‘Aprendendo com Dorival Caymmi – civilização praieira’

Esta exposição busca, a partir das canções praieiras do compositor baiano, trazer para o público a atmosfera idílica e o tempo expandido que este gênero musical inventado por Dorival Caymmi conseguiu perpetuar no imaginário coletivo do brasileiro. Para construir este território poético guardado pelabrisa do mar, pelo barulho das ondas, pela maciez da areia, pela malemolência da paisagem marítima, a exposição agrega à produção do músico outros artistas que se pautaram pela contemplação sugerida por este cenário primeiro na memória do país.
 

Cartaz da exposição. Reprodução do site.
 

O curador da mostra e do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada, selecionou artistas de gerações e origens geográficas diferentes para montar um quadro parcial do que poderia ser uma civilização praieira. “Assim, além de músicas e material visual sobre Caymmi, as 33 paisagens do marinheiro-feito-pintor José Pancetti tomam a dianteira na construção imagética de um espaço de imanência, no qual a noção de progresso faz pouco sentido. O mobiliário do carioca Sergio Rodrigues, que na década de 1950 quis fazer sua loja Oca com os pés na areia, e as ideias de Flávio de Carvalho sobre uma arquitetura, um design e uma moda ajustados para o homem dos trópicos, completam o núcleo em torno do qual se forma a exposição”, explica Miyada. Documentos, ideias, imagens e obras de outros artistas completam o percurso marcado pelo caráter sinestésico proposto pelo curador.

Além de poder ouvir as músicas de “Canções Praieiras (1954) ao longo de todo o espaço, o visitante é recebido com três autorretratos: um de Caymmi (1974) e os outros de Pancetti (1948 e 1940); fotos de Pierre Verger que, entre outras imagens, trazem um retrato de Caymmi (1946) e Pancetti pintando na areia da lagoa do Abaeté (1946-1950); capas dos dois discos, uma das quais (Caymmi e o Mar) feita pelo fotógrafo Otto Stupakoff; e o livro “Cancioneiro da Bahia”, de Caymmi.

 

‘Caymmi e o Mar’ (1957). Foto: Otto Stupakoff.

Dedicado ao Abaeté, clássico cenário caymminiano, um segmento da mostra reúne telas de Pancetti, fotos de Alice Brill, Marcel Gautherot e Pierre Verger.O conjunto mais robusto das obras de Pancetti, contudo, encontra-se em uma grande parede curva com cerca de 20 pinturas, formando um horizonte estendido pelas telas de Patrícia Leite “Ato III” (2014), “Revoada” (2014) e “Atalaia (2013). Esse panorama pode ser contemplado pelo público a partir das cadeiras de Sergio Rodrigues (Poltrona Mole, 1957) e Flávio de Carvalho (FDC1, 1939), nas quais é permitido sentar-se e contemplar a mostra. As duas fotos de Cao Guimarães da série “Gambiarras”(21001/2012)dilatam a atmosfera praiana, assim como a foto de Otto Stupakoff, que registra a Poltrona Mole no mar, já que inesperadamente as ondas tomaram a areia, e os estudos de Sergio Rodrigues para a sua confecção.

Dão continuidade ao percurso a obra de Paulo Bruscky “Abra e cheire: Este Envelope contém Cheiro da Praia de São José da Coroa Grande” (1976) que dialogam com outras obras de Pancetti; vídeos de Nelson Felix “Método Poético para Descontrole da localidade” (2008/20013) e “Gênesis” (1985/2014); fotos da Fazenda Capuava, feitas por Nelson Kon (2012), local onde nasceu a cadeira FDC1 de Flávio de Carvalho, além de fotos do próprio artista publicadas com seu traje de “homem dos trópicos”, bem como trechos de “A Cidade do Homem Nu”, texto que versa sobre uma cidade criada para os trópicos e que se tornou mote para convidar os artistas Leda Catunda, Cristiano Lenhardt, Cadu, Rafael RG, Bel Faleiros e Fabio Moraisa criarem uma nova obra (em suporte tamanho A1, típico de projetos de arquitetura) para a mostra.

Um dia antes da abertura de “Aprendendo com Dorival Caymmi: Civilização Praieira”, 1 de março, os músicos Arthur Nestrosvski e Guilherme Wisnik darão uma aula show sobre o compositor que será filmada e transformada em vídeo a ser também exposto. E, para que o público possa mergulhar ainda mais neste universo praieiro, o Instituto Tomie Ohtake preparou uma brochura para os visitantes acompanharem a exposição, com muitos textos sobre os artistas, suas histórias, obras e produções.  

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Fonte: Instituto Tomie Ohtake.

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