Por Chantal Brissac.
Você já pensou como é se locomover em uma cidade em que todos os transportes estão integrados, para facilitar a vida dos cidadãos?
Você chega de bicicleta à estação de metrô e estaciona a magrela em um bicicletário para seguir viagem ou, melhor ainda, leva-a consigo no vagão. No ônibus a mesma coisa, pode embarcar com a bicicleta. Se estiver em um aeroporto, retornando de viagem, encontra nos trilhos uma forma rápida, segura e sustentável de voltar para a casa. Nem pensar em ficar na interminável fila do táxi ou dos apps e seguir por uma estrada congestionada e lenta depois.
Nas nações europeias e em vários outros países, os aeroportos nunca são segregados das cidades. O transporte aéreo é sempre conectado aos modais ferroviários. Pelo menos 40% da população que transita nos aeroportos acessa diretamente trens e metrôs. Como no Brasil nós estamos na rota contrária, precisamos integrar outros modais para que a mobilidade seja mais fluida, rápida e inteligente. Afinal, toda a rede de transporte urbano sobre trilhos para passageiros do país equivale ao metrô disponível apenas na cidade de Nova York.
As hidrovias também são essenciais em países como Dinamarca, Holanda, França, Alemanha e Noruega, não só para o transporte de cargas como o de passageiros. Na Dinamarca, cujo território se espalha entre diferentes ilhas e uma área de península, o sistema rodoviário integrado com o marítimo é dos mais utilizados por moradores e visitantes.
Bicicleta deve ser integrada aos modais coletivos
Assim, é urgente que existam bicicletários seguros em todas as estações de trem e metrô e em vários outros locais públicos, para que as pessoas percam menos tempo no trânsito e vivam melhor. “A bicicleta deve ser vista como um sistema de transporte legítimo, objeto de políticas públicas e com soluções para integração com demais opções. É impossível pensar a bicicleta nas grandes cidades sem pensar a intermodalidade”, afirma Gabriela Binatti, da rede Transporte Ativo.
Em Utrecht, a pouco mais de 50 km de Amsterdã, capital da Holanda, um estacionamento de bicicletas na Estação Ferroviária Central tem três andares e oferece mais de 10 mil vagas para os ciclistas. Mais da metade dos usuários de trem chegam de bike à estação.
Historicamente, os holandeses sempre foram ciclistas fervorosos. Esse entusiasmo está crescendo ainda mais, à medida que o ciclismo está sendo descoberto como um ingrediente-chave na cidade sustentável. Novos modelos de bicicletas, como a introdução da chamada e-bike, estão ajudando a ampliar essa mudança no transporte de massa. Cada vez mais centros de transporte público serão complementados com comodidades amigáveis para os ciclistas, à medida que um número crescente de pessoas começa a privilegiar a combinação de ciclismo e transporte público ao invés do uso do carro.
Com planejamento da intermodalidade, as cidades tornam-se mais inteligentes e saudáveis para as pessoas, que não precisam gastar horas e horas de seu tempo para se locomover diariamente. Mas serão necessários iniciativa, esforço e integridade do poder público para pensar no coletivo e não apenas em interesses e ganhos pessoais.
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