Governo de São Paulo anuncia plano diretor de mobilidade para viabilizar trens regionais

O governo de São Paulo quer tornar realidade a antiga promessa dos trens regionais, também chamados de trens intercidades. Nesta sexta-feira, dia 23 de fevereiro, o governador Geraldo Alckmin anunciou a contratação de um plano diretor de mobilidade, que será executado por um consórcio de empresas. O contrato é de R$ 20,8 milhões.

Com prazo de dois anos, o consórcio deverá apresentar propostas alternativas de transporte de carga e de passageiros para os próximos 50 anos.

Na proposta está o compartilhamento do uso da malha ferroviária pelo transporte de cargas e de passageiros. A proposta abrange as principais regiões metropolitanas do Estado.

Os projetos terão como foco atender a demanda da macrometrópole paulista, formada pelas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, Sorocaba, Vale do Paraíba e Baixada Santista. A região estendida concentra 75% da população do Estado (33 milhões de pessoas) e responde por 80% do PIB paulista.

Do total de linhas férreas em todo o Estado – cerca de 1.375 km -, apenas 22% são destinadas ao transporte de passageiros, a maior parte na Grande São Paulo.  O estado tem forte dependência do transporte rodoviário, que responde por 86% da matriz.

O uso compartilhado da malha de trilhos, aposta o governo, será a solução que permitirá a ligação dos principais polos regionais por meio do transporte por ferrovia.

PLANO TEM APOIO DO BID E DO BIRD

A formulação do escopo dos estudos do Plano Diretor contou com o apoio e a participação de técnicos e especialistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Mundial (BIRD). Em setembro do ano passado, uma missão do BIRD passou uma semana em São Paulo conhecendo a proposta do Trem Intercidades, inclusive com visitas de campo a trechos da ferrovia existente entre São Paulo e Campinas; Campinas e Americana.

A missão incluiu também equipes das secretarias de Governo, Transportes Metropolitanos, Logística e Transportes, Fazenda, Planejamento e Habitação, além da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Procuradoria Geral do Estado e Comissão de Monitoramento dos Contratos de Concessões e Permissões.

Na próxima semana, os técnicos do BID e do BIRD voltam a São Paulo, em nova missão, para interagir com o Consórcio Pró-TL, a fim de definir os detalhamentos técnicos a serem observados no desenvolvimento dos estudos do Trem Intercidades.

PROMESSAS

A promessa dos trens regionais remonta a 2010, e uma de suas principais motivações é mitigar o crescente volume de tráfego nas principais rodovias que acessam São Paulo, além de diminuir o impacto no trânsito das cidades causado pelo transporte de carga.

Em dezembro de 2011 o então Secretário Estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, anunciava que a era dos trens regionais, ligando cidades mais distantes, iria voltar ao Estado. Jurandir garantiu que além das ligações ferroviárias para Santos, Jundiaí e Sorocaba, outras cidades que ficam mais longe da Capital Paulista, como Ribeirão Preto e Piracicaba receberiam os serviços ferroviários.

Passados 5 anos, em debate sobre o projeto de Trens Intercidades no Estado, realizado na Câmara dos Deputados, em Brasília, em dezembro de 2016, o Secretários dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, afirmou que pretendia lançar uma Parceria Público Privada em 2017 para viabilizar o projeto.

Pelos planos apresentados à época por Pelissioni, a malha ferroviária objeto de PPP ligaria as cidades de Campinas, Vale do Paraíba, Baixada Santista, Sorocaba e São Paulo com atendimento de composições que correriam a 160 quilômetros por hora. Os preços seriam competitivos com o transporte rodoviário, com as vantagens de uma ferrovia.

O trecho prioritário, segundo o secretário, é o de Americana a São Paulo, com 135 quilômetros de extensão e custo de R$ 5,4 bilhões, atendendo a uma demanda estimada de 60 mil passageiros por dia. “O fato também de termos o Aeroporto de Viracopos, que será o maior aeroporto do Brasil, maximiza o projeto”, afirmou Pelissioni.

TRENS REGIONAIS

Agora, mais uma vez, o governo Alckmin anuncia que pretende lançar, ainda em 2018, o edital de contratação do primeiro trecho do trem regional, que ligará São Paulo à cidade de Americana, na região de Campinas.

A primeira fase também deverá contemplar a ligação com trem de média velocidade as cidades de Jundiaí e Campinas. O percurso de 135 quilômetros terá nove estações, com investimento previsto de R$ 5 bilhões.

Para o secretário de Logística de Transportes, Laurence Casagrande, a ideia para viabilizar o trem intercidades é compartilhar o trilho nos trechos onde há ociosidade. Isso otimiza a infraestrutura e reduz o custo de implantação do projeto. A proposta inicial, que nasceu entre 2009 e 2010, propunha realizar a construção de novas linhas, o que elevaria o custo das obras.

A ideia de compartilhar os trilhos facilitará não só o deslocamento de passageiros entre as regiões da macrometrópole, como permitirá triplicar a participação da malha ferroviária na matriz de transporte de carga no Estado, passando de 12% para 36%.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

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