Estudo realizado pelo ITDP e pela UC Davis mostra “três revoluções no transporte urbano“

Realizado pelo ITDP e pela UC Davis, o documento apresenta essas revoluções e o potencial de mudança de cada uma, caso sejam adotadas, em três cenários: 1) se mantivermos as coisas como estão (business as usual), 2) se duas das três revoluções forem implementadas e 3) se as três mudanças forem adotadas. Se amplamente implementadas, as três revoluções podem representar uma redução de 40% nos custos com transporte urbano até 2050. O compartilhamento de veículos e o uso de fontes renováveis de energia são cruciais para esse resultado.

Quais são as revoluções?

1. Veículos elétricos

Utilizar carros elétricos pode reduzir emissões e o uso de energia. No entanto, para que a mudança atinja todos os benefícios possíveis, é preciso reduzir drasticamente a utilização de combustíveis fósseis na geração de energia, que deve ser totalmente descarbonizada.

2. Veículos autônomos

Podem gerar importantes benefícios no que diz respeito à segurança viária, reduzir os custos com mão de obra e permitir deslocamentos mais baratos, com um uso produtivo desse tempo. É preciso ter em mente, porém, que reduzir os custos de viagem implica em induzir um maior número de deslocamentos e, ao mesmo tempo, reduzir o número de empregos gerados pelo setor de transportes.

3. Veículos compartilhados

Sejam carros compartilhados ou veículos de transporte coletivo, o compartilhamento (em inglês, shared mobility) pode levar a um uso mais eficiente do espaço urbano, reduzindo os congestionamentos e oferecendo melhores condições para a caminhada e o uso da bicicleta, bem como contribuir para a redução do consumo de energia e das emissões daí provenientes. Essa mudança exige um aumento considerável nos índices de passageiros por veículo a cada viagem realizada e uma série de políticas mais firmes no setor.

O que elas podem mudar?

Vaga para veículos compartilhados. Foto: Simopala / Flickr.

Cenário 1: business as usual, como de costume

Aqui, poucas coisas mudam em relação ao que vemos em 2017 no que diz respeito às tendências e padrões de mobilidade. Até 2050, o uso dos veículos com motores a combustão interna segue taxas crescente. Em países como os Estados Unidos, 85% dos deslocamentos continuam sendo feitos de carro, na maioria das vezes com apenas um ocupante por veículo. A população cresce, bem como a renda média, o uso do transporte coletivo e dos veículos compartilhados mantém os índices de hoje. Nesse cenário, a frota veicular será de 2,1 bilhões de carros em todo o mundo.

Cenário 2: duas revoluções

Esse cenário reflete o que pode acontecer se adotarmos em escala duas das tecnologias propostas: veículos elétricos e autônomos. Os elétricos se tornariam comuns nas ruas até 2030 e os autônomos seriam dominantes em 2040. Contudo, mantém-se o padrão visto hoje de apenas uma pessoa por veículo e o número de deslocamentos de carro pode até aumentar em relação às tendências atuais. Nessa hipótese, os veículos elétricos passam a ser o modelo dominante nas ruas, e pode haver uma redução significativa das emissões de CO2 – mas apenas mediante a descarbonização do processo de produção de eletricidade.

Cenário 3: três revoluções

Se as três tecnologias forem implementadas em larga escala, pode haver uma mudança significativa nos padrões de mobilidade, que passa a ser multimodal. O uso de veículos compartilhados aumenta, o transporte coletivo torna-se mais acessível e eficiente (incluindo a oferta de serviços de ônibus sob demanda, por exemplo) e a infraestrutura para pedestres e ciclistas é qualificada. Se concretizado, esse quadro reduziria a frota veicular em quase um terço: dos atuais 764 milhões para cerca de 535 milhões em 2050. Em comparação ao que veremos nas próximas décadas se mantidos os padrões atuais, esse cenário levaria a resultados expressivos:

  • redução no consumo global dos passageiros de transporte urbano em mais de 70%;
  • redução das emissões globais de CO2 em mais de 80%;
  • redução dos custos estimados de veículos, infraestruturas e operação de sistemas de transporte em mais de 40%;
  • geração de uma economia de até US$ 5 trilhões por ano.

Oslo: a capital da Noruega é uma das cidades que vem implementando políticas para estimular o uso de veículos elétricos. Foto: Mariano Mantel / Flickr.

E onde já acontecem?

Oslo

A capital norueguesa projeta o fim da circulação de carros no centro da cidade até 2019. Além disso, a cidade abraçou a tecnologia dos veículos elétricos. Hoje, mais de 30% dos carros vendidos são elétricos. Os números são o resultado de uma série de políticas adotadas nos últimos anos: não há impostos sobre a venda de veículos eléctricos, os estacionamentos para esse tipo de carro são gratuitos e há mais de dois mil pontos espalhados na cidade onde é possível recarregar a bateria.

Reino Unido

Em 2013, o governo britânico passou a oferecer subsídios para estimular a compra de veículos elétricos. Desde então, as vendas só aumentaram. Nos últimos anos, a cidade testou a implementação de estradas que recarregam os veículos elétricos enquanto eles circulam e vem investindo na instalação de pontos de recarga.

Alemanha

O país quer banir os carros movidos a gasolina e diesel até 2030. Os carros elétricos ainda representam uma parcela pequena da frota da Alemanha, mas a ideia é que isso mude. O país espera ter meio milhão de veículos livres de emissões até 2020 e, em 2030, prevê que seis milhões de carros elétricos e híbridos estejam circulando. Tudo isso para atingir a meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono entre 80% e 95% até 2050.

Vancouver

A cidade canadense é o maior mercado de carsharing no mundo hoje. Um em cada quatro moradores é membro de uma das empresas de compartilhamento de veículos da região: são 150 mil pessoas dividindo cerca de dois mil carros.

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Via TheCityFix Brasil.

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