Aleijadinho e Maria Auxiliadora abrem o ciclo de histórias afro-atlânticas do MASP

 
“Imagens do Aleijadinho“ apresenta a obra de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), uma das principais referências da arte sacra, do barroco e do rococó no Brasil, ativo em Minas Gerais de meados do século 18 ao início do século 19. 

A mostra apresenta cerca de 50 obras, que incluem esculturas devocionais de Aleijadinho, além de mapas, gravuras, fotografias, pinturas e esculturas de viajantes e outros aristas, que contribuem para a compreensão do contexto e da influência do artífice mineiro na história da arte brasileira.

O nome de Aleijadinho é comumente associado à arte produzida durante o Ciclo do Ouro (1750 – 1770) em Minas Gerais, acompanhando seu apogeu e decadência e incorporando influências do barroco e do rococó. Com a proibição da Coroa portuguesa contra o estabelecimento de ordens religiosas na Capitania, o mecenato à época coube principalmente às ordens terceiras leigas, que encomendaram boa parte da sua produção. A obra de Aleijadinho é um importante testemunho dos hábitos religiosos e culturais da sociedade mineira durante o período colonial, incluindo a religiosidade popular e as separações raciais em torno das diferentes irmandades e ordens terceiras.

Dessa forma, a exposição foca no acervo de esculturas devocionais produzido por Aleijadinho, incluindo obras pertencentes a museus públicos brasileiros, igrejas barrocas mineiras e coleções particulares. 

A atribuição autoral e o levantamento das obras de Aleijadinho foram consolidados ao longo do século 20, merecendo estudos de especialistas como Germain Bazin, Lucio Costa e Mario de Andrade, oferecendo um original modelo para pensar a arte produzida no Brasil e sua relação com os modelos europeus, indígenas e africanos. Com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tendo à frente Rodrigo Mello Franco de Andrade, a obra de Aleijadinho passou a ser redimensionada, com o intuito de desfazer uma série de lendas em torno de sua figura, que chegavam a contestar-lhe a existência.

Obra de Maria Auxiliadora abre o ciclo de histórias afro-atlânticas do Museu  

“Maria Auxiliadora: vida cotidiana, pintura e resistência“ apresenta 82 obras de Maria Auxiliadora (Campo Belo, Minas Gerias, 1935 – São Paulo, 1974), que cresceu em São Paulo, em uma família de artistas brasileiros autodidatas integrantes do movimento negro. A exposição pretende renovar o interesse na original produção da artista, ampliando as leituras sobre sua vida e obra para além dos rótulos, que comumente a associaram à arte chamada “popular”, “primitiva”, “naif” ou “afro-brasileira”.

Velório da noiva, 1974 Guache e massa de poliéster sobre tela, 50 x 100 cm Acervo MASP Crédito: Eduardo Ortega.

A exposição ocupa a galeria e o mezanino do primeiro subsolo do Museu e está organizada em seis núcleos temáticos, que agrupam as obras em “Autorretratos”, “Casais”, “Interiores”, “Manifestações populares”, “Candomblé, umbanda e orixás” e “Rural”, com base nos temas mais recorrentes de sua produção. Em suas telas, Auxiliadora confere protagonismo ao negro — que é sub-representado na história da arte brasileira em relação ao seu peso cultural e social, ou então tem sua presença personificada em tipologias fixas, como a do escravo ou do trabalhador manual. 

Maria Auxiliadora utilizou materiais diversos, como óleo, guache e acrílica, em suportes variados, como tela, cartão e chapas de made­ira. Suas composições têm cores vibrantes, com uso recorrente de padrões geométricos. 

Banhistas, 1973 Óleo sobre tela, 97,5 x 130 cm Coleção particular. Crédito: Jorge Bastos.

A partir do final dos anos 1960, Auxiliadora passa a expor suas obras na feira de artes da Praça da República, ao lado de artistas como Ivonaldo Veloso de Melo, Paulo Vladmir, Isabel dos Santos, Crisaldo de Moraes, Neuton, Isabel de Jesus. Na década de 1970, conhece o crítico de arte Mário Schemberg, que compra suas obras e a apresenta ao cônsul dos Estados Unidos, Alan Fisher. O cônsul organiza a primeira exposição individual da artista, na Galeria do USIS (serviço de informação norte-americano), no Conjunto Nacional, em São Paulo. Nessa mostra, todas as suas obras são vendidas. Ainda pela mediação do crítico, Maria Auxiliadora é apresentada ao marchand e colecionador Werner Arnhold, que introduz as obras da artista em exposições e galerias na Europa e nos Estados Unidos. A partir de então, ela ganha projeção internacional.

Cinerária, 1974 Óleo sobre cartão colado em tela, aprox. 43,5 x 63,5 cm Coleção Irapoan Cavalcanti, Rio de Janeiro Crédito: Jorge Bastos.

Serviço

Imagens do *Aleijadinho / **Maria Auxiliadora: vida cotidiana, pintura e resistência
Abertura: 9 de março, 20h
Data: 10 de março a 10 de junho de 2018
Local: primeiro andar*
Local: Galeria e mezanino do primeiro subsolo**
Endereço: Avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959.
Horários: terça a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); quinta-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30).
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.

***
Da Redação com informações do MASP.

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