Ele é usado como forma de comunicação por pessoas cegas ou com baixa visão. O objetivo da marca de blocos de montar é permitir que cegos ou deficientes visuais tenham a oportunidade de aprender por meio de brinquedos.
O Brasil é um dos países envolvidos no projeto piloto realizado desde 2016, e que culminou com o anúncio da semana passada. Em uma parceria entre a Fundação Dorina Nowill para Cegos, que há 70 anos trabalha pela inclusão das pessoas com deficiência visual, e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), o projeto incluiu o uso dos chamados “Braille Bricks” em escolas públicas de Presidente Bernardes e Franco da Rocha, em São Paulo.
Braille Bricks
Os “Braille Bricks” são blocos de lego desenhados para que os pontos em relevo representem uma letra ou número do alfabeto braille.
Em 2016, a Fundação Dorina Nowill para Cegos lançava o “Braille Bricks”, brinquedos de montar para crianças deficientes audiovisuais. A Lew’Lara\TBWA foi responsável pela criação do primeiro protótipo nacional e da campanha Braille Bricks for All, que gerou 3,7 milhões de interações espontâneas nas redes sociais.
“O conceito por trás dos blocos de braille da Lego foi inicialmente proposto à Fundação Lego em 2011 pela Associação Dinamarquesa dos Cegos e novamente em 2017 pela brasileira Fundação Dorina Nowill para Cegos”, diz o comunicado. Além do Brasil e Dinamarca, o Reino Unido e a Noruega também participaram do desenvolvimento dos protótipos, que agora estão em fase de teste nos países.
As peças serão feitas com o mesmo número de tachas usadas para as letras e números do alfabeto braille, mas sem perder a compatibilidade com o sistema Lego. “Nós acreditamos firmemente que os blocos podem ajudar a aumentar o interesse em aprender braille”, completa a nota.
O lançamento dos novos blocos de montar está previsto para 2020, que serão distribuídos gratuitamente para instituições parceiras.
Uso do braille no ensino
Um dos motivos de usar o brinquedo para incentivar o ensino do braille, segundo o comunicado da empresa, é o fato de que, com o avanço de tecnologias como audiolivros e programas que “leem em voz alta” o texto escrito numa tela de computador ou celular, a difusão do braille tem caído entre as novas gerações de pessoas com deficiência visual.
A partir do ano que vem, o projeto pretende envolver 763 mil estudantes no Brasil, sendo 11,6 mil os que têm deficiência visual. Com sua proposta de educação inclusiva, a ideia é que estudantes com deficiência possam usar os kits juntamente aos estudantes videntes.
De acordo com a Presidente do Comitê Braille Bricks da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Ika Fleury, em última análise o objetivo do projeto é aumentar radicalmente o número de crianças com deficiência visual alfabetizadas.
Distribuição
Instituições selecionadas de várias partes do mundo receberão o material gratuitamente. No Brasil, a Fundação Dorina Nowill será a responsável por importar os conjuntos, que em 2020 serão distribuídos inicialmente em sete estados brasileiros: Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Pará.
Serão enviados 10 mil kits a 763 cidades e 1,88 mil instituições de ensino do país. Eles serão entregues às escolas em regime de comodato.
Embora os kits sejam doados pela Lego, a Fundação Dorina Nowill será a responsável por distribui-los pelo Brasil. “As duas maiores dificuldades são a formação dos profissionais de educação e a parte logística, pois os kits serão entregues pela Lego no porto de Santos”, explicou Ika Fleury.
A fundação estima um custo inicial de R$ 1,5 milhão para a primeira fase do projeto e, por isso, busca parceiros para financiar a distribuição do material em território nacional, além da capacitação de professores de escolas públicas para usarem o material em sala de aula
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Com informações da Fundação Dorina Nowill para Cegos.