Segundo tradição no nosso país tropical, o ano começa verdadeiramente depois que o rei Momo faz o seu último desfile e pendura a fantasia.
Em São Paulo, com o crescimento dos Blocos, a farra teve início na semana passada, dando uma amostra de como serão os dias de festa. O ressurgimento do Carnaval de rua paulistano não aconteceu de repente. Alguns dos maiores blocos deste ano já desfilam há pelo menos meia década. Com o passar do tempo, a festa foi aumentando.
Certamente haverá alternativas de diversão para quem quiser, sob os mais distintos ritmos, alegorias e motivações.
O Sambódromo está pronto para receber os desfiles das escolas de samba; as agremiações fizeram os trabalhos que lhe cabem e, cada uma, encontra-se pronta para viver os minutos de glória com profissionalismo, desenvoltura, alegria, criatividade, muita ginga e com a certeza que será a campeã.
Em outros palcos, as ocupações dos espaços públicos democratizam a farra, tornam as celebrações menos mercantis, e oferecem possibilidades de encontros inimagináveis. Afinal, a origem do Carnaval está na rua.
Alguns blocos tradicionais se mantiveram firmes no interior do Estado, como em São Luiz do Paraitinga. Depois, a tradição foi sendo restabelecida na capital. Em 2009, a primeira nova leva de blocos começou a desfilar pelas ruas paulistanas e a ocupação se tornou crescente.
Não obstante e respeitando quem preferir ficar quietinho, a partir desta sexta-feira os paulistanos originais e todos os que aqui estivem, terão a oportunidade de celebrar, juntos e misturados, uma convivência que tomara seja pacífica, respeitosa e que valorize as diversidades da nossa gente.
Estivemos longe da rua por tempo demais e essa retomada dos espaços públicos é importante demais para a fruição da cidade e para o crescimento das pessoas. Afinal, depois que o Carnaval passar, teremos que cuidar da vida como ela é sem máscaras nem fantasias. Por aqui, fico. Até a próxima.
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Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Escreve às terças-feiras no São Paulo São.