Em formato que lembra uma meia-lua, o espaço de 22 metros quadrados é, na verdade, um jardim de chuva. Ele capta a água, filtra os resíduos, ajuda a irrigar as plantas que ficam sobre a superfície e devolve o excesso para uma boca de lobo. “É como um minipiscinão”, exemplifica Ulrich Zens, 58 anos, sócio do Incriatório, empresa responsável pelo projeto.
No ano passado, decidida a tornar permeáveis as áreas verdes da região, a vizinhança se organizou: mapeou os espaços – oito, no total – e recolheu assinaturas para entregar à Subprefeitura de Pinheiros, responsável pelo bairro. Com o aval do órgão, passaram a pensar em como transformar os canteiros.
Sete deles ganharam uma cama de galhos – restos de poda de árvores que iriam para o lixo. “Esse material se decompõe e ajuda a tornar o solo mais fértil e úmido”, destaca a médica Thais Mauad, 52 anos, uma das moradoras responsáveis pela mudança dos canteiros.
O oitavo jardim ganhou o sistema inovador: um reservatório com capacidade para 2.000 litros de água. O líquido entra por uma ponta da meia-lua coberta por brita e ocupa o espaço subterrâneo. No lado oposto, “há uma saída para a água voltar à superfície e voltar para a sarjeta, para não haver erosão”, sinaliza Zens. Sobre quase todo o terreno, há plantas.
A reforma foi custeada pela Subprefeitura de Pinheiros. Os poucos materiais que não estavam contemplados – bidim, uma espécie de manta, e elementos de drenagem – foram comprados com os recursos de um fundo de reserva mantido pelos moradores. Mauad conta que o projeto da Incriatório foi feito voluntariamente.
Neste mês, a vizinhança foi convidada a finalizar a obra, levando mudas, água e pás para fazer o paisagismo do local. Adultos e crianças colocaram a mão na terra em um sábado ensolarado para contribuir com o jardim de chuva.
“O canteiro ajuda no processo de retenção de água, que vai infiltrar no subsolo para ajudar a abastecer o lençol freático”, ensina Zens. Ele elenca ainda outros benefícios do jardim, como a melhora da situação bioclimática do local, a colaboração para a redução de enchentes e a beleza da vegetação.
Mauad diz que os moradores têm mais planos para o bairro. Um deles é a criação de uma composteira, já que a região é bastante arborizada e, portanto, rica em material orgânico. A outra é a oferta de educação ambiental à vizinhança, para evitar, por exemplo, que as bases das árvores sejam cimentadas.
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Fonte: Redação QSocial.