Morre em São Paulo, Edla Van Steen, curadora de literatura, escritora e dramaturga

Edla era uma jovem catarinense lindissima, beleza que manteve até o final da vida, filha do cônsul honorário belga em Florianópolis e com muitas ambições literárias, mas famosa por sua beleza e estilo desde que debutou no tradicional Clube Curitibano. Antes dos livros, convidada por Walter Hugo Khouri, foi uma das protagonistas do filme Na Garganta do Diabo em 1959. Apesar da enxurrada de prêmios que incluíram Melhor Atriz pela Associação de Cronistas Cinematográficos, Prêmio Governador do Estado de São Paulo, Revelação no III Festival de Cinema de Curitiba, Troféu Cinelândia e Melhor Atriz pelo Festival de Santa Margherita em Ligurne, na Itália, Edla participou só de mais um filme, Anuska, Manequim e Mulher, de Francisco Ramalho Jr, em 1969. Escolheu a literatura.

Edla Van Stenn em cena do filme “Na Garganta do Diabo“, (1959) de Walter Hugo Khouri. Foto: Mulheres no Cinema Brasileiro. Não fez por menos: escreveu mais de vinte livros entre contos, romances, livros infantis e peças de teatro; recebeu o Molière e o Prêmio Mambembe de melhor autor em 1989; o Troféu APCA de revelação de autor por O último encontro no mesmo ano; o Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras e Prêmio Nacional Pen Club, por Madrugada, em 1992; e o Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira 1996, categoria autor consagrado, por Cheiro de Amor.

No fim dos anos 1970 Edla já estava casada com o acadêmico e crítico de teatro Sábato Magaldi. Os dois adoravam receber em sua casa no Morumbi em longas e memoráveis noitadas onde nunca se conseguia avaliar com precisão se o melhor da festa estava nos convidados interessantes, nas conversas inteligentes, na música, nas comidas ou na simpatia e gentileza dos anfitriões perfeitos. Tive o privilégio de ter convivido com eles.

Foram casados por quase 40 anos apaixonados, como lembrou-se hoje um amigo. Amor ao A escritora e dramaturga Edla van Steen em seu apartamento em São Paulo em 2010. Foto: Rafael Andrade / Folhapress.Teatro, o livro com 783 críticas de teatro de Sábato Magaldi, filtradas por Edla entre 3 mil trabalhos escritos em duas décadas foi feito por amor, com o rigor e disciplina da sua herança genética, como ela gostava de dizer. Uma obra fundamental para o teatro brasileiro, lançada em 2015, pouco antes da morte de Sábato.

Notícias tristes são mais tristes na madrugada. Por volta das três da manhã Anna, filha da escritora, louvou a mulher estilosa, inteligente, bem humorada, linda e amiga que foi Edla van Steen e avisou da cerimônia de cremação na tarde de hoje no Memorial Parque Paulista, em Embu, o mesmo lugar onde há um ano e oito meses Edla se despediu de Sábato.

Edla van Steen nasceu em Florianópolis em 12 de julho de 1936. Deixou os filhos Ricardo van Steen, Anna van Steen e Lea van Steen. Foi casada também com o arquiteto Ennes Silveira Mello, pai de suas duas filhas.

***
Heloisa Araujo Moreira é jornalista com passagens pelos principais veículos da imprensa. Entre eles, Jornal da Tarde, Folha de São Paulo e Editora Abril. Texto escrito com exclusividade para o São Paulo São.

Tags

Compartilhe:

Share on facebook
Share on twitter
Share on pinterest
Share on linkedin
Share on email
No data was found

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Categorias

Cadastre-se e receba nossa newsletter com notícias sobre o mundo das cidades e as cidades do mundo.

O São Paulo São é uma plataforma multimídia dedicada a promover a conexão dos moradores de São Paulo com a cidade, e estimular o envolvimento e a ação dos cidadãos com as questões urbanas que impactam o dia a dia de todos.