Depois de mais de um século convivendo com carros, algumas cidades aos poucos compreendem que o automóvel não faz muito sentido no contexto urbano. Não apenas pela poluição ou pelas mortes no trânsito: em uma cidade, carros não são sequer uma maneira conveniente de locomoção.
Foto: Shutterstock.O trânsito de Londres, hoje, flui mais vagarosamente do que se move um ciclista amador (ou do que uma carroça). As pessoas em Los Angeles perdem 90 horas por ano presas no tráfego. Um estudo realizado na Grã-Bretanha mostra que motoristas gastam 106 dias de suas vidas procurando por vagas.
Um número crescente de cidades tem se livrado dos carros em determinados bairros a partir de multas, redesenho de suas ruas, novos aplicativos, e, no caso de Milão, foram adotadas medidas como pagar os trabalhadores para que deixem seus veículos em casa e peguem o trem.
Como era de se esperar, as mudanças acontecem mais rapidamente nas capitais europeias projetadas centenas de anos antes que os carros fossem inventados. Nos subúrbios norte-americanos construídos conforme a lógica dos automóveis, o caminho para eliminá-los é obviamente mais desafiador (e algumas cidades “amantes” de carros, como Sydney, na Austrália, vão na contramão, tirando espaço dos pedestres em algumas ruas para dá-lo, cada vez mais, aos veículos).
Confira algumas cidades que estão trabalhando para banir os carros em alguns de seus bairros. Lembramos que elas são dotadas de um sistema de transporte público eficiente e vários modais para atender seus moradores e visitantes.
1. Madri, Espanha.

2. Paris, França.
Foto: Prefeitura de Paris.
No último ano, quando os níveis de poluição aumentaram em Paris, a cidade realizou um rodízio por um breve período de tempo. As taxas caíram cerca de 30% em algumas áreas, e agora o plano é começar a desincentivar permanentemente os carros. No centro da metrópole, as pessoas que não vivem em bairros próximos não poderão dirigir aos fins de semana, restrição que deve se estender aos dias comerciais.
Até 2022, a prefeita planeja dobrar o número de ciclovias na cidade, banir carros movidos a diesel e determinar que apenas veículos elétricos ou pouco poluidores circulem em algumas ruas movimentadas. A quantidade de motoristas já começou a cair por lá. Em 2001, 40% dos parisienses não possuíam carros; agora, esse número é de 60%.
3. Chengdu, China.
Foto: British Chamber of Commerce Southwest China.
As plantas, projetadas pelos arquitetos Adrian Smith e Gordon Gill (residentes em Chigaco), não banirão completamente os carros, mas apenas metade das ruas poderão ser ocupadas por veículos motorizados. A ligação entre a cidade e a vizinha Chengdu será feita por meio de transporte público. Uma população de 80 mil pessoas é esperada por lá, e a maioria poderá caminhar até o trabalho nos bairros locais. O projeto foi pensado, originalmente, para estar pronto em 2020, mas pode sofrer um atraso – está suspenso por questões de zoneamento.
4. Hamburgo, Alemanha.

5. Helsinki, Finlândia.
Foto: Riku Kettunen / Flickr.
6. Milão, Itália.

7. Copenhague, Dinamarca.

Copenhague começou a criar zonas exclusivas aos pedestres nos anos 60, no centro da cidade, e as car-free zones se espalharam nas décadas seguintes. O município tem, atualmente, mais de 400 km de ciclovias, e novas rodovias para bikes estão sendo construídas para alcançar os bairros periféricos. A cidade tem uma das menores taxas de propriedade de automóveis de toda a Europa.
Todos esses exemplos são a prova de que as cidades estão se transformando para ficarem mais humanas e que a forma como nos movemos por elas e vamos passar a ocupá-las mudará completamente nos próximos anos em benefício das pessoas.
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Por Adele Peters, do Co.Exist (Inglês). Tradução de Anna Beatriz dos Anjos.
Sao Paulo Sao