Jovens estudantes de São Paulo: unidos, organizados e conscientes

É sabido que a educação é prioridade de qualquer governo. Há anos se discute nas esferas municipal, estadual e federal, mecanismos de investimentos para a melhoria do ensino público, notadamente o sistema fundamental e o médio.

As escolas públicas eram, no passado, sinônimos de qualidade, e hoje são desprestigiadas pela parcela abonada da sociedade, que tem condições de pagar as altas mensalidades das instituições de ensino de “excelência”, voltadas para formar uma parcela restrita de cidadãos.

Transformada em negócio e muitas delas regidas pelas regras do mercado, cabe aos governos garantir que a educação seja universalizada, oferecendo condições de aprendizados para jovens brasileiros de distintas regiões e classes sociais, com metodologias, professores, conteúdos, instalações e um conjunto de atividades complementares que estimulem o desenvolvimento, a visão crítica, e a formação daqueles que, um dia, também poderão ter a oportunidade de desempenhar diversas funções no mundo do trabalho e contribuir para a condução desta nação.

Em um contexto de aperto financeiro e de necessidade e mostrar serviço, recentemente o Governo do Estado de São Paulo foi surpreendido pela mobilização dos alunos que, pacificamente, ocuparam escolas contra a maneira impositiva pela qual a Secretaria da Educação decidiu fazer mudanças, as quais implicariam em fechamento de unidades com o remanejamento dos alunos.

O movimento de ocupações cresceu rapidamente, atingiu mais de 200 estabelecimentos de ensino, gerou a solidariedade de professores e de diversos setores da sociedade, mas foi hostilizado com violência pela Polícia Militar e pelo governador, que apenas no final de um processo desgastante decidiu cancelar a implantação das mudanças em curso, com o compromisso de retomar a proposta em 2016 com a participação de alunos, professores, familiares, e de demais interessados.

Em diversas situações considera alienada, a juventude estudantil de São Paulo demonstrou, neste episódio, que está unida, consciente da realidade, e que qualquer alteração no sistema educacional, por melhor que seja, deve incluir etapas participativas que contemplem o diálogo, a consulta, a discussão com quem é diretamente atingido: alunos, corpo docente e pais, além de pesquisadores, especialistas e quem mais tiver idéias para a melhoria da educação pública brasileira.

Lutar permanentemente por serviços públicos de qualidade como, neste caso, a educação, é batalhar por uma nação inclusiva, que oferece condições para que todos os jovens se desenvolvam com dignidade. Por aqui, fico. Até a próxima.

***
Leno F.Silva é diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.

Tags

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on pinterest
Share on linkedin
Share on email
No data was found

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Cadastre-se e receba nossa newsletter com notícias sobre o mundo das cidades e as cidades do mundo.

O São Paulo São é uma plataforma multimídia dedicada a promover a conexão dos moradores de São Paulo com a cidade, e estimular o envolvimento e a ação dos cidadãos com as questões urbanas que impactam o dia a dia de todos.