“Como Nossos Pais” da paulistana Laís Bodanzky, vence Festival de Cinema Brasileiro de Paris

O prêmio é o único concedido no evento que divulga o cinema brasileiro na França. A diretora não estava presente na premiação, mas enviou um vídeo de agradecimento à organização. “Claro que estou muito feliz. Estou em Bruxelas para uma sessão de pré-estreia do filme. Queria estar aí com vocês, comemorando, brindando. Faço esse brinde à distância”, declarou Laís Bodanszky.

Como Nossos Pais” fala da perpetuação do machismo e da luta pela emancipação da mulher na sociedade brasileira. No papel de Rosa, que se aproxima dos 40 anos, Maria Ribeiro encarna a personagem central. A obra propõe uma reflexão sobre os papéis e os conflitos de muitas mulheres a partir do universo familiar.

Em entrevista à RFI, a atriz declarou que o filme traz uma abertura para reavaliar os códigos de uma sociedade com uma estrutura tradicionalmente machista. “A gente ainda vive em uma sociedade patriarcal. Os países colonizados vivem isso de uma forma ainda mais brutal. Eu consigo dividir com meu marido as crianças. Mas ainda é desigual. Eu brinco: grupo de whatsapp, só tem mães. É inacreditável. A mulher ainda sofre muito preconceito. A gente ainda ganha menos, é mais assediada, sofre machismo inclusive de mulheres. Eu brinco que eu sou machista. Eu prefiro dizer que eu sou machista e estou tentando deixar de ser do que fingir que isso não existe.”

Lançado na Mostra Panorama na Berlinale, Festival de Cinema de Berlim, o longa realiza um percurso internacional, com exibições na França, onde já tem distribuição garantida, na Bélgica, além de célebres festivais de cinema. “Como Nossos Pais” estreia no dia 31 de agosto nos cinemas brasileiros.

19a edição do festival

O Festival de Cinema Brasileiro de Paris é realizado desde 1998. A 19a. edição homenageou o Tropicalismo, movimento que revolucionou e renovou a música brasileira com nomes como Torquato Neto, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Os Mutantes e Tom Zé.

No total, 20 filmes foram exibidos, sendo 11 documentários e 9 ficções, entre eles, o aclamado “Gabriel e a Montanha”, que conquistou o público e a imprensa no Festival de Cannes, do diretor Fellipe Barbosa, e “Elis”, de Hugo Prata, cinebiografia da cantora Elis Regina.

Em entrevista à RFI, a diretora do evento, Katia Adler, explicou que esta edição do festival foi “um pouco menor” devido à “problemas de captação de recursos”. “É um momento complicado no Brasil”, afirmou.

Mas, para ela, o cinema brasileiro vive uma boa fase. “A gente está em um caminho muito bom. Cada vez fazendo mais filmes para festivais internacionais, mas também para distribuição internacional e dentro do Brasil. É sempre um problema distribuir filmes de autor e independentes no nosso país. Há muitas salas sendo feitas, e eu espero que a gente consiga que este ano haja mais público no Brasil.”

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Com informações RFI / Radio France Internacional.

 

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