Inadimplência na Europa impacta negócios com o Brasil

A economia da Europa e do mundo estão se recompondo economicamente da série de restrições sanitárias da Covid-19. Os impactos financeiros da pandemia vão da inadimplência dos consumidores e da quebra de empresas aos cofres públicos com dívidas maiores. A guerra entre Rússia e Ucrânia torna esse cenário ainda mais complexo. Apesar de o conflito se localizar no norte do globo, os impactos das sanções econômicas e das restrições às importações e exportações recaem sobre todos os países, principalmente os emergentes, que dependem de uma série de produtos manufaturados importados da Europa e EUA.

Com o objetivo de mapear os impactos desses fatores nos países europeus, a Intrum, empresa sueca centenária de gerenciamento de crédito e ativos, elaborou um panorama das finanças e do cenário de pagamentos na Europa. De acordo com o estudo, a inflação deve aumentar nos próximos meses, principalmente em produtos à base de gás e óleo, que podem chegar a aumentos de mais de 50% na Europa. “Além disso, a Rússia é o principal produtor e exportador de diversas outras matérias-primas, como carvão, ferro, alumínio, cobre, níquel e platina. O níquel é fundamental para baterias de veículos elétricos, enquanto o cobre é amplamente usado na fabricação de eletrônicos, e a Rússia controla 10% das reservas globais de cobre. A Ucrânia, por sua vez, é um importante produtor de gás neon, que é usado na produção de chips”, menciona o estudo.

“A Rússia e a Ucrânia têm importantes reservas minerais e de gás, que abastecem a Europa e outros países de matérias primas essenciais. As tabelas de preços de produtos como pães, bolos e similares já têm aumentado e devem sofrer reajustes ainda maiores, já que os dois países são importantes produtores de trigo, centeio e milho. O mundo estava iniciando a recuperação econômica do período pós pandêmico. Com o aumento dos preços, a inadimplência tende a subir ainda mais, assim como a falência de empresas, já que esses fatores impactam o poder de compra dos cidadãos”, explica Ulisses Rodrigues, CEO da Intrum Brasil.

Países como Reino Unido, Lituânia, Dinamarca e Eslováquia tiveram quedas bruscas no ranking de bem-estar financeiro elaborado pela Intrum, em comparação com o mesmo período de 2020. O Reino Unido foi do décimo ao vigésimo segundo lugar. A Lituânia caiu de sexto para décimo quinto lugar, a Dinamarca foi da décima quarta para a vigésima colocação no ranking, enquanto a Eslováquia caiu cinco posições, de décima sétima para vigésima terceira. Na Grécia, que estava num processo de recuperação da crise econômica e deve sofrer com a nova dinâmica global, 65% dos gregos já esperam uma crise mundial. O país se manteve em último lugar no ranking de bem-estar financeiro.

“No Brasil, há uma preocupação com a inadimplência neste ano, que deu sinais mais fortes desde o final de 2020. O índice é um reflexo da situação econômica do país, já que, quando a economia vai mal, a inadimplência é maior, e vice versa. Nos últimos tempos, o poder de consumo do brasileiro tem caído com aumento de contas básicas e do valor dos bens de consumo. 2022 será um ano muito difícil pelos impactos econômicos advindos das dinâmicas globais, então é importante que as pessoas e as empresas se preparem e se planejam financeiramente, levando em consideração dados e estudos da situação do exterior”, finaliza Rodrigues.

O estudo leva em consideração três pilares para a construção de um score de bem-estar financeiro. São eles: pagamento de contas dentro do prazo de vencimento, criação de reservas ou economias no período e educação financeira. No pilar de pagamento de contas dentro do prazo, o país que teve maior queda no ranking foi a Suécia, que caiu de quarto para décima colocação. Já na Alemanha, que se manteve em primeiro lugar no ranking, 28% dos respondentes do país afirmaram ter atrasado o pagamento de contas nos últimos 12 meses, sendo 35% deles por falta de dinheiro.

No quesito criação de reservas e economias, novamente a Suécia encontra-se em queda, da primeira para a nona colocação. Mas não é a única, a Estônia passou de nona a décima quarta posição, enquanto a Eslováquia foi da décima sexta a vigésima primeira colocação. O pilar também influenciou no ranking geral desses países, com queda no bem estar financeiro nacional.

Em educação financeira, os países tiveram quedas acentuadas em conhecimentos sobre termos de finanças, cálculos de juros e planejamento financeiro, com destaque para o Reino Unido que foi de quinta para a décima sexta posição do ranking deste quesito, o que puxou a queda do país no ranking geral. Outro destaque vai para a Grécia que subiu da décima primeira para a nona posição e teve 72% dos respondentes da pesquisa acertando as previsões de impactos das taxas de juros, segunda maior colocação.

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