Agora na quarentena, Srur fez a obra “Máscaras que Salvam” no Instagram (@eduardosrur), e já retornou ao seu principal campo de trabalho, a intervenção urbana, com a obra “Cura”.
Trata-se de uma imensa cruz vermelha no rooftop de seu ateliê, pintada em uma lona de 30 metros quadrados e instalada na caixa d’água do seu edifício. “É uma homenagem aos profissionais da saúde que salvam vidas. Neste lugar também nasceu o “Acampamento dos Anjos”, minha primeira intervenção artística. A nossa casa nunca foi tão essencial e simbólica como espaço de proteção”, ele observa.
O artista, que já colocou 150 caiaques com manequins de plástico nas poluídas águas do rio Pinheiros, espalhou garrafas PETS gigantes nas margens do Tietê, suspendeu uma carruagem a 30 metros de altura na Ponte Estaiada e ocupou o Vale do Anhangabaú com uma escultura formada por ratos, entre outras intervenções instigantes, pretende provocar as pessoas, fazendo-as questionar sobre a cidade e seus estilos de vida. “Não podemos achar normal ter rios mortos na cidade, ver as ruas entupidas de carros e respirar um ar poluído. Assim a gente naturaliza distorções ambientais e passa para as novas gerações que isso é aceitável. Não é, nunca foi. Para que as coisas mudem, é preciso mostrar o erro, refletir e transformar”.
Ele lembra do trabalho “A Arte Salva”, intervenção que fez no Congresso Nacional, em Brasília, em 2011, com 360 boias salva-vidas no espelho d’água em frente ao parlamento. A ação mostrava a arte como uma possibilidade de salvamento e resgate da consciência cívica. “A Arte Salva está se tornando quase atemporal. Todo dia será um dia necessário para fazer essa intervenção no Congresso por causa da crise política que a gente tem no país o tempo inteiro”, ele afirma.
Outro trabalho de Srur que pode ser visto na cidade é “Enchente”, que ocupa um grande bloco de concreto sobre o túnel Presidente Jânio Quadros, na região do Morumbi. Composto por milhares de carrinhos de brinquedo coloridos, aglomerados e sobrepostos de forma caótica, é um retrato do trânsito paulistano. Ficará em caráter permanente no local, lembrando a sociedade do caos na mobilidade e das trágicas enchentes que alagam a cidade há décadas. “Somos carentes de ações cidadãs no espaço público e esta postura pode educar o olhar das pessoas. A sociedade precisa entender que arte pública vai muito além dos monumentos e grafites”, diz Srur.
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Artigo assinado pelo Pro Coletivo, blog parceiro de conteúdo, especializado em assuntos da multimodalidade.