Em novo album Emicida faz conexão entre rap e ritmos africanos

Dizer que as canções de Emicida fazem contundentes críticas à sociedade soa como uma repetição de velhos elogios feitos ao trabalho do rapper  paulista, mas não há outra forma de definir os versos da música “Boa Esperança”: “Favela ainda é senzala jão / Bomba relógio prestes a estourar / O tempero do mar / Foi lágrima de preto”. A canção é um dos destaques do novo álbum do artista, “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, que chegou nesta segunda-feira em versão física às lojas.

Mesmo mantendo esse enfoque, Emicida se reinventa no novo disco, o segundo da carreira, ao soar mais “para cima”. “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” representa uma maior conexão das rimas dele com ritmos de matriz africana – combinação que alcança a perfeição em canções como “Mufete”.

Esse laço de Emicida com o continente africano se fortaleceu após uma série de viagens do artista para Angola e Cabo Verde, em março deste ano. As influências capturadas no cancioneiro de lá ficam evidentes em músicas como “Sodade” e “Baiana”, que conta com uma quase inexpressiva participação de Caetano Veloso.

Apesar disso, os demais convidados especiais têm presenças contundentes. “Passarinhos”, duo do artista com Vanessa da Mata, é uma das melhores músicas do álbum, além de um dos raros casos em que Emicida não apenas faz rap, como também canta. Fazem participações também Dona Jacira e a guitarrista Anna Trea – dona de vocais assombrosos – em “Mãe” e Batucadeiras do Terreiro dos Órgãos na melancólica “Chapa”.

Seguindo a lista, “Mandume”, apresenta um rap com pegada funk, que tem versos rimados por grandes novos nomes do rap (Amini, Raphão Alaafun, Muzzike, Rico Dalasam e Drik Barbosa). J. Gettho participa da já citada “Boa Esperança” e a última participação do álbum não é de um cantor, mas do escritor Marcelino Freire, que declama seu sóbrio poema “Trabalhador Brasileiro”.

Em Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, Emicida desenvolve uma sonoridade mais acessível para o público que não está acostumado a ouvir rap, mas se mantém fiel a seu discurso agressivo (vide o verso “Quando pessoas viram coisas / cabeças viram degraus”,  na pegada reggae da faixa “Passarinhos”).

Assista “Passarinhos” com ele e Vanessa Da Mata: https://youtu.be/IJcmLHjjAJ4

Fonte: Metro Brasilia.

 

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