A mobilidade nas cidades inteligentes

 

A resposta natural é, portanto, inserir a Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) como parte ativas na construção de um ambiente urbano com serviços e infraestrutura mais eficientes. No entanto, o conceito de Cidades Inteligentes em nada se assemelha às narrativas de ficção, em que e a convivência entre inteligência artificial e meio urbano normalmente resulta em desastres.

A cidade inteligente é aquela em que a tecnologia é incentivada como parte constante no ambiente, mas o objetivo – e o conceito – é a busca por “aderir a um modelo urbanístico sustentável, que abre espaço para que a conectividade, a sustentabilidade e a integração das funções urbanas possam garantir um ganho de qualidade na vida das pessoas”, segundo Paulo Tadeu Arantes, arquiteto especialista em planejamento urbano pela Universidade de Dortmund, na Alemanha.
 

Ainda segundo o arquiteto, em reportagem da Revista Inovação:“Quando se diz cidade inteligente, estamos falando, por exemplo, de uma cidade para as pessoas e não mais para veículos”.

Então, como será a mobilidade na cidade inteligente?

publicação da ARUP sobre a mobilidade na era das cidades inteligentes destaca como aquilo que já interpretamos como negativo deve deixar de existir: congestionamentos, emissões de gases do efeito estufa, mortes no trânsito e infraestrutura urbana organizada para o carro. Afinal, a cidade inteligente se volta à melhor qualidade de vida, seja por meio da qualidade do ar ou de um sistema de transporte coletivo sob demanda que atenda aos interesses de toda a população urbana. O resultado de qualquer movimento de melhoria dessa ordem tem impacto direto na economia, no aspecto social e na qualidade de vida de uma cidade. Assim, podemos definir que a mobilidade, se tratada de maneira adequada, fomenta cidades inclusivas, acessíveis e conectadas.

Segundo o urbanista e estrategista climático Boyd Cohen, são seis os componentes centrais de uma cidade inteligente: meio ambiente, mobilidade, administração pública, economia, sociedade e qualidade de vida; conforme ressaltamos aqui na abertura da série. E, apesar de todos serem substanciais e demandarem esforço e planejamento, a mobilidade talvez seja um dos contextos mais árduos de abranger. Afinal, em muitas cidades, sistemas de mobilidade existentes já são, hoje, insuficientes. Isso, aliado ao esperado aumento da população mundial nas cidades, pode criar uma lacuna e um desafio para planejadores urbanos no que tange um dos principais problemas de nossos sistemas de transporte: o balanço entre a oferta e a demanda.

Transportes sob demanda despontaram nos últimos anos, aliados à facilidade oferecida pelo smartphone que muitos carregam no bolso. No entanto, a maioria desses serviços funciona ainda sob a lógica do carro individual, o que oferece conforto e praticidade para aqueles que os usufruem. No entanto, sob o aspecto ambiental e social, as coisas não mudam. A cidade continua repleta de carros, e as emissões desses veículos, em sua maioria movidos a combustíveis fósseis, é a mesma. Por esse motivo, um estudo recente analisou os desafios da mobilidade urbana com base na cidade de Lisboa, e refletiu sobre como a tecnologia pode solucionar a ineficiência dos meios de transporte e o atraso que causam para a cidade.

A projeção segue a mesma linha das inovações disruptivas atuais, que utilizam do smartphone e da demanda sinalizada através dele. Porém, em vez de carros, o serviço seria prestado por “táxi-ônibus” com oito (minivans) e 16 (micro-ônibus) lugares, acionados sob demanda por um aplicativo de celular acabaria com os engarrafamentos, segundo o estudo, além de reduzir as emissões em um terço, e liberar 95% do espaço de estacionamentos da cidade. Outro ponto considerado pelo estudo, e primordial para uma cidade inteligente, é a inclusão: o estudo levou em conta que os moradores da periferia tivessem o mesmo acesso, no mesmo período de tempo, à vida na cidade.

A qualificação dos serviços com o uso da tecnologia garante aos cidadãos o acesso ao potencial da cidade. Essas capacidades não se baseiam apenas na infraestrutura digital, mas também na infraestrutura urbana. O conceito de cidade inteligente se baseia no intercâmbio entre uma coisa e outra. Por esse motivo, os dados são tão importantes para que a mobilidade se estabeleça de maneira efetiva. Hoje, invariavelmente, cada habitante com um smartphone no bolso é um produtor de dados para a cidade. Todos os resultados da atividade humana são capturados através da Internet, dispositivos ou sensores. Ainda assim, os dados não são totalmente aproveitados por mecanismos que possam tornar uma cidade mais acessível com base nessas informações.

Carros autônomos e o futuro da mobilidade

Ao falar em futuro da mobilidade, os carros autônomos surgem como a bola da vez. Em 2016, esses veículos atingiram presença inédita nas notícias dos portais de internet. A evolução e o estudo desses modelos de transporte aumentaram exponencialmente, com investimentos de companhias automobilísticas, indústrias da tecnologia de informação e setor acadêmico. O foco desses veículos e de suas inteligências é reduzir o erro humano, responsável por 90% dos acidentes de trânsito, segundo estatísticas brasileiras.

O potencial dessa inovação disruptiva é alto. No entanto, quaisquer soluções tecnológicas devem contar com infraestrutura. Nenhuma mudança na mobilidade urbana pode ocorrer sem também uma mudança no modelo do desenvolvimento urbano. Ou, ainda, uma mudança de cultura.

Um relatório sobre o futuro da mobilidade, citado aqui pela revista Galileu, examina de maneira geral os fatores que irão modificar as rodovias. As mudanças climáticas e a busca por melhorias ambientais serão as principais propulsoras do impacto na concepção das estradas. A robótica, a inteligência artificial e os sistemas de navegação totalmente automatizados permitirão a tecnologia de carros autônomos e abrirão novos mercados para empresas automobilísticas. Dessa maneira, o mercado se expandiria mesmo para pessoas idosas.

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Por Sergio Trentini no The City Fix Brasil.

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