‘Cineclube das Outras‘: um novo espaço na cidade para conhecer e debater a produção audiovisual feminina

É nesse contexto que surge em São Paulo o “Cineclube das Outras”, um espaço coletivo para conhecer e debater a produção audiovisual de mulheres, com foco em Outras narrativas: de mulheres, negras, indígenas, LGBTs, migrantes, grupos subalternizados cuja voz soa cada vez mais alta nesta sociedade dominada por uma elite homens brancos heterossexuais. A iniciativa voluntária é de um grupo de diferentes gerações e atuações – integrantes da Taturana Mobilização Social, da Associação Cultural Kinoforum, da produtora Doctela, do 8M Brasil e do Outras Palavras.

A sessão inaugural traz três produções recentes de curta-metragem sobre violência

“Quem matou Eloá?”, documentário de Lívia Perez (SP), parte do caso de Eloá Pimentel, de 15 anos, durante cinco dias mantida refém pelo ex-namorado Lindemberg Alves, de 22 anos, para fazer uma análise crítica sobre a espetacularização e a abordagem da violência contra a mulher pela televisão – um dos motivos pelos quais o Brasil é o quinto no ranking mundial de feminicídio. O filme foi indicado a melhor curta-metragem documentário no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2017. Lívia Perez estará presente no bate-papo sobre os filmes, após a exibição.

“Do portão para fora”, de Letícia Bina (SP), também um documentário, narra a vida de Jaqueline ao sair da prisão: ela recomeça sua vida no lugar onde cresceu, torna-se mãe pela segunda vez e divide seu tempo entre o trabalho e a casa. Letícia e Jaqueline também estarão presentes no debate.

Cena do filme “Do portão para fora“ (2016) de Letícia Bina.

Já “Estado Itinerante”, de Ana Carolina Soares (MG), é uma ficção que traz a personagem Vivi, uma cobradora de ônibus que procura escapar de uma relação opressora e se fortalece com o trabalho e o apoio de outras cobradoras. A diretora não estará no debate por morar fora de São Paulo.

Cena do filme “Estado itinerante“ (2016), de Ana Carolina Soares.

O cineclube não conta com financiamento, a não ser a eventual contribuição voluntária das pessoas que comparecerem à sessão e alguns trocados da venda de bebidas no bar, para custear o uso do espaço. Os filmes foram cedidos gratuitamente por suas diretoras, mas a ideia é, futuramente, quando o cineclube crescer, ajudar a remunerar tanto os curtas, quanto as debatedoras que se engajam em discutir as obras conosco – fortalecendo e valorizando assim o espaço, o debate e a cadeia envolvida na distribuição de filmes.

O “Cineclube das Outras” vem se somar a iniciativas semelhantes espalhadas pelo país: Feministas de Quinta (ES), Quase Catálogo  e Cineclube Delas (RJ)  , o Cineclube Feminista do Coletivo Matilde Magrassi (periferia de São Paulo e Guarulhos), e as sessões de cinedebate organizadas pel SOF (SP), entre outras. Isso, ao lado de núcleos de mulheres cineastas como o Coletivo Vermelha (SP), o Grupo das Mulheres no Audiovisual, o Grupo das Mulheres Negras no Audiovisual, a Afroflix, as Elviras e outras tantas existentes por aí.

O cineclube está aberto a pessoas e grupos ou entidades que queiram somar esforços. Estão todxs convidadxs!

Serviço

Cineclube das Outras – sessão inaugural dia 23 de março.
Rua Conselheiro Ramalho, 945, Bixiga, São Paulo.
19h: Abertura da casa.
19h30: Exibição dos curtas-metragens.
“Quem matou Eloá?”, de Lívia Perez (SP) – Documentário 24.24 min.
“Estado Itinerante”, de Ana Carolina Soares (MG) – Ficção 25 min.
“Do portão para fora”, de Letícia Bina (SP) – Documentário 16.4 min.
20h30: bate-papo com Lívia Perez, Letícia Bina e Jaqueline.

***
Por Inês Castilho e Livia Almendary no Outras Palavras.

 

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