Bicicleta pode gerar uma economia de 513 bilhões de euros por ano na Europa, diz relatório

Com cada vez menos espaços para acomodar tantos automóveis e com os níveis de poluição ultrapassando os limites legais estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), argumentar em prol de mais infraestrutura para bicicletas parece até óbvio. Porém, para estimular políticas integradas na União Europeia, a Federação Europeia de Ciclistas (ECF) divulgou um novo relatório mostrando que o ciclismo gera 513 bilhões de euros por ano aos 28 Estados-membros.

Para chegar a essa soma, o documento vê possíveis ganhos econômicos por meio de 22 aspectos divididos em nove setores:

Meio ambiente e clima
Economia
Questões sociais,
Energia e recursos
Tecnologia e design
Mobilidade
Saúde
Tempo e espaço
Diversidade cultural

Alguns valores são baseados em evidências concretas, como a economia de 2,2 bilhões de euros com a mitigação de CO2, outros baseados em dados disponíveis – 39 bilhões de euros em benefícios diretos à saúde ou 44 bilhões de euros em turismo, 30 bilhões de euros em saúde mental e 30 bilhões de euros em bem-estar infantil.

Em entrevista ao Cities Today, um dos autores do relatório, Holger Haubold, ressaltou que existem muitos outros benefícios além do econômico. “Mais financiamento deve ser atribuído à bicicleta, pois é um meio de transporte eficiente em termos de custos, enquanto outros incentivos fiscais poderiam incentivar o pedal ao trabalho. As bicicletas elétricas devem ser incluídas nas estratégias de eletromobilidade. Por último, a promoção do cicloturismo e da infraestrutura para isso são essenciais, uma vez que a procura aumenta a um ritmo acelerado”.

A pesquisa da ECF considera, com base em estatísticas, que os europeus pedalam cerca de 134 bilhões de quilômetros por ano. Esse valor foi o utilizado para os cálculos dos benefícios econômicos. Segundo um levantamento encomendado pela Comissão Europeia e realizado em 2014, 8% da população da União Europeia usa a bicicleta como meio preferido de transporte.

O trabalho aponta alguns setores que ainda necessitam de mais pesquisas qualitativas e quantitativas para identificar benefícios. “Olhar para os benefícios da bicicleta de uma maneira integrada também irá ajudar a moldar uma política integrada com stakeholders de todas as áreas relevantes”, disse Haubold. “Benefícios para a saúde têm a maior parcela no nosso cálculo, com grande potencial para ajudar as pessoas a viverem mais e ter vidas mais saudáveis, uma maneira dos governos economizarem dinheiro para sistemas públicos de saúde.”

Um estudo feito também pela ECF estimou que o setor cicloviário emprega cerca de 650 mil pessoas na Europa. Se a participação da bicicleta na divisão modal do continente dobrasse, o setor poderia criar até 400 mil novos empregos, garantindo trabalho para mais de 1 milhão de pessoas.

No Brasil, esses cálculos ainda não foram feitos cientificamente, porém já se detectou que, com melhor infraestrutura, uma grande parcela dos brasileiros estaria disposta a substituir o carro pela bicicleta. Pesquisa feita pelo Ibope Inteligência, em 2015, mostrou que 44% dos paulistanos fariam essa troca. Além disso, os indicadores europeus podem variar em relação aos brasileiros, mas o país também só tem a ganhar em questões de saúde pública, poluição do ar e mobilidade urbana com o aumento do ciclismo.

***
Por Paula Tanscheit no The City Fix Brasil.

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