Tem opções para todos os gostos: dos pequenos, com cerca de 20 jardineiros de fim de semana, até imensos espaços instalados no topo de prédios empresariais ou em terrenos abandonados. A ampliação da área verde é uma prioridade da prefeitura parisiense.
Foi assim que Anne Dubosc, moradora do chique 6º distrito de Paris, conseguiu enfim realizar o sonho de ter um jardim. O espaço fica no canto de uma bela praça do bairro.
A iniciativa surgiu dos habitantes, que pediram para a subprefeitura do distrito um terreno para plantar. O jardim se divide em quatro zonas. Duas nós deixamos à disposição de uma escola ao lado, para ensinar as crianças a cuidar das plantas”, explica. “Depois, temos a área das plantas aromáticas, com menta, temperos. Ao lado, temos as chamadas plantas perenes, que voltam todo o ano sem que a gente precise replantar, como as frutíferas. E, no centro, temos os legumes, de acordo com a técnica de permacultura. Desta vez, plantamos mudas de tomate, abóbora e alface.”
Manutenção orgânica
O uso de qualquer tipo de agrotóxico é proibido. A fertilização do solo acontece por compostagem orgânica, mantida pelos sócios. Eles também instalaram um “hotel de insetos”, onde aguardam a visita de abelhas e outros polinizadores, e casinhas para passarinhos, para estimular a biodiversidade.
Do outro lado de Paris, no 20º distrito, o jardim compartilhado Cité d’Aubry chama a atenção pelo tamanho. Mais de 100 moradores utilizam o espaço – cada um tem direito a plantar o que quiser em 1 metro quadrado de terreno.
A professora de informática Laurence Reux escolheu framboesas, morangos e alguns dos seus temperos preferidos, como cebolinha. “Eu venho quando tem sol, não gosto de vir no inverno. Mas logo que aparece o sol, na primavera, eu chego aqui e vejo que tudo cresceu mesmo assim, sem eu sequer fazer nada”, comenta a francesa. “Gosto de vir porque é um lugar tranquilo, em meio às flores, os legumes, além da convivialidade com as pessoas que frequentam o jardim. Trocamos dicas sobre flores, legumes e todos os assuntos relacionados à jardinagem.”
Jardins viram lugar de convívio de moradores
Mesas e cadeiras foram espalhadas por todo o jardim, lugares disputados nos dias de calor. Graças ao local, Laurence acabou fazendo diversos amigos no bairro.
“Chega a ser estranho quando eu fico algumas horas aqui e depois volto para a rua, com todo o barulho, os carros e tudo mais. Tenho a impressão de sair de um oásis no meio do deserto. É um lugar calmaria, de contato com a natureza. Esse contato com a terra e com as plantas é importante.
De volta ao mercado de trabalho pela jardinagem
Alguns jardins têm uma missão social, além do mero prazer de jardinar. É o caso da Associação Espaces, que promove a inserção social e profissional de pessoas isoladas ou desempregadas, pela ecologia urbana. A associação já participou da abertura de 16 jardins compartilhados em Paris e na periferia da cidade.
“São pessoas em uma situação difícil ou que não conseguem um emprego, para quem oferecemos um trabalho durante seis meses ou mais. Desta forma, elas aprendem uma nova profissão, ligada à gestão de jardins e praças. Depois, ajudamos essas pessoas a encontrar um emprego definitivo nesta área”, detalha Casilde Gratacos, membro da entidade. “O jardim fica a cargo de um jardineiro profissional ou de um morador do bairro que se interesse por essa atividade. Nós ensinamos a administrar o local de uma maneira ecológica.”
Praticamente todos os distritos de Paris oferecem jardins compartilhados. A lista completa pode ser consultada no site da prefeitura, que ressalta estar à disposição para a instalação de novos espaços.
***
Por Lúcia Müzell na RFI.