dos problemas de saúde infantil. Dessa forma, é possível diagnosticar precocemente tanto o peso muito baixo quanto a obesidade infantil, identificando as crianças como maiores riscos de morbidades e mortalidade e intervindo para melhorar as condições de saúde”, explica Pires.

A especialista lembra que o ideal é que sejam realizadas sete consultas médicas para crianças até os 12 meses, duas consultas dos 12 aos 24 meses e pelo menos uma consulta anual do 2º ao 6º ano de idade. Em caso de necessidade de tratamento de excesso de peso, o Ministério da Saúde considera que uma perda e manutenção de peso entre 5 e 10% do peso inicial é suficiente para melhorias significativas em indicadores de saúde, como pressão arterial, taxa de colesterol e de glicemia, por exemplo. 

A chave para o combate ao excesso de peso está na educação alimentar e na adoção de um estilo de vida saudável, diz Pires. “Ao considerar que é na infância que ocorre a formação do hábito alimentar, a informação e entendimento dos fatores nele envolvidos torna possível a mudança no padrão de consumo. O papel dos pais é oferecer e motivar a criança a adquirir o hábito alimentar variado, levando-a a ampliar e repensar suas preferências. Dessa forma, pode-se melhorar o desenvolvimento cognitivo e reduzir o risco de doenças crônicas relacionadas à obesidade e desnutrição infantil e adulta”, diz a médica.

Para saber mais, basta acessar o site: https://dracarolinapires.com.br/

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