Ela é do CEU Quinta do Sol na ZL e sonha com grandes companhias de dança

A mãe, a tia, todo mundo na família de Laura Barbosa Puche, 13, gosta de dança. Mas até os sete anos, mais ou menos, Laura se rebelava contra o dom e o gosto familiar.

No CEU Quinta do Sol, na Vila Cisper (zona leste), onde mora, ela preferia as aulas de capoeira. Quando ia para a aula de dança, ficava sentada no chão. “Não queria fazer.”

Mudou de ideia quando conheceu uma professora de balé que “era tão bonita que me deu vontade de fazer a aula”.

Em 2010, Laura fez audição para entrar na Escola de Dança de São Paulo. “Minha mãe não acreditava que eu ia passar. Quando entrei, ela ficou gritando de alegria, feito uma louca.”

No começo, o que achou mais difícil foram as aulas de criação. “Eu não tinha criatividade”, afirma.

Também tinha mais interesse pela dança contemporânea, na qual acha que se dá melhor. Mas, desde o ano passado, seu interesse pelo clássico aumentou.

Neste ano, entrou de cabeça no balé. A virada veio depois de passar férias em Lagoa Seca, na Paraíba, onde fez cursos na academia de danças de uma tia.

“Fiz tudo: balé, jazz, ‘rasgação’. Não sei o que aconteceu, mas, depois das férias, melhorei muito no clássico, todo mundo notou. Agora chegou na aula de balé por prazer, não por obrigação.”

O senso de obrigação e a disciplina da garota são altos. Cursando o oitavo ano na escola de dança e no ensino fundamental, Laura sempre sai da Emef Rosangela Rodrigues Vieira, na Vila Cisper, “meio em pânico, porque gosto de chegar pelo menos uma hora antes da aula de dança”.

Para isso, precisa sair pontualmente da escola regular, às 11h50. Daí dá tempo de almoçar, pegar a perua até a estação de metrô e chegar ao centro da cidade com a antecedência prevista.

Todos os dias, gasta de uma a duas horas no trajeto. De segunda a sexta, faz aulas de dança das 15h às 18h15. Terças e quintas, emenda até as 20h, para participar dos ensaios do Atelier Balé Jovem.

Laura termina o curso de formação em dança no ano que vem, mas não pensa em ser professora. “Admiro a paciência delas, mas isso é uma coisa que eu não tenho.”

O que quer mesmo é fazer carreira em uma grande companhia — Balé da Cidade, São Paulo Companhia de Dança, Cisne Negro, Bolshoi e American Ballet Theatre são a sua lista de desejos.

***
Iara Biderman, colaboração para a Folha de S. Paulo.  

 

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