’Acorde!’: Spike Lee, um dos mais importantes cineastas contemporâneos ganha mostra em São Paulo

-’Acorde!’, essa expressão está presente em quase todos os filmes de Spike Lee. É um chamado para a ação, para a ruptura de um comportamento padronizado, geralmente declamado por um personagem secundário para o personagem central, frequentemente em uma visão subjetiva: o ator olha para a câmera e fala ‘Acorde!’ para a plateia do cinema. “Spike Lee quer que seu cinema faça o público acordar para a realidade que o cerca – comenta o curador Jaiê Saavedra.

A Mostra acontece no mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra (20 de novembro) e oferece ao público um panorama da obra do mais atuante cineasta afro-americano, que conquistou este ano o Grande Prêmio do Júri e Menção Especial do Prêmio Júri Ecumênico no Festival de Cannes, e o Prêmio do Público no Festival de Locarno, com Infiltrado na Klan (estreia nacional prevista para 22 de novembro).

Poster de "Infiltrado na Klan" (2018), que foi exibido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Foto: Divulgação.“Acorde! O Cinema de Spike Lee” traz alguns dos títulos mais recentes do cineasta, porém pouco vistos nas salas de cinema brasileiras, e alguns de seus melhores trabalhos para a televisão, como os documentários Kobe Doin’ Work (2009), filmado com 30 câmeras, e Michael Jackson’s Journey from Motown to Off the Wall (2016). Michael Jackson também é a estrela de um dos videoclipes da mostra – They Don’t Care About Us, gravado no Rio de Janeiro e em Salvador.  Quatro filmes clássicos serão exibidos em 35mm: Mais e melhores blues (1990), Febre da selva (1991), Malcolm X (1992) e A última noite (2002), que terão sessões inclusivas (com audiodescrição e close caption).

Cena do documentário "Michael Jackson's Journey from Motown to Off the Wall" (2016). Foto: Mike Powell / Allsport / Getty Images.Ao demonstrar para Hollywood o potencial de um cinema negro junto ao público amplo, Spike Lee saiu da condição duplamente marginalizada de cineasta independente e negro, fazendo dos black films parte da grande indústria do cinema americano. Após o sucesso do seu primeiro lançamento comercial, a comédia Ela quer tudo (She’s Gotta Have It, 1986), que marcou também a estreia de Spike Lee como ator, ele abriu a sua produtora – 40 acres and a Mule Filmworks (o nome é inspirado em uma promessa não cumprida que políticos fizeram a escravos recém-liberados depois da Guerra Civil americana).

 Spike Lee (dir.) em cena de "Faça a Coisa Certa" (“Do the Right Thing”, 1989). Foto: Divulgação.Um período de intensa criatividade veio a seguir, com filmes como Faça a coisa certa (1989), Mais e melhores blues (1990), Malcolm X (1992) e Febre na selva (1991), colocando o diretor entre os grandes nomes do cinema mundial. Surpreendentemente, mesmo tendo alcançado a condição de um cineasta mainstream, Spike Lee nunca deixou de considerar a si mesmo um cineasta negro e independente. Com A hora do show (2001), uma crítica feroz à forma como Hollywood e a TV dos Estados Unidos tratavam os negros, ele consolidou definitivamente a sua posição como um dos grandes realizadores do século. Lee já trabalhou com diversas estrelas e gosta de repetir no elenco de seus filmes nomes como Denzel Washington (que encarnou Malcolm X), John Turturro, Samuel L. Jackson e Michael Imperioli. Em 2016, Lee ganhou um Oscar Honorário, mas não foi à cerimônia para marcar sua posição em um momento em que se discutia a falta de indicações de pessoas negras ao prêmio.

Wesley Snipes e Annabella Sciorra em cena de "Febre na Selva" ("Jungle Fever", 1991). Foto: Divulgação.

Spike Lee também é, antes de tudo, um cineasta com incrível domínio técnico, grande sensibilidade na direção de atores e enorme respeito à palavra. Seus primeiros filmes já se tornaram clássicos do cinema que merecem ser (re)assistidos e novamente discutidos. Um raro exemplo de um diretor que conservou enorme vigor e ousadia através das décadas, transcendendo o título de representante de um cinema negro e se tornando um dos grandes de nossa época – completa Jaiê Saavedra.
Denzel Washington vive "Malcolm X" (1992). Foto: Divulgação.A mostra “Acorde! O Cinema de Spike Lee” contará com um debate com o curador, a pesquisadora Kênia Freitas e o crítico Bruno Galindo, que ainda vai ministrar uma aula sobre o cinema de Spike Lee, ambos gratuitos, com distribuição de senhas a partir de uma hora antes do início do evento.

Serviço

Mostra “Acorde! O Cinema de Spike Lee”

Curadoria: Jaiê Saavedra.
Data: 7 de novembro a 3 de dezembro de 2018.
Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia entrada).
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo.
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo -SP.
(Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô).
(11) 3113-3651/3652 | Quarta a segunda, das 9h às 21h.
Os visitantes que assistirem a cinco sessões de filmes ganharão um catálogo da mostra.
A programação completa está disponível no site bb.com.br/cultura

***
Com informações Sinny Assessoria e Comunicação / Assessoria da Mostra. Edição: São Paulo São.

 

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