A área do Tatuapé foi ocupada desde o período colonial por antigas sesmarias, com atividades agrícolas e pastoris esparsas. Ocupação semelhante de outras regiões à leste do Rio Tamanduateí e situadas entre a várzea do rio Tietê e as áreas mais altas dos caminhos que ligavam o centro da cidade à Penha, São Miguel e Vale do Paraíba.
Ponte Grande sobre o Rio Tietê, na Zona Leste de São Paulo e que seria substituída pela Ponte das Bandeiras (1896 - 1900). Foto: Gaensly & Lindemann.A Casa do Tatuapé, uma casa bandeirista do século 17, é exemplar dessa ocupação. A construção, em taipa de pilão, tem uma peculiaridade em relação às construções paulistas semelhantes: o telhado de duas águas, em vez de uma. A casa teve usos muito variados ao longo dos tempo: pertenceu a uma olaria e já fez parte do terreno da Tecelagem Textilia. Atualmente a casa integra o conjunto de imóveis do Museu da Cidade de São Paulo.
Casa do Tatuapé em 02 de agosto de 1990, pouco antes da reforma. Acervo Estadão.
Em 1991 o imóvel passou por novas obras de preservação, e no ano seguinte a Casa do Tatuapé foi reaberta à população. Foto: Museu da Cidade.
A urbanização do Tatuapé se desenvolveu principalmente por causa das indústrias que se estabeleceram ali nos primeiros anos do século 20, como as olarias que produziam telhas para a construção civil. A partir da década de 1920, a região recebeu indústrias têxteis, como o Grupo Santista, o Cotonifício Guilherme Giorgi e a Tabacow.
Tecelã trabalha na Fábrica de Tecidos Tatuapé na década de 50 (Grupo Santista). Foto: São Paulo Antiga.Nesse período ocorreu o loteamento de diversos sítios e chácaras, como o Sítio Casa Grande, que formou a Vila Formosa, com projeto do engenheiro urbanista Jorge de Macedo Vieira. Origem similar teve o distrito Carrão, parcelado em 1916 a partir da antiga chácara do Conselheiro Carrão.
Casa do Regente Feijó (ou Casa do Sítio do Capão), construída em taipa de pilão. Foto: Dalton Sala.
Quando as indústrias chegaram à região, estes bairros passaram a ser a moradia para muitos operários. As fábricas permaneceram até a década de 1970, quando foram atraídas para o interior do Estado com incentivos fiscais. Começou então a transformação da paisagem industrial desse território. Hoje ele é um dos mais densos e verticalizados da cidade. Muitos destes bairros da zona leste, no entanto, conservam ainda hoje algumas de suas antigas vilas operárias.
A avenida Alcântara Machado e os trilhos do metrô também moldaram a paisagem do bairro, contribuindo para a sua transformação. Ambos dividem hoje o espaço onde ficava a linha férrea da Central do Brasil, que, desde o final do século 19, conectava São Paulo ao Vale do Paraíba e o Rio de Janeiro.
Av. Alcântara Machado (Radial Leste) nos anos 70 do alto do Viaduto Bresser. Foto: São Paulo Antiga.
A Radial Leste, parcialmente implantada já na década de 1940, e a linha 3-vermelha do Metrô, construída na década de 1970, também facilitaram o acesso ao centro da cidade e promoveram a ocupação e o crescimento de bairros como a Vila Matilde e o Aricanduva. Este último, situado na área de várzea do rio Aricanduva, sofria com enchentes até os anos 1970, quando começaram as obras de drenagem e canalização do rio.
Av. Alcântara Machado (Radial Leste) em 1970. Foto: Ivo Justino.
Com a urbanização da região foi necessário construir equipamentos como escolas e parques. Em 1948 foi inaugurada a escola municipal de Educação Infantil Presidente Dutra. Projetada em estilo neocolonial, a escola constitui uma espécie de híbrido entre clube e escola infantil.
Parque Infantil do Tatuapé em 1960. Foto: Autor desconhecido.
O Parque do Piqueri, inaugurado na década de 1970, é outro importante equipamento urbano da região. Corresponde à antiga Chácara do Piqueri, que pertenceu ao conde Matarazzo, e o prédio da administração é remanescente dessa ocupação. Está localizado na confluência do ribeirão do Tatuapé e do rio Tietê.
Parque do Piqueri. Foto: Caio Pimenta / SPTuris.
O nome Piqueri é uma referência à tribo indígena que habitava a região, e o parque possui vegetação diversa como as árvores grumixama e o pinheiro-do-paraná, espécies ameaçadas.
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Fonte Blog do DPH / PMSP.
Sao Paulo Sao