Consultei os meus botões e conclui que o jovem devia ser muito determinado para se arriscar daquela maneira ou deixou que a sorte decidisse por ele.
Prefiro confiar na primeira hipótese, porque ela nos dá o poder e a responsabilidade de decidir e assumir o bônus e as perdas pelas escolhas que fazemos a cada instante.
Sim, um segundo muda tudo. No caso do corajoso entregador de refeições – deduzi isso por ele carregar a conhecida bolsa quadrada nas costas -, a decisão foi bem sucedida.
Pela sua atitude, ele ganhou alguns minutos e deve ter garantido a chegada mais rápida do pedido o que, talvez, tenha deixado o cliente ou a cliente feliz.
Tomara que o seu retorno para a base tenha sido mais contido, porque ao pilotar a sua bicicleta, o mínimo que o bom senso exige é o respeito às normas de circulação veicular e a preferência pelo uso das pistas exclusivas, dentre outros cuidados conhecidos.
E aqui lembro de algumas regras básicas sobre o que o ciclista não pode fazer, segundo legislação em vigor e que pouca gente se lembra:
– Levar passageiro fora da garupa.
– Transportar crianças sem “condições de cuidar de sua própria segurança” ou ainda “carga incompatível com suas especificações”.
– Fazer “malabarismo”, como empinar ou andar sem as duas mãos no guidão. Ao ciclista só é permitido tirar a mão do guidão quando este for fazer alguma sinalização a veículos, como para indicar que irá virar ou parar
– Andar com a bicicleta “de forma agressiva” ou em “passeios onde não seja permitida a circulação desta.”
Segundo o CTB, bicicletas não podem circular em rodovias e “vias de trânsito rápido” – que são as grandes avenidas dedicadas a fluxo intenso, sem cruzamentos, entrada e saída de garagens ou faixas de pedestre –, e em calçadas (com a exceção de calçadas sinalizadas a serem compartilhadas com pedestres, onde o ciclista deve descer e empurrá-la). Bicicletas devem circular em ciclovias (proibidas a pedestres), ciclofaixas ou acostamentos.
Na ausência desse tipo de via, ciclistas podem andar em ruas e avenidas no sentido dos carros (nunca na contramão). Em vias com mais de uma faixa, o ciclista deve optar pelas faixas laterais. Órgãos de trânsito recomendam andar no centro da faixa lateral, como veículos, em razão da visibilidade.
Então, sempre vale relembrar o slogan: “No trânsito, somos todos pedestres”. Nesse sentido, e como dica aos cidadãos brasileiros e paulistanos, é imprescindível honrar a cada segundo as regras de tráfego, a fim de garantir milhares de idas e vindas tranquilas nesta cidade que está engatinhando na inclusão de bikes e ciclovias como opções seguras e viáveis de mobilidade urbana. Por aqui, fico. Até a próxima.
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Leno F. Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Escreve às terças-feiras no São Paulo São.