As fotos da exposição são um recorte das 100 imagens que integram o livro ‘Campos Elíseos – história e imagens‘. Nele, o fotógrafo registra o patrimônio artístico-arquitetônico dos Campos Elíseos, bairro paulistano onde foram construídos centenas de casarões e palacetes que serviram de residência aos fazendeiros da oligarquia cafeeira, no final do século 19. No século 20, a região veria surgirem construções de diferentes vertentes da arquitetura modernista e, em seguida, as metamorfoses heterogêneas características do crescimento desordenado da metrópole.
Que prédio é esse?
Edificio Racy projeto do arquiteto Aaron Kogan – Avenida São João, 1588. Foto: Juan Esteves.
Todas as fotografias de Juan Esteves em Campos Elíseos são em preto e branco. Para ele, apertar o botão disparador da câmara e capturar a imagem é só o começo. Depois, o fotógrafo realiza um minucioso tratamento da imagem original e elimina o que chama de “ruídos temporais contemporâneos”. Os “ruídos” a que se refere Esteves são elementos que interferem na visão dos prédios em sua arquitetura original, como fios de luz, modificações nas fachadas, entre outros.
Edificio em estilo art deco. Alameda Barão de Limeira, 1455. Foto: Juan Esteves.
Se para fazer o clique Juan Esteves não precisa de mais do que dez ou quinze minutos, o tratamento de cada uma das imagens leva em média de dez a doze horas. Ele, que tem o retrato como sua principal especialidade, diz tratar os prédios como se fossem pessoas. “Faço dos prédios personagens. ”
Ao olhar a fotografia, é comum o espectador não reconhecer nem mesmo um prédio diante do qual passa todos os dias. Pode perceber então, entre o real e reconstrução feita por Esteves, que é possível ver uma outra São Paulo por trás de tantas e tantas interferências.
Predios residenciais na Alameda Barão de Limeira onde funciona o Hotel Artemis. Foto: Juan Esteves.
“Embora sejam registros de hoje, essas minhas fotos acabam parecendo ser antigas”, afirma Juan Esteves. “Esse é um paradoxo, um paradoxo do olhar. O prédio fica novo e, ao mesmo tempo, muito antigo, como se voltasse às origens. ”
Um dado interessante é que todas as fotos foram feitas do ponto de vista de quem está andando na rua, por quem está no chão. “Sou um walker, um flâneur”, conta o fotógrafo. “Ando compulsivamente pela cidade e meu olhar é constantemente atraído pelos detalhes. Penso que é isso que define esse meu trabalho. ”
Casarões e palacetes
Juan Esteves e Antonio Carlos Suster Abdalla selecionaram para a mostra Campos Elíseos quarenta fotografias entre as 100 que estão no livro Campos Elíseos – história e imagens. Dez das fotos estarão ampliadas no formato 70 cm x 100 cm e as demais 30, no formato 60 cm x 70 cm. Todas estarão impressas em papel museológico de algodão e emolduradas.
Palacete Santos Dumont hoje Museu da Energia. Alameda Cleveland, 601. Foto: Juan Esteves.
Das construções icônicas que a seleção contempla estão, entre outros, o Palacete Victoria e o Palácio dos Campos Elíseos; construções de arquitetos importantes, como o Edifício Albertina, de Cícero Prado e Cecília, de Gregori Warchavchik; e fotos de “arquitetura rara”, como o Edifício Duque de Caxias, construído por Artacho Jurado. O conjunto oferece uma ampla visão da arquitetura paulistana através de seu percurso histórico nos últimos 130 anos.
Serviço
Exposição Campos Elíseos
Espaço Cultural Porto Seguro
Abertura: 17 de março, a partir das 11h.
Local: Alameda Barão de Piracicaba, 740 – Térreo.
Período expositivo: de 18 de março a 3 de junho.
Funcionamento:às segundas-feiras, das 9 às 19 horas; de terça a domingo, das 9 às 21 horas.
Acessibilidade: o edifício é acessível para pessoas com mobilidade reduzida.
Capacidade: 150 pessoas.
Entrada gratuita.
Site: http://
***
Da Redação, com informações ECPS.