Morre em São Paulo Zuza Homem de Mello, o jornalista e escritor que dedicou sua vida à música

A informação foi dada por meio de uma publicação no Instagram. “Com enorme dor no coração comunico que perdemos nosso querido Zuza. Ele morreu dormindo, de infarto, após termos brindado na noite de ontem todos os projetos bem sucedidos. Em 35 anos de uma vida compartilhada, pude testemunhar o amor desse homem pela vida, pelo seu trabalho e pela música. Zuza nos deixou em paz após viver uma vida plena!”. O comunicado foi assinado pela mulher de Zuza, Ercília Lobo, filhos e netos.Capa de livro sobre João Gilberto.

Zuza, que nasceu em São Paulo, em 1933, chegou a cursar engenharia mas, incentivado pela mãe, resolver estudar música e aprimorar-se como contrabaixista na Juilliard School, em Nova York, nos anos 1950. Em seu retorno ao Brasil, começou a trabalhar na TV Record como técnico de som em programas como “O Fino da Bossa”, “Jovem Guarda” e “Bossaudade”. Foi diretor de festivais como “O Fino da Música” e o “Festival de Verão do Guarujá”, além de apresentador do programa “Jazz Brasil”, na TV Cultura.

Entre 1977 e 1988 produziu e apresentou o Programa do Zuza, na Rádio Jovem Pan AM, e fez crítica de música popular para O Estado de S. Paulo, atuando desde então como diretor artístico de shows e festivais de jazz e produtor de discos. É autor, entre outros, dos livros Música Popular Brasileira Cantada e Contada (Melhoramentos, 1976), A Canção no Tempo, em coautoria com Jairo Severiano (Editora 34, 1997 e 1998), João Gilberto (Publifolha, 2001), A Era dos Festivais (Editora 34, 2003), Música nas Veias (Editora 34, 2007) e Música com Z (Editora 34, 2014, vencedor do Prêmio APCA).

Foi também produtor de vários shows e de discos de artistas como Elis Regina e Milton Nascimento. O paulistano se dedicou a identificar gêneros e repertórios que se mantivessem relevantes ao longo do tempo. “O que você chama de qualidade, eu troco pela palavra perenidade (…) A música que vai permanecer daqui pra frente, daqui a dez anos, é o que me interessa. Para mim, o que conta é aquilo que vai vingar para sempre”, dizia.

A história de Zuza e sua importância no cenário cultural do país são mostradas no documentário de Janaína Dalri, Zuza Homem de Jazz, de 2018. O longa resgata também o período em que morou nos EUA, quando compareceu a shows de Duke Ellington, Ella Fitzgerald e Billie Holliday, entre outros grandes nomes do jazz à época.

O músico e maestro Winton Marsallis e Zuza Homem de Mello em evento em Nova York. Foto: Divulgação.

O portal Uol reproduziu, sem citar a época, declaração de Caetano Veloso sobre o pesquisador: “Zuza é das grandes figuras do meu Brasil. Eu o visitava em Sampa pra conversar e ouvir música, e ele me mostrava tudo. É um conhecedor da música, apaixonado por jazz e íntimo da MPB. E que homem elegante, educado, civilizado!”

Na última terça-feira (29), Zuza havia finalizado uma biografia sobre o compositor, cantor, violinista e ícone da Bossa Nova, João Gilberto.

R.I.P. José Eduardo Homem de Mello: São Paulo, 20 de setembro de 1933 – 4 de outubro de 2020.

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Por Fabio M Michel, da RBA. Edição: São Paulo São. 

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