Augusto de Campos ganha sua maior mostra individual no Sesc Pompéia

Aos 85 anos e em plena atividade poética, artística e intelectual, Augusto de Campos ganha a maior exposição individual de sua carreira, que completa 65 anos em 2016. De 5 de maio a 31 de julho, o Sesc Pompeia apresenta “REVER_Augusto de Campos”, realizada em parceria com o ICCo – Instituto de Cultura Contemporânea e com curadoria de seu diretor artístico Daniel Rangel.
 
 
Augusto de Campos. 2ª via, 1984. Divulgação.

A mostra explora o conceito verbivocovisual da obra de Augusto de Campos – termo criado pelo escritor irlandês James Joyce que destaca a materialidade do poema em todas suas dimensões, não apenas semântica, mas também sonora e visual. São poemas que saem das publicações e se transformam em serigrafias, objetos, esculturas, colagens, instalações, áudios, animações e vídeos em 3D.

“A ideia de REVER é criar um ambiente imersivo com os poemas, sejam esses escritos, falados, desenhados, esculpidos ou projetados. Uma ‘invasão’ poética e visual de Augusto de Campos, onde a palavra é expandida para além dos limites dos livros”, explica Daniel Rangel.

A seleção de obras, que conta com cerca de 75 trabalhos, tem como ponto de partida os quatro livros de poesia do autor – Viva Vaia (1979) Despoesia (1994), Não (2003) e Outro (2015) –,  além de peças sonoras e audiovisuais produzidas por ele ao longo de sua trajetória. Há ainda manuscritos e documentos originais, que serão exibidos pela primeira vez.

Ao mesmo tempo em que tem um caráter histórico, ao percorrer de forma cronológica a carreira de Augusto de Campos, “REVER” é também inovadora, pois apresenta ao público novas leituras para muitos de seus trabalhos.

Viva Vaia (1972), por exemplo, será apresentada como uma escultura penetrável em MDF, aço e tinta acrílica eCódigo (1973), uma escultura em chapa de PVC, aço e madeira. Amortemor (1970) e Vida (1957) ganham versões instalativas e poemas como O Pulsar (1992), Poema Bomba (2003) e Rever (2003) serão exibidos em uma sala especial com versões em 3D, assim como o poema Cidade/City/Cité (1963) que, desde sua criação, vem ganhando novas versões – tendo sido o primeiro trabalho eletrônico de Augusto, em 1975 – que também terá na mostra uma releitura em LED.

Augusto de Campos, Sol de Maiakóvski, 1982-1993. Imagem: Divulgação.

Outro destaque de “REVER”, a área compreendida pelo gabinete reúne extenso material de Augusto de Campos, desde exemplares de seus poemas-objetos, protótipos de obras como Poemóbiles (1974), publicações comExpoemas (1985), Caixa Preta (1975), edições da revista Noigandres (de 1952 a 1962) – criada por Augusto, Haroldo de Campos e Décio Pignatari –  e ainda manifestos, fotografias e objetos produzidos desde os anos 1950. Além das colagens originais dos Popcretos (1964-1966), mostradas pela primeira e única vez na Galeria Atrium, em São Paulo, em 1964, também estão entre as obras.

“A mostra busca exibir um amplo panorama de sua produção, interpretar sua poesia em diversos suportes visuais e sonoros, e inserir sua obra, já consagrada no meio literário, no âmbito das artes visuais, definitivamente”, diz o curador.

Para Augusto de Campos, “REVER” é ao mesmo tempo uma exposição retrospectiva e prospectiva. “Exposição retrospectiva porque abrange obras que representam todas as etapas da minha poesia, que faz parte do acervo histórico da poesia concreta. Mas exposição prospectiva, também, porque procura acentuar alguns dos trabalhos que mais se alinham ao programa verbivocovisual, projetando-se em meus últimos experimentos com a linguagem computacional. Não sei se o que faço é ainda poesia concreta. Fiquei talvez mais ‘pop’. Mas sempre ‘verbivocovisual’”, afirma o artista-poeta.

A mostra contará também com programação integrada à exposição, aprofundando a discussão entre as linguagens relacionadas à obra do Augusto de Campos, à poesia concreta e à poesia visual em suas diversas facetas – a saber, música, literatura e artes visuais. Uma equipe de educadores desenvolverá ateliês, oficinas, visitas orientadas e encontros com professores durante todo o período da mostra.

Augusto de Campos, Pós-tudo, 1984. Imagem: Divulgação.
 
Sobre Augusto de Campos

Nascido em São Paulo, em 1931, é poeta, tradutor, ensaísta, crítico de literatura e música. Sua bagagem literária registra numerosas publicações, de 1951 a 2014. Com Haroldo de Campos e Décio Pignatari, lançou em 1952 o livro-revista Noigandres, origem do grupo literário que iniciou o movimento internacional da Poesia Concreta no Brasil. Em 1953, produziu a série de poemas em cores, Poetamenos, primeira manifestação da poesia concreta brasileira. Em 1956, participou da organização da 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta, no Museu de Arte Moderna, em São Paulo, e a partir de então seus trabalhos foram incluídos em diversas exposições nacionais e internacionais de poesia concreta e visual e em antologias editadas no exterior como as publicações “Concrete Poetry: an International Anthology”, organizada por Stephen Bann (London, 1967), “Concrete Poetry: a World View”, por Mary Ellen Solt (University of Bloomington, Indiana, 1968), “Anthology of Concrete Poetry, por Emmet Williams” (NY, 1968) entre outras. Sua produção poética, iniciada em 1951, com o livro O Rei Menos O Reino, está reunida principalmente em Viva Vaia (1979), Despoesia (1994) e Não (2003), além de Poemóbiles e Caixa Preta, coleções de poemas-objetos, em colaboração com Julio Plaza, publicados em 1974 e 1975, respectivamente. Sua produção vem influenciando gerações de artistas, seja do campo da literatura, artes visuais ou mesmo da música. Augusto foi fonte de inspiração para nomes com Caetano Veloso, Arrigo Barbané, Percicles Cavalvanti, Walter Franco, Cid Campos, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto, Lenora de Barros e Marilá Dardot, entre tantos outros.

Augusto de Campos, Espelho, 1993. Imagem: Divulgação.

Serviço

Exposição “REVER_Augusto de Campos”, com curadoria de Daniel Rangel.
Datas e horários: De 5 de maio a 31 de julho de 2016. De terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 19h.
Local: Sesc Pompeia, Rua Clélia, 93 – Pompéia.
Entrada gratuita.

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Fonte: InfoArtSp.

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