Cerca de 100 bateristas tocam juntos em SP, entre eles menino de 3 anos

Músicos apresentaram setlist de Bruno Mars à Megadeth no Ibirapuera. Garoto tem doença degenerativa e toca bateria para auxiliar no tratamento.

O Parque Ibirapuera trocou o barulho dos pássaros pelo “groove” de mais de cem bateristas neste domingo (9) em São Paulo. O evento, organizado pelo projeto “Bateras 100% Brasil”, começou por volta das 12h de um dia de céu claro. Com as baquetas sincronizadas, os músicos, entre eles um menino de 3 anos, apresentaram um setlist de 11 músicas que iam de Bruno Mars à Megadeth, de Jota Quest à Daft Punk.

Na passagem de som, os músicos tocaram uma composição própria do projeto (iniciado em 2000) chamada de “Groove Tribal”. Em sequência, foram direto para o Rock n’Roll, com “We Will Rock You”, da banda Queen. Eles apresentaram também “Satisfaction”, dos Stones, You Shook  Me All Night Long, do AC/DC. Os celulares de espectadores registraram tudo.

No início do projeto, há 15 anos, eram 64 bateristas. Hoje, foram 460 inscritos para tocar, mas nem todos compareceram. Cinco músicos experientes ficam sobre o palco fazendo o papel de “maestros” dos centenas de bateras. Um deles é Leandro No, de 39 anos, das bandas Dano e Freak Fur. “O mais legal é ver a mistura do pessoal. Este é o 10º projeto que eu participo e sempre tem gente de todo o tipo”, contou.

Pedro, de 3 anos, começou a tocar bateria quando tinha apenas 1. Ao lado da mãe, a pianista Leane Fonseca, ele descobriu a Mucopolissacaridose (MPS). A doença deveria afetar a coordenação motora, mas a mãe garante que Pedro está usando o instrumento a seu favor. “Ele faz os ritmos do jeito dele, mas agora ele começou já com algumas músicas mais concretas. Ele nunca fez aula, é coisa dele mesmo. E a gente acha legal estimular, porque ele tem uma doença chamada MPS, que é degenerativa, que a criança vai atrofiando os nervos e os músculos, e vai perdendo os movimentos”.

Pedro é baterista desde o 1º ano de idade. Foto: Carolina Dantas/G1.

 

Já o pai Fábio Ricardo Lucila, de 40 anos, trouxe o filho João Vitor, de 8 anos, para curtir o som. Fábio é guitarrista e tentou ensinar o instrumento para o filho, mas a preferência é outra. “Ele até se interessou por aprender guitarra, mas o negócio dele é bateria mesmo”.

Raridade foi assisti ao cantor da banda no fundo do palco. Murilo Lima, de 46 anos, foi quem assumiu o microfone das músicas e disse não se importar por estar atrás. “Os protagonistas hoje são os bateristas. Esse evento que o Dino promove é uma coisa incrível. Pra nós, fazer parte disso é uma honra, um prazer ficar atrás. Eu poderia ficar embaixo do palco que estaria lindo”.  E completou: “Na verdade, a bateria é aquele coração da banda, é o que pulsa. Quanto mais, melhor”.

Dino Verdade, 47 anos, é um dos organizadores do evento e disse que é um trabalho imenso contatar todos os músicos. “Demora um bom tempo para organizar, chamar todos os bateristas, ensaiar a banda, mas eu vou te falar que é um trabalho muito recompensador, ver os pais cantando com os filhos, as criancinhas, as pessoas mais velhas”.

O prefeito Fernando Haddad (PT) e o secretário municipal da Cultura, Nabil Bonduki, também compareceram ao evento. Discretos, curtiram o som entre a multidão. “Foi uma primeira edição de uma ideia que provavelmente vai se transformar em uma bienal de percussão. A música em São Paulo está acontecendo com muita força.”, disse o prefeito. Sobre começar a tocar bateria, o prefeito disse “eu vou continuar no violão, que eu já tenho grande dificuldade”.

Carolina Dantas e Paulo Castilho do G1 São Paulo.

 

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