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Dez espetáculos infantis para assistir no fim de semana
Confira a seleção e as dicas do Blog 'Divirta-se' do Estadão. Há atrações para todos os gostos.
O Museu Afro Brasil, em parceria com a Fundação Pierre Verger, inaugura no dia 1 de outubro a exposição “As Aventuras de Pierre Verger”. A mostra foi elaborada para possibilitar, inclusive ao público infanto-juvenil, a apreciação da obra do etnólogo e babalaô, reconhecido como um dos maiores nomes da história da fotografia no mundo.
Reunindo cerca de 270 imagens registradas por Verger em diversas partes do mundo e destacando o cruzamento da fotografia com vídeos, tecidos artesanais de diferentes países e artes sequenciais (quadrinhos), a exposição marca a finalização do projeto Memórias de Pierre Verger, patrocinado pela Petrobrás e pela Odebrecht e que, por quatro anos, encampou a tarefa de duplicar digitalmente o valoroso acervo fotográfico da Fundação e de concluir o seu acondicionamento em condições adequadas.
A mostra que chega ao Museu Afro Brasil já foi exibida em Salvador, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), durante 3 meses (março a maio de 2015), com um grande sucesso de público, recebendo mais de 30.000 visitantes.A curadoria e coordenação é de Alex Baradel, responsável pelo acervo da Fundação Pierre Verger, é uma das mais completas realizadas pela instituição criada pelo próprio fotógrafo francês na Bahia, local que escolheu para residir depois de viajar pelo mundo registrando as expressões culturais e o cotidiano de diversos povos.
Em exibição até 30 de dezembro, o público é convidado a “embarcar” numa instigante viagem que retrata as experiências vividas por Pierre Verger (Paris, 1902 — Salvador, 1996), em um século marcado pelo desbravamento de fronteiras e guerras mundiais.
Foto: Pierre Verger / Fundação Pierre Verger.
Fronteiras
A exposição está dividida em nove módulos: Paris, Viagens, Polinésia, Saara, China, Peru, África, Projeto e Educativo. São cerca de 220 imagens expostas ao longo do circuito e outras 50 que integram os vídeos que compõem a exposição. Onze ilustrações do artista visual baiano Bruno Marcello (Bua) também acompanham a mostra, retratando ou ficcionalizando o personagem Verger em diversos episódios e contextos vividos por ele.
A exposição se destaca também por explorar o paralelo entre a obra de Verger e As Aventuras de Tintim, histórias em quadrinhos editadas entre 1929 e 1983, bastante populares e que se tornaram clássicas graças ao apuro estético dos traços e aos roteiros bem elaborados pelo autor belga Georges Prosper Reni, mais conhecido como Hergé.
'As aventuras de Pierre Verger'
Abertura: 1/10/15 às 19h.
Encerramento: 30/12/15.
Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n
Parque Ibirapuera - Portão 10
São Paulo / SP - 04094 050
Fone: 55 11 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br
Fonte: Secretaria de Estado da Cultura.
A oitava edição do Festival de Curtas de Direitos Humanos Entretodos, que ocorre entre os dias 5 e 9 de outubro, na capital paulista, terá como tema “Cidade Educadora”. Serão exibidos 28 filmes, sendo 14 nacionais e 14 internacionais. A programação é gratuita e ocorre em 78 pontos de exibição, como centros culturais, salas de cinema, cineclubes, centros educacionais unificados (CEUs), escolas, além de parques e praças.
As exibições contemplarão todas as regiões da cidade. A mostra é promovida pela prefeitura e organizada pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Jorge Grinspum, que divide a curadoria do festival com Manuela Sobral, informou que o tema proposto reforça ações cotidianas e rotineiras da cidade e que contribuem para o envolvimento da população com esse espaço. “Ações espontâneas, movimentações comunitárias, manifestações como um sarau, uma projeção de cinema na periferia em praça pública, festas populares e passeatas. Tudo isso a gente entende como o papel da cidade para a população.”
O festival quer promover o cinema independente, valorizando o audiovisual como ferramenta de formação de educadores. Os curtas serão premiados por um júri oficial e pelo voto popular. O valor das premiações chega a R$ 7 mil.
Os filmes foram divididos em cinco programas, com cada sessão durando cerca de uma hora e meia. Grinspum acrescentou que os curtas foram reunidos em um mesmo grupo pela aproximação de linguagem audiovisual ou por uma similaridade de tema.
O programa Diversidades reúne seis filmes, sendo quatro estrangeiros, do Senegal, da Alemanha, de Cingapura e da França. O curador esclareceu que esses curtas se aproximam pela discussão das diferenças, especificamente de gênero e de idade. O programa dois com o tema Distâncias agrupa quatro filmes ligados pelas distâncias geográfica e de gerações. “O filme 'A Boneca e o Silêncio' é sobre uma menina que perde a mãe e tem sério problema com o pai. Ele tem um desfecho problemático”, explicou Grinspum.
Os sete curtas reunidos no grupo Olhares propõem uma metalinguagem do cinema. Além de produções brasileiras, participam diretores da Argentina, Alemanha e França. No programa quatro, denominado Dualidades, os filmes retratam facetas diferentes de um mesmo aspecto.
“Um dia é um dia do [deputado] Marcelo Freixo. A dualidade é mostrar o dia de um político com ações positivas”, adiantou. Os filmes do programa Extremo reúnem curtas com temas diversas, mas que expressam uma radicalidade das decisões que os personagens assumem na produção.
Além das exibições, o festival promoverá debates. No dia 6, às 14h, o bate-papo será com a diretora Carol Rodrigues do curta A boneca e o silêncio, na Fundação Gol de Letra. O diretor e roteirista Rafael Aidar, do curta Submarino, conversará com o público no dia 7, no Instituto Criar. No mesmo dia, Louis Mota, diretor de Mc Don't, participará de debate na Fundação Tide Setubal.
Os vencedores serão anunciados no dia 9 de outubro, a partir das 18h, no Centro Cultural São Paulo.
A programação completa pode ser acessada no site do festival.
Fonte: Agência Brasil.
A história até onde todos conhecem é que São Paulo foi a cidade homenageada na 40ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires. Todos sabem também que a escolha da prefeitura foi dar protagonismo à produção cultural das margens da cidade. Conhecem também, por algumas notas de jornal, quais os autores que estiveram presentes. À programação geral, todos tiveram acesso: foram 24 filmes exibidos no Malba, 34 mesas de autores, sete shows e quatro lançamentos de livros. A feira, como os leitores do Publishnews bem sabem, foi um sucesso de público, e em nosso estande não foi diferente.
O que ninguém no Brasil viu ou ouviu, mas os argentinos leram nos jornais e presenciaram na cidade, foi a linda festa que os mais de cem artistas dos dezesseis coletivos de saraus da periferia fizeram. O mercado estabelecido do livro – esquecido de onde vem a literatura, preso à crença da hegemonia branca do papel que prende letras que um dia voaram livres – olhava atônito o que acontecia no estande de São Paulo. Enquanto isso, o público foi crescendo de maneira exponencial. A curiosidade por saber de que se tratava um sarau transformou-se em desejo de repetir a vivência, de conhecer o que amigos contavam e de presenciar o que o Clarín declarou ser uma “experiência imperdível”.
Tamanha celebração não podia ficar restrita aos 144 m² do estande e nossos poetas ocuparam a cidade. Foram mais dezesseis encontros em diferentes bairros e instituições de Buenos Aires. Na universidade mais prestigiada da argentina, e uma das mais importantes da América Latina, a Universidade de Buenos Aires (UBA), numa conversar com os alunos dos cursos de Letras, tiveram suas obras discutidas, não só do ponto de vista sociológico, mas também por um viés formal e estético, afinal, não esqueçamos, trata-se de literatura, e de qualidade. Visitaram também o presídio de Devoto, onde a UBA mantém um curso de oficina de literatura. Depois do encontro, os detentos passaram a abrir as aulas com os versos de Marco Pezão, um dos pais fundadores, junto com Sérgio Vaz e Binho, dos saraus na Zona Sul: “nóis é ponte e atravessa qualquer rio!”.
Além de irem à UBA e a mais duas universidades em outros bairros e de se apresentarem em dois festivais de poesia que aconteciam paralelamente à feira, era desejo dos coletivos visitar bairros afastados e carentes de Buenos Aires. Visitaram La Matanza, um dos bairros mais estigmatizados da cidade, foram ao espaço de Eloísa Cartonera em La Boca e visitaram uma escola pública. O encontro mais emblemático foi no Galpon Piedrabuenarte, em Villa Lugano. No meio do distrito fica um conjunto de prédios semelhante às nossas Cohabs. No galpão, antes dedicado a guardar a cenografia não mais utilizada do Teatro Colón, dois rapazes jovens, Luciano Garramuño e Pepi Garachico, criaram um centro cultural. Como os representantes dos saraus que os visitava, fazem parte de uma juventude que não tem mais o desejo de sair do bairro, mas de transformá-lo, são enraizados e trazem tatuado no corpo o lugar de onde vêm. “Aqui, sim, nos sentimos em casa”, declarou um de nossos poetas.
Como parte do reconhecimento que nossa literatura periférica ou, como preferem alguns, entre eles Ferréz, também presente na feira, marginal, a tradutora e pesquisadora da UBA Lucía Tennina, organizou a antologia Saraus: movimento, periferia, São Paulo. O lançamento da coletânea de textos de autores da periferia de São Paulo não aconteceu só no estande, mas em duas grandes festas no La Cazona de Flores, centro cultural frequentado por universitários, intelectuais e ativistas. As festas foram até o amanhecer, como costumam acontecer em São Paulo. Um dos responsáveis pelo lugar afirmou: “nunca tivemos a casa tão cheia, nem nunca ficamos aqui até tão tarde”.
A poesia, a prosa e a garra dessa gente que faz arte independente de qualquer obstáculo tomou Buenos Aires e os efeitos foram claros. Na apresentação de despedida, no sábado (10/05), um cortejo de quarenta artistas foi seguido por mais de cem pessoas pelos pátios do La Rural. No estande, cerca de duzentas sentaram-se no chão e lotaram os corredores para acompanhar as derradeiras palavras desses poetas. Ao final, crianças, jovens, velhos, todos dançavam, batiam palmas e pés e repetiam os gritos de guerra que encerram os saraus dos coletivos convidados como se fossem seus. Sentindo-se parte da celebração, cantavam: “tambor, tambor, vai levar que mora longe. Vai levando os poetas que falaram no sarau. Boa viagem!”. Linda viagem fizeram os artistas da periferia de São Paulo, linda viagem proporcionaram àqueles que, sem preconceitos, se deixaram levar pela música, pela récita, pelo texto, e ousaram relembrar onde nasce a literatura.
Lucía Tennina e Tarcila Lucena foram curadoras da programação paulistana na Feira de Buenos Aires.
Assista aqui o Booktrailer.
Fonte: PublishNews.