Fotografia, expedições e patrimônio histórico em 3 mostras simultâneas na Caixa Cultural São Paulo

Marcando o começo de 2018, o Caixa Cultural São Paulo, na Praça da Sé, inaugura três mostras simultâneas amanhã a partir de hoje, 10 de janeiro. Em cartaz até 4 de março, as exposições tem entrada franca e promovem alguns eventos paralelos.

Conhecido por registros que ilustram questões sociais e políticas de Cuba, José Alberto Figueroa um dos precursores da fotografia conceitual, tanto em Cuba como em toda a América Latina ganha exposição inédita. Outra Mostra tem o modernista Flávio de Carvalho como um artista-etnográfico em cinco viagens pelo Brasil e ao exterior. E A Construção do Patrimônio, comemora os 80 anos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Confira:

Um Autorretrato Cubano – José Alberto Figueroa

Pela primeira vez no Brasil, a obra do fotógrafo cubano José Alberto Figueroa ganha retrospectiva histórica em uma exposição. A mostra Um Autorretrato Cubano, que reúne 69 fotografias do autor.

Conhecido por registros que ilustram questões sociais e políticas de Cuba, Figueroa é considerado um dos precursores da fotografia conceitual, tanto em Cuba como em toda a América Latina. Em sua obra, o fotógrafo mostra seu olhar sobre fases históricas do país, desde os primórdios da Revolução Cubana, quando pôde acompanhar mudanças sociais significativas e controversas, até os tempos atuais.

Foto: José Alberto Figueroa.

Nascido em 1946, Figueroa se formou em fotografia na década de 60, quando já trabalhava como assistente no estúdio de Alberto Korda, especializando-se em publicidade e moda. Com o tempo, passou a desenvolver uma carreira versátil, atuando, inclusive, como correspondente de guerra em Angola. Discípulo e amigo de Korda, Figueroa passou a fotografar elementos que representavam as reivindicações de sua geração. O ensaio Exílio, realizado em 1967, é bastante representativo deste período, por retratar o processo exaustivo de migração de cubanos para os Estados Unidos.

No dia 12 de janeiro, o local receberá o fotógrafo para um bate-papo e para o lançamento do catálogo da exposição.

Flávio de Carvalho – Expedicionário

A exposição Flávio de Carvalho – Expedicionário reúne o material produzido pelo artista modernista em cinco viagens pelo Brasil e ao exterior. São documentos, textos, fotografias e objetos que recontam parte dessas jornadas de pesquisa realizadas entre 1934 e 1956. “Algumas das ações que ele fez no passado têm sido resgatadas como pioneiras na mistura entre arte e ciência. Nossa abordagem é sobre as expedições que ele fez pensando-as como intervenções artísticas. O conceito de artista-etnógrafo é posterior ao Flávio, ganha relevância nos anos 1970”, explica Renato Rezende, um dos curadores da mostra.

Parte do material, como as fotos tiradas por Flávio no Peru, na expedição aos Andes, nunca foi exposta, de acordo com o curador. Essa coleção, em especial, foi organizada por um método semelhante ao proposto pelo filósofo alemão Aby Warburg, em que as imagens são agrupadas por semelhanças, em detrimento de critérios espaciais ou históricos. “A maneira como ele dispõe as fotografias no álbum, nas pranchas, lembra muito os procedimentos do Warburg. Fazendo relações entre imagens que se repetem”, enfatiza o curador. Porém, apesar da semelhança no método, Rezende destaca que Flávio não conhecia o trabalho do alemão.

Flávio de Carvalho atravessa o centro de São Paulo com saiote em 1956.

Além da abordagem não usual de pensar Flávio de Carvalho como um artista-etnográfico, Rezende explica que a mostra também leva a compreender a arte brasileira que surge depois do neoconcretismo, que tem como nomes-chave Hélio Oiticica e Lygia Clark.

Uma das ações mais conhecidas de Flávio é a Experiência nº 2, quando, em 1931 quase foi linchado por uma multidão ao caminhar contra uma procissão usando boné, em sinal de evidente desrespeito. Em 1956, desfilou com uma espécie de vestido pelas ruas da cidade de São Paulo, novamente provocando espanto.

Dividida por expedições, a exposição também contará com a exibição do filme A Deusa Branca, filmado na Amazônia. O longa marcou a estreia de Flávio na cinematografia.

A Construção do Patrimônio

A mostra faz parte da programação das comemorações dos 80 anos do Iphan. Foto: Juliana Chalita.

Realizada pelo Instituto Pedra, a mostra reúne mais de 150 documentos, quadros, esculturas, mobiliário e outras peças. O objetivo é traçar um panorama da história das políticas públicas de preservação do Brasil, assim como definir os desafios para a expansão do conceito de patrimônio.

Parte das comemorações dos 80 anos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a exposição tem curadoria de Luiz Fernando de Almeida, ex-presidente do Instituto.

A mostra reúne mais de 150 obras entre documentos raros, quadros e esculturas. Foto: Juliana Chalita.“Uma reflexão sobre a ideia de patrimônio pode ser uma das mais potentes metáforas dos brutais desafios que vivemos no nosso tempo, diante da dificuldade e necessidade de projetar o nosso futuro”, diz Luiz Fernando Almeida.

“Uma exposição que fala de patrimônio é uma reflexão sobre nós e o lugar em que vivemos“. Foto: Juliana Chalita. No acervo, registros e obras de Tarsila do Amaral, Mário de Andrade e Oscar Niemeyer. Também há uma réplica de Aleijadinho. No dia 1 de fevereiro, o curador levará os visitantes por uma visita guiada e um debate será realizado com Anna Beatriz Galvão.

Serviço

Local: CAIXA Cultural São Paulo.
Visitação: de 10 de janeiro a 26 de março de 2018 Horário: de terça-feira a domingo, das 9h às 19h.
Entrada franca.

***
Da Redação com informações CAIXA Cultural São Paulo.

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