A campanha e as peças publicitárias estão sendo desenvolvidas em parceria entre as gestoras e operadoras de transportes coletivos e o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
A inspiração veio a partir da campanha “Você não está Sozinha”, realizada pelo Metrô de São Paulo, após os casos que ocorreram em estações e trens crescerem e chamarem atenção.
Em seminário sobre tendências da mobilidade, realizado pela UITP – União Internacional de Transporte Pública para a América Latina, que teve cobertura do Diário do Transporte, a chefe do departamento de relacionamento do Metrô de São Paulo, Cecília Guedes, afirmou que campanhas em diferentes meios de transportes integrados tendem a surtir mais efeito.
“Os meios de transportes são integrados. Normalmente, o mesmo passageiro e o mesmo agressor que usa o metrô também vai estar na CPTM e nos ônibus. Assim, é necessária uma abordagem geral nos transportes. Também a campanha deve atingir aqueles que não usam o metrô e não tiveram acesso às mensagens anteriores. Os detalhes estão sendo finalizados. Estamos muito otimistas em relação aos resultados.”
A gestora afirmou que a campanha no Metrô pode ser considerada bem sucedida porque estimulou as pessoas a denunciarem mais, principalmente por meio do SMS, pelo qual o passageiro pode mandar uma denúncia à central da companhia usando o celular.
Em 2011, foram 12 casos de abuso sexual relatados pelo SMS. Em 2012, o número caiu para 8 e em 2013, foram registradas dez notificações. No ano de 2014, foram 61 casos relatados. O número de mensagens subiu para 165 em 2015, ano da campanha, e para 195, em 2016.
“Esses números não significam necessariamente que os casos aumentaram. Havia uma subnotificação. Entendemos que é muito importante denunciar e estimulamos isso.”
Cecília contou que a campanha “Você não está Sozinha” foi criada com ajuda de ONGs – Organizações Não Governamentais e Defensoria Pública e foi uma resposta à rejeição a proposta do Vagão Rosa, que determinava um carro do metrô apenas para mulheres.
“O Metrô de São Paulo sempre foi contra o Vagão Rosa. Separar homens e mulheres nos trens não vai resolver o problema. A solução passa por segurança, conscientização e educação” – disse Cecília.
A diretora do departamento de relacionamento com o cliente do Metrô ainda afirmou que a “Campanha Você não está Sozinha”, além de estimular a denúncia, ofereceu um treinamento especial para os funcionários da operação e segurança sobre como atender melhor a vítima.
Preservar a vítima evitando exposição pública; ouvir o relato com atenção, interesse e respeito; demonstrar receptividade, disponibilidade preocupação em ajudar; não duvidar do relato da vítima, nem julgar aparência, roupas ou comportamento; e orientar sobre a importância do registro da ocorrência, foram algumas das noções passadas pelos especialistas aos funcionários do Metrô.
Uma pesquisa realizada pelo próprio Metrô com usuários, revela que 83% dos entrevistados lembravam de alguma mensagem passada pela campanha; 92% se sentiram estimulados a denunciar mais e 82% acham que mais pessoas podem também aderir formalizando denúncias.
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Adamo Bazani no Diário do Transporte.