Com a aproximação da passagem do ano começamos a nos preparar para a festa de réveillon. Palavra francesa de origem latina, deriva do verbo reveiller que tem como significados, vigília, vigiar, acordar.
Tradicionalmente, entramos num compasso de espera onde é comum ouvirmos, não vejo a hora do ano acabar.
Indiscutivelmente nos aproximamos do fechamento de mais um ciclo de vida. Neste momento são inevitáveis os balanços.
O clima de retrospectiva é implacável.
Igualmente inevitáveis são as projeções de sonhos e desejos para o ano vindouro.
Impossível não lançarmos mão de simpatias e crenças; as sementes da romã, as sete ondas, a lingerie branca, e por aí vai.
Mas o que queremos realmente?
Um carro novo?
Uma casa nova?
Ganhar na loteria?
Um bom emprego?
Mudar de trabalho?
A viagem dos sonhos?
Fazer sucesso?
Ter mais qualidade de vida?
A lista pode ser infindável, entretanto, o que será que está por trás de tantos desejos?
Segundo Mathieu Ricard, doutor em biologia pelo Instituto Pasteur, e monge budista orientado pelo Dalai Lama, nossos desejos estariam na raiz do sonho da felicidade. Entretanto, é preciso estabelecer uma atenção maior na forma como desejamos essa felicidade para não nos tornarmos obsessivamente preocupados conosco, correndo assim, o risco de nos imobilizarmos entre a esperança e o medo.
Em seu livro “Felicidade, a prática do bem estar”, Ricard cita dois estudos complementares aprofundando o assunto. No primeiro, Keith Magnus conclui ser a felicidade a capacidade de se afirmar e de demonstrar extroversão e empatia. O segundo é o conceito da inteligência emocional; desenvolvido por Perter Salowey e difundido por Daniel Goleman, onde a capacidade de perceber corretamente os sentimentos dos outros e levá-los em conta é também a capacidade de identificar com rapidez e clareza nossas próprias emoções, concluindo que a consciência desses fatores diferenciaria as pessoas felizes das pessoas infelizes.
Portanto, sinaliza o monge, quanto mais capazes de nos abrirmos para o mundo, mais aptos estaremos para estabelecer o controle de nossas vidas gerando uma quantidade maior de acontecimentos positivos, e, criando assim as circunstâncias necessárias para alcançarmos nossos desejos.
Poderíamos dizer então que o sucesso das nossas conquistas estaria ligado a forma como decidimos alcançá-las?
O fato é que se atrelarmos nossas vidas a cotação do dólar ou aos índices da bolsa, talvez tenhamos que enfrentar um caminho mais tortuoso.
Porém, o que está em jogo na verdade é o equilíbrio emocional. E, o quanto somos capazes de estabelecer um propósito para nossas vidas, afim de que nossos objetivos ou desejos não funcionem como objeto de nossas prisões.
Mas, como desenvolver o equilíbrio emocional então?
Que tal começarmos por entender o significado das palavras: vigília, vigiar e acordar?
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Adi Leite é Life & Career Coaching certificado pela sociedade brasileira do coaching, fotógrafo e jornalista.
Sao Paulo Sao