Centro LGBT inaugurado na Zona Leste homenageia travesti morta

Em junho de 2015, a Avenida Nordestina, em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, foi notícia por ter sido o local da morte da travesti Laura Vermont. Um ano depois, a avenida do extremo da Zona Leste recebe o Centro de Cidadania LGBT “Laura Vermont”, o primeiro da região e o terceiro de São Paulo.

“Ela está viva entre nós. Está sendo muito emocionante”, disse Zilda Laurentina, mãe de Laura, presente na inauguração. Para ela, se o local existisse há mais tempo, “teria evitado muita coisa” e o destino da filha poderia ter sido diferente. “Precisou a Laura partir para vir para cá  [o centro]”.

O prefeito Fernando Haddad compareceu ao evento. “Com isso a gente pretende dar um suporte para a comunidade LGBT que está sofrendo muita intolerância. A intolerância aumentou muito, de forma muito preocupante. De alguns anos pra cá”.

O trabalho de combate à homofobia ainda é mais difícil em regiões afastadas. “A gente tem muitas dificuldades na região periférica, as vezes as denúncias não chegam, as vezes os casos de homofobia não chegam, então é importante ter esses equipamentos descentralizados, disse o secretário municipal de Direitos Humanos, Felipe de Paula.

O professor Jonathan Ribeiro, de 27 anos, é da região e sente isso na pele. “A gente sofre em qualquer região, mas aqui a gente sofre muito mais. Agora a gente tem para onde correr”.

O novo espaço teve um investimento de R$ 497 mil. Também foi inaugurada uma unidade móvel, que além dos serviços do Centro oferece teste rápido do vírus HIV, da Aids. Para a unidade móvel, a Prefeitura gastou R$ 112,8. Depois das unidades do Centro e da Zona Sul, este foi o terceiro. Até dezembro estão previstos mais dois.

Funcionamento

O Centro de Cidadania funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 21h. O local oferece atendimento psicológico, assessoria jurídica, assistência social e encaminhamento para políticas públicas da Prefeitura de São Paulo.

A unidade móvel irá percorrer a Zona Leste de quarta a domingo, das 18h às 23h. O veículo irá principalmente em portas de bares e boates da região.

A morte de Laura Vermont

Laura Vermont morreu na madrugada do dia 20 de junho de 2015. O sargento Ailton de Jesus, de 43 anos, e o soldado Diego Clemente Mendes, de 22 anos, foram acionados para apartar a briga entre Laura e outra travesti na Avenida Nordestina, em Itaquera. Quando tentavam conter o tumulto, Laura teria entrado no carro da polícia e dirigido até bater em um muro. O corpo dela foi encontrado esfaqueado e com um tiro no braço.

Cinco suspeitos foram presos. Eles teriam brigado com a travesti, mas em agosto do ano passado a Justiça revogou a prisão alegando que “não havendo indícios de que os acusados tenham procurado furtar-se à sua responsabilização criminal ou prejudicar a instrução probatória, pois confessaram a prática do delito e individualizaram suas condutas, entendo cabível a substituição da custódia preventiva pelas seguintes medidas cautelares”.

A travesti Laura Vermont postou esta última foto no Facebook na sexta-feira (19). Foto: Reprodução/Facebook.

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Paula Paiva Paulo no G1 em São Paulo.

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