Da Redação / FNA.
Com um ritmo de vida cada vez mais acelerado, o deslocamento de pessoas de forma eficiente se faz essencial, principalmente nas grandes metrópoles. No Brasil, a mobilidade urbana e o transporte público disponíveis não condizem com a necessidade da população. Ônibus, metrô e outros transportes coletivos são usados por milhões de brasileiros todos os dias, entretanto, são necessárias mudanças para alcançar mais cidadãos e contribuir para a redução do uso de transportes individuais.
Uma pesquisa realizada em 2023, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 2.019 pessoas em cidades com mais de 250 mil habitantes nas 27 unidades da Federação, aponta que o carro é o principal meio de transporte utilizado por 75% dos entrevistados. A redução da tarifa (25%), a diminuição do tempo de espera (24%) e o aumento da segurança (20%) foram as demandas apontadas como necessárias pelos entrevistados para aumentar o uso do transporte público. A pesquisa ainda aponta que o sistema brasileiro de transporte público por ônibus registrou queda de 24,4% na demanda entre 2019 e 2022 devido à pandemia, contudo, o segmento não recuperou os números do período pré-pandemia.
Os profissionais de arquitetura e urbanismo são essenciais para modificar o cenário atual e promover um contexto de mobilidade urbana mais eficiente. A arquiteta e urbanista, ex-presidente da FNA e coordenadora do Programa de Melhores Práticas de Mobilidade Urbana da União Internacional de Transporte Público – Divisão América Latina, Valeska Peres Pinto, alerta para questões que devem ser consideradas quando pensamos em mobilidade urbana. “A mobilidade é causa e efeito da cidade que temos e a desigualdade social, agora, descaradamente revelada, se reflete em cidades com grandes iniquidades – bairros inteiros desprovidos de infraestrutura (calçadas e vias), sem alternativas de emprego e comércio, com apenas as redes básicas de saúde e de educação. A própria rede de transporte público é carente.”, explica a profissional.
Valeska relata que arquitetos e urbanistas há muitas décadas afirmam a importância de planos voltados para bairros que permitam às pessoas viverem plenamente no local e que dispensem a realização de longas viagens pela população para as tarefas diárias. “O transporte público coletivo pode ser um elemento de estruturação urbana, orientando o crescimento e o desenvolvimento da cidade. Mas, também, pode e deve agir como elemento mitigador das carências de mobilidade, pois ainda é mais fácil e rápido prover serviços do que mudar bairros inteiros. Os dois níveis de atuação devem ser realizados simultaneamente”, expressa ela.
Ademais, a arquiteta salienta que preparar as cidades para o transporte público exige políticas e ações que deem prioridade para o transporte coletivo ao invés da construção de vias e estacionamento de automóveis individuais como vemos hoje na grande maioria das cidades.
Dessa forma, mudanças profundas nas instituições governamentais e na sociedade brasileira, com a ajuda dos profissionais de arquitetura e urbanismo, são urgentes para tornar o transporte público acessível, seguro e eficiente para a população brasileira e aprimorar o cenário de mobilidade urbana que temos hoje.
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Artigo publicado na FNA – Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas.