A jornalista e DJ que é uma das mais influentes pesquisadoras da cena eletrônica no Brasil


Claudia Assef é dessas super-mulheres multitarefa que faz de tudo um pouco: ela é autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional – o clássico
“Todo DJ Já Sambou” – , é responsável por comandar o site Music Non Stop, idealizar as festas Discology e Discobaby, fazer a curadoria do Museu do DJ, além de tocar por aí e cuidar de suas duas filhas. A Luna, de 6 anos, é fã de Grimes e a Maya, 4 anos, curte a Amy Winehouse. São tantas histórias que resolvemos convidá-la a participar da nossa seção Hábitos Noturnos. No nosso papo, falamos sobre suas lembranças do passado e projetos futuros. Confira!

Moroder e New Order desde cedo

 

“Eu comecei a curtir música quando era bem nova. Na quinta série eu já tinha uma coleção de discos de rock inglês e música eletrônica que eu emprestava pro colégio inteiro. Eu curtia muito Kraftwerk, Bomb The Bass, Smiths, The Cure, Siouxsie and The Banshees, Bowie…

Um dos meus primeiros discos foi o do Giorgio Moroder, que eu ganhei quando tinha uns 10 anos. Mas foi o New Order quem começou a me levar mais pra música eletrônica.

As primeiras festas

“Eu tinha 12 anos quando eu comecei a acompanhar minha irmã mais velha nas boates que ela frequentava, como o Rose Bom Bom. Eu super me maquiava pra conseguir entrar nas festas. A primeira vez me deu medo de ser barrada, então eu acabei exagerando e fiz uma maquiagem super gótica (hahaha). A primeira vez que eu saí foi quando a Siuxsie veio tocar pela primeira vez no Brasil, no final de 86.”

Last Night A DJ Saved My Life

“O primeiro DJ que eu vi tocar foi o Magal. Naquela noite eu achei as músicas que ele tocou tão incríveis que eu fui lá cutucar ele pra saber qual som era. Ele anotou pra mim num guardanapo as músicas que eu tinha curtido e me indicou uma loja no Centro, a Bossa Nova Discos, para comprar os vinis. Na segunda-feira eu matei a última aula da escola, peguei a grana do lanche, entrei num ônibus e fui comprar os discos na loja. Foi aí que eu comecei a frequentar a pesquisar, entender a cena e dar inicio à minha coleção de discos.”

A entrevista mais marcante

“Acho que uma das entrevistas mais marcantes pra mim foi com a atriz francesaFanny Ardant, ex mulher do Truffaut, que eu fiz quando eu morava em Paris. Eu estava super nervosa e tremendo quando fui entrevistá-la. Mas deu tudo certo e a matéria foi um sucesso!”

“Todo DJ já Sambou”: primeiro e único

“Quando voltei de Paris fui demitida do jornal que eu trabalhava. Aí resolvi focar minhas energias pra lançar um livro . Comecei as pesquisas, entrevistei 120 pessoas e em 6 meses consegui lançar o ‘Todo DJ Já Sambou’. Acho que ainda é [o primeiro e único livro de música eletrônica no Brasil] porque dá um trabalho gigantesco e não necessariamente reverte em dinheiro. Fazer um livro de pesquisa tão no escuro requer muita paixão e um certo desprendimento financeiro. Acho que há interessa do mercado por mais livros assim, sim. Vamos lá, gente, se animem aí!”

Museu do DJ é ambicioso

“A ideia deste projeto é deixar um legado dessa pesquisa musical que eu venho fazendo a minha vida toda pras gerações futuras. Não deixar apenas um livro, mas um lugar. Então eu resolvi reunir todas as informações que eu tenho e criar o Museu do DJ. A primeira etapa será uma exposição mais compacta, provavelmente será lançada este ano ainda, no Mirante 9 de Julho. Depois o objetivo é fazer o museu num lugar fixo e juntar a verba pra realizar o projeto através de crowdfunding.”

Discology e Discobaby

“O momento mais marcante da Discology, minha festa em parceria com o Camilo Rocha, foi quando o DJ Greg Wilson tocou. Ele chegou tocando com uma fita de rolo, um negócio gigante e incrível. Todo mundo na pista ficou hipnotizado admirando ele tocar. Já a Discobaby surgiu quando minha segunda filha nasceu. Afinal, música de criança não precisa ser só Galinha Pintadinha. Na pista rola de Tim Maia à Aphex Twin, mas quando eu toco “Thriller“, do Michael Jackson, a criançada pira. É bom educar os ouvidos deles desde pequenos. A minha filha mais velha, de 6 anos, ama Grimes e a mais nova, que tem 4 anos, adora Amy Winehouse”.

Music Non Stop

“Eu sempre sonhei em ter uma revista. Já tive blog durante um tempo, mas como não dá dinheiro, é dificil se dedicar muito. Eu fazia freelas pra vários veículos, mas queria ter um lugar pra publicar meus textos. Então resolvi lançar um portal, o Music Non Stop, que foi lançado há um mês [e já bateu 200 mil acessos nos primeiros 30 dias]. Eu acho que as pessoas gostam de boas histórias. Gostam quando são intrigadas e quase se sentem na obrigação de ler uma matéria, apenas porque aquele título e aquela foto não saíram da cabeça. Acho que na real é o que está faltando no jornalismo esse cuidado com a finalização do conteúdo. Às vezes o jornalista fica lá se matando pra decupar uma entrevista. Daí digita tudo e esquece de fazer um bom título, de ir atrás de uma boa foto. Ninguém é obrigada a ler TCC, né, gente!”

***
Luana Dornelas na sessão Hábitos Noturnos da Red Bull.

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