Há pouca política e muito amor na seleção de filmes do Festival Varilux 2017. Boa parte da seleção de 19 longas que começam a circular hoje por 56 cidades brasileiras tratam de relações amorosas e afetivas entre pais e filhos, homens e mulheres, amigos e casais.
“Hoje, o festival que consideramos mais importante em termos de festival francês no mundo acontece na Austrália e atrai 174 mil pessoas. E nós, no Brasil, atingimos 150 mil no ano passado. Esperamos aumentar para ultrapassar o festival australiano” avisa Christian Boudier, diretor do Varilux.
Segundo Boudier, não há exatamente um perfil dos filmes, mas a partir da seleção é possível chegar a algumas constatações. Em tempos de Brexit, Trump, terrorismo, refugiados e xenofobia, poucos filmes tratam de temáticas políticas e sociais.
“Acho que a realidade é tão pesada e tóxica na França, com atentados, eleições, imigração, refugiados e corrupção, que as pessoas estão cheias disso e talvez os cineastas queiram sair um pouco disso porque acham difícil convencer as pessoas a ir ao cinema ver as mesmas histórias e imagens que invadem a casa deles pelos telejornais”, diz o diretor.
Isso não quer dizer, ele pondera, que o cinema francês atual não trate dessas temáticas, mas que os distribuidores não se interessam muito por esse tipo de filme.
As atrações
Entre os 19 filmes na programação, estão “Um Instante de Amor”, de Nicole Garcia, com atuação elogiada de Marion Cotillard (ganhadora do Oscar de 2008 por “Piaf – Um Hino ao Amor”); “Rock’n Roll – Por Trás da Fama”, comédia auto-satírica de Guillaume Canet, e “Frantz”, o mais recente filme de François Ozon, uma surpreendente adaptação do filme de Ernest Lubitsch de 1932, com o novo astro do cinema francês Pierre Niney (“Yves Saint Laurent”).
Mantendo a tradição de apresentar um clássico francês da sétima arte, o festival irá exibir em cópia restaurada a comédia musical Duas Garotas Românticas, dirigida pela dupla Agnès Varda e Jacques Demy, que conta com Catherine Deneuve e Françoise Dorléac. Indicado ao Oscar de trilha sonora em 1967, a exibição será uma homenagem aos 50 anos da morte de Dorléac, irmã de Deneuve na vida real.
Como sempre, o Festival Varilux traz uma série de artistas ao Brasil durante o evento. Neste ano, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro irão receber Dominique Abel e Fiona Gordon, que dirigem e atuam no filme Perdidos em Paris; o rapper e ator Sadek (Tour de France); a diretora Noémie Saglio e a atriz Camille Cottin, de Tal Mãe, Tal Filha; e parte da equipe de O Filho Uruguaio, composta pelo diretor Olivier Peyon, o ator Ramzy Bedia e a atriz Maria Dupláa
Criado para divulgar a cultura francesa no mundo, mas também para alimentar o mercado de distribuição no Brasil, o Varilux funciona como uma amostra de filmes que podem entrar em cartaz ao longo do ano. Christian Boudier lembra que os distribuidores são atores estratégicos desse mercado e que a seleção de filmes costuma ser feita em parceria com eles. “Essas pessoas que vão comprar os filmes franceses nos festivais assumem riscos, compram direitos para o filme, fazem legenda, divulgam e lançam o filme no cinema. São essas pessoas que fazem viver a diversidade cultural do cinema brasileiro. E nós queremos ajudá-los. Então fazemos a seleção com eles, nós os consultamos, vemos o que eles compraram para o ano’, explica.
Confira aqui a lista completa de longas em exibição, que inclue produções dos festivais internacionais de Cannes, Veneza, Sundance, Berlim e Toronto. 19 filmes serão exibidos em 56 cidades no Festival.
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Com informações do Festival Varilux.