As obras para implantação da ciclovia da Avenida Rebouças começaram oficialmente no início do mês. As pistas ficarão junto às calçadas, sem remoção de faixas automotivas.
A nova estrutura terá 3,4 km e prevê conexões com as ciclovias das avenidas Paulista, Henrique Schaumann/Brasil, Faria Lima e Rua da Consolação. Além disso, ela estará integrada às estações de Metrô, ao Terminal Pinheiros, aos parques e unidades de saúde da região.
A ciclovia será implantada dos dois lados da pista, junto à calçada, sem remoção das faixas para carros, o que tranquiliza os motoristas – a Avenida Rebouças é uma das mais congestionadas da capital.
De acordo com a prefeitura de São Paulo, o serviço começa com a reforma de guias e sarjetas no sentido centro-bairro, e deverá ser concluído em 60 dias. Posteriormente, o sentido bairro-centro passará pelas mesmas intervenções.
Ciclistas, no entanto, flagraram obras de interligação da ciclovia da Rebouças com aquela da Avenida Paulista em andamento, na altura da Praça do Ciclista.
Expectativas
Apesar da demora – foi em 2017 que as entidades Bike Zona Oeste, Câmera Temática da Bicicleta, Cidadeapé e Ciclocidade trataram da pauta junto à secretaria de mobilidade e à CET, a expectativa é de que o investimento agregue, sobretudo, em segurança.
A quantidade de acidentes de trânsito caiu com a expansão da malha cicloviária. Só na Zona Oeste, o número de acidentes em todos os modais caiu 38% em média, por ano, nos trechos onde foram implantadas ciclofaixas e ciclovias.
De acordo com o último relatório anual de acidentes de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a Avenida Rebouças teve 43 acidentes com vítimas em 2019, sendo 10 atropelamentos. O número representa um crescimento de 53,5% em relação aos 28 acidentes com vítimas registrados em 2018 no mesmo percurso. O mesmo levantamento indicou que o cruzamento com a Faria Lima é um dos 15 mais perigosos da cidade.
Nas redes sociais, os ciclistas comemoram o início das obras. Entre os motivos, o grupo de cicloativistas Bike Zona Oeste afirmou que esta será a primeira conexão bairro-centro da região, com potencial para se conectar à Marginal Pinheiros e à Avenida Eliseu de Almeida. Eles ainda defendem que o aclive da avenida vai obrigá-los reduzir a velocidade, garantindo maior segurança para eles mesmos.
“Demorou bastante, mas vai funcionar. O ‘espaço sagrado’ do carro será preservado e creio que será como a ciclovia da Rua da Consolação, que funcionou muito bem e onde os acidentes desmoronaram, com nenhuma morte desde a instalação”, disse Sasha Hart, pesquisador e conselheiro da Câmera Temática da Bicicleta.
Para ele, o cuidado deverá ser com a fiscalização e com a instalação de tachões, para delimitar o espaço dos motociclistas e evitar que a ciclovia seja invadida por carros para embarque e desembarque.
173 km de conexões
A Prefeitura de São Paulo afirma que até o fim deste ano, a malha cicloviária de São Paulo vai ganhar 173,5 km em conexões e 310 km de requalificações. Os investimentos são da ordem de R$ 325 milhões.
Em fevereiro, a gestão Bruno Covas (PSDB) voltou a ampliar a malha cicloviária da capital após 3 anos sem novas estruturas. Caso a promessa seja cumprida, a capital vai somar 676 km de pistas dedicadas às bicicletas.
Paralelamente, além da meta para este ano, há um projeto para criar mais 1.420 km de ciclovias até 2028.
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