Instituto Moreira Salles abre novo centro cultural na Paulista com 5 mostras

Com sete pisos e 1.200m² de área expositiva, o prédio substitui a galeria de 200m² que abrigou o IMS na capital paulista por mais de 20 anos e que foi desativada em dezembro do ano passado. Contando a sede original, em Poços de Caldas, no interior de Minas Gerais, e a unidade do bairro da Gávea, no Rio, o IMS Paulista se torna a maior propriedade do centro cultural no país, fruto de um investimento de R$ 150 milhões.

Selecionado por meio de um júri internacional para fazer o projeto arquitetônico da nova sede, o escritório Andrade Morettin concebeu uma estrutura vertical — em um terreno antes ocupado por um estacionamento — com altura de nove andares e sete pisos. A construção começou em 2014 e se estendeu até recentemente.

Para o arquiteto Marcelo Henneberg Morettin, um dos maiores desafios foi resolver um museu vertical. Uma das soluções encontradas foi transpor para o quarto pavimento o ambiente de entrada e convívio do centro cultural, a Praça IMS, acessível diretamente a partir do vão livre do térreo por escadas rolantes.

Imagem: IMS / Divulgação.Embora o IMS conte com um acervo de 2 milhões de imagens, reunindo registros fotográficos no país a partir de meados do século XIX, de todo o século XX e do início do século XXI, além de 26 mil discos e 10 mil gravuras, não haverá na unidade paulista “um grama” de reserva técnica, de acordo com o superintendente executivo, Flávio Pinheiro:

— Esse prédio representa de certa forma a maioridade do IMS — argumenta Pinheiro. — É um ambiente vivo e estimulante totalmente voltado para o público, no qual se destaca uma biblioteca especializada com 6 mil livros de fotografia, número esse que deverá ser dobrado em pouco espaço de tempo.

Curador de programação e eventos do IMS, o crítico Lorenzo Mammì ressalta, no entanto, que o acervo do instituto é o “ponto de partida” de mostras como “São Paulo, três ensaios visuais”, com curadoria de Guilherme Wisnik, que reúne imagens de São Paulo desde 1862.

— O nosso objetivo primeiro é criar a consciência de que a fotografia tem um aspecto distintivo como arte — explica ele. — A fotografia entendida como imagem reproduzida por aparelhos, que agora, na era digital, ganhou uma dimensão extremamente forte.

“O homem-mosca” (1923), estrelado por Harold Lloyd. Foto: Reprodução.

“The clock”, de Christian Marclay: Premiada com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2011, a instalação de Christian Marclay é uma projeção que dura um dia inteiro. E consiste numa sucessão de cenas de filmes em que relógios — analógicos e digitais — marcam o tempo, em sincronia com o horário real. Segundo o artista, que veio ao Brasil para acompanhar a montagem, trata-se de uma forma de ativar a memória afetiva do espectador. Entre as cenas, está “O homem-mosca” (1923), estrelado por Harold Lloyd.

Foto: Robert Frank / Divulgação.

“Os americanos + Os livros e os filmes”, de Robert Frank: Pela primeira vez no Brasil, a série “Os americanos” traz 83 imagens clicadas pelo célebre fotógrafo suíço Robert Frank, hoje com 92 anos, em viagens pelo interior dos EUA. E “Os livros e os filmes” reúne reproduções dos livros fotográficos de Frank e de seus trabalhos cinematográficos e de artista visual. 

Foto: Sofia Borges / Divulgação.“Corpo a corpo”: Com o subtítulo “A disputa das imagens, da fotografia à transmissão ao vivo”, a mostra une obras que tratam do corpo como representação social e atuação política. São trabalhos criados por Bárbara Wagner, Garapa, Jonathas de Andrade, Letícia Ramos, Mídia Ninja e Sofia Borges (ao lado), em parceria com os curadores Thyago Nogueira e Valentina Tong.

Foto: Vincenzo Pastore / Divulgação.“São Paulo, três ensaios visuais”: Com curadoria de Guilherme Wisnik, é uma projeção de 20 minutos com fotos de São Paulo desde 1862, feitas por Militão de Augusto de Azevedo, Alice Brill e Mauro Restiffe, entre outros. Ocupa o Estúdio, espaço em que o visitante pode consultar o acervo digital do IMS. Ao lado, “Homens conversando em banco de praça” (1910), de Vincenzo Pastore. 

Foto: Michael Wesely / Divulgação.

“Câmera aberta”, de Michael Wesely: O projeto do artista alemão traz quatro fotos da construção do prédio do IMS Paulista. Ele desenvolveu câmeras capazes de expor um mesmo negativo por longos períodos e as instalou nos edifícios vizinhos à construção, em 2014. O resultado mostra a evolução da obra nas quatro faces do novo centro cultural instalado na Avenida Paulista ao longo desses anos. 

Em breve, fotos de Irving Penn 

Irving Penn (1917–2009).Além das mostras, o IMS Paulista terá programação intensa de conversas com artistas, mesas de debate, oficinas, shows de música e mostras de cinema. 

Pinheiro diz que a maior parte das atrações vai se alternar entre as duas principais unidades do centro cultural, no Rio e em São Paulo. Algumas, por outro lado, não farão itinerância:

— Em 2018, temos exposições internacionais programadas — conta o superintendente executivo do IMS. — Uma com trabalhos do fotógrafo americano Irving Penn (1917-2009), que passou por Nova York, Paris e Berlim, vem para São Paulo e não vai ao Rio por problemas de agenda. Outra, com imagens do malinês Seydou Keïta (1921-2001), com retratos tirados entre 1940 e 1960, vai começar pelo Rio e, depois, vem para São Paulo.

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Serviço

IMS Paulista
Avenida Paulista, 2.424 – Bela Vista – SP.
Tel.: 11 2842-9120.
Horário de visitação: de terça a domingo e feriados, das 10h às 20h; quintas, das 10h às 22h.
Para a programação completa, acesse www.ims.com.br e planeje sua visita. 
O IMS Paulista não oferece estacionamento, apenas um bicicletário gratuito, que funciona das 10h às 20h.

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Por Alessandro Giannini em O Globo e informações do IMS.

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