Cena final de C'eravamo tanto amati ('Nós que Nos Amávamos Tanto') filme de Ettore Scola lançado em 1974. Imagem: reprodução.
Algum tempo atrás, encontrei por acaso, na rua, um amigo que conheço há décadas e de quem fui bem próxima por muitos anos. Não nos víamos pessoalmente há cerca de quatro ou cinco, e aquele encontro inesperado suscitou em mim sentimentos difusos, que transitavam entre afeto, estranhamento, euforia e pesar. Numa fração de segundo, minha memória foi invadida por lembranças das inúmeras viagens e festas, dos aniversários, réveillons, cafés, almoços, dos pileques, das broncas, de choros e conselhos mútuos, e montou-se em minha cabeça uma colagem com centenas de pedaços de nossa história: amigos em comum, casamentos, separações, novos parceiros, casas, empregos, nascimento de filhos, perdas familiares, infinitas situações vivenciadas de maneira próxima, afetiva e companheira. Onde foi mesmo que nos perdemos?