Cidade, saúde e pessoas: programa avalia bem-estar também no espaço de trabalho

O programa Fitwel (Facility Innovations Toward Wellness Environment Leadership), criado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças e a Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos, é um certificado que possibilita a avaliação de espaços de trabalho em edifícios existentes e como esses podem ser melhorados através de projetos que visam a saúde das pessoas. Ele é voltado para empresas que procuram, além de melhorar a qualidade de vida de seus empregados, garantir melhor performance e produtividade e reduzir custos com seguros médicos e faltas por motivos de saúde.  

O Fitwel é composto por sete categorias que ilustram os impactos positivos relacionados à saúde nos espaços de trabalho, são elas:

  • impacto na saúde da comunidade;
  • redução de morbidade e abstenção no trabalho;
  • estímulo ao bem-estar;
  • igualdade social para população vulnerável;
  • oferta de opções de alimentação saudável;
  • garantia de segurança dos usuários;
  • incremento de prática de atividade física.

Para conseguir o “selo” de espaço de trabalho saudável e adequado é necessário cumprir alguns quesitos das categorias mencionadas. Cada quesito tem um valor específico, baseado em evidências científicas, e a pontuação final é resultado das estratégias adotadas.

A ferramenta ainda está em desenvolvimento, mas poderá ser acessada online por qualquer pessoa que deseja realizar a avaliação. Geralmente é utilizada por gerentes das empresas em conjunto com a equipe de recursos humanos, já que apresenta questões técnicas, resultando em considerações para a melhoria da saúde dos trabalhadores no edifício. Além disso, o Fitwel traz um plano de como colocar as questões analisadas em prática: ele pode indicar tanto diretrizes para a construção ou reforma física do local de trabalho quanto estratégias relacionadas aos padrões alimentares dos empregados e políticas da empresa.

Inicialmente, o programa está focado em ambientes de trabalho, baseado no pensamento que a arquitetura, o design, a localização, entre outros fatores, influenciam diretamente a qualidade de vida e produtividade do usuário quando bem desenhados. O Fitwel já traz especulações sobre como expandir a pesquisa para além do espaço de trabalho: o programa quer analisar a infraestrutura das cidades e entender como ela impacta diretamente a qualidade de saúde e bem-estar das pessoas na sua relação com a cidade.

Rampa do Conjunto Nacional. Foto: Paulista Cotidiano / WordPress.

Para citar alguns exemplos do impacto do desenho das edificações nas nossas escolhas do dia-a-dia basta lembrar que, atualmente, é comum se deparar com elevadores e escadas rolantes logo na entrada dos edifícios, o que nos leva a usá-los ainda que o nosso destino seja o segundo ou terceiro pavimento. No entanto, essa lógica pode ser invertida com a implantação de escada comum e atrativa que desperte a vontade dos usuários de subir alguns andares de maneira ativa e saudável, economizando energia e gastando calorias. É necessário que o desenho dos edifícios apresentem opções de como se deslocar em seu interior.  

Há uma relação intrínseca entre o desenho dos edifícios e o desenho das cidades: ambos devem garantir o bem-estar e a possibilidade de escolha para seus cidadãos. Os ambientes de trabalho podem influenciar na escolha de hábitos de vida, fator atrelado ao desenho dos seus espaços. Há algumas medidas que auxiliam a promover saúde e bem-estar, como cozinha comunitária para incentivar alimentação saudável; local para estacionamento de bicicletas, assim como vestiários; localização próxima ao transporte público. O Centro Cultural São Paulo e o Conjunto Nacional são exemplos que promovem o encontro das pessoas a partir da conexão através de rampas nos pavimentos de convivência. Além disso, há exemplos de espaços de coworking, que ressignificam o espaço de trabalho e promovem relações sociais e troca de experiências.

 Área de convivência do Centro Cultural São Paulo. Foto: Divulgação.A certificação Fitwel é um passo em direção à criação de espaços de trabalho mais interessantes e saudáveis, construídos de maneira colaborativa. A mudança de estilo de vida no trabalho tem impacto positivo na saúde física e mental das pessoas e traz também benefícios para as cidades. No Brasil, é possível adotar algumas estratégias para incentivar a mudança de hábito do empregado, como trocar vagas de estacionamento de veículos por bicicletário, oferecer descontos em academia e investir em espaços para atividade física no próprio ambiente de trabalho.

O impacto positivo na saúde e produtividade do usuário está relacionado com diversos fatores: diminuição do nível de estresse ao não passar horas no trânsito, disposição elevada a partir da prática de atividade física e prevenção contra doenças crônicas como hipertensão e diabetes, economia no orçamento familiar com uso do transporte ativo e coletivo, entre outros. Cidadãos mais saudáveis se apropriam dos espaços públicos, se deslocam de forma mais ativa e sustentável, tendem a zelar por esta rede de espaços que utilizam e a se engajar de forma mais ativa na transformação de suas comunidades.

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Por Cidade Ativa em artigo publicado originalmente no Mobilize.

 

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