Da Redação.
O Museu da Imigração (MI) – instituição da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo – celebrará, em 25 de junho, 30 anos de existência, promovendo o diálogo entre passado e presente a partir de diversas camadas da temática dos deslocamentos humanos. Em comemoração, os visitantes poderão participar de diferentes atividades no decorrer do mês.
Localizado no complexo da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, o Museu iniciou a sua atuação resguardando a memória e a herança cultural dos primeiros migrantes que desembarcaram em São Paulo. Com o passar dos anos, a instituição construiu um forte relacionamento com as múltiplas comunidades de migrantes e descendentes estabelecidas na capital e no interior paulista. E, mais recentemente, como resultado do seu processo de amadurecimento, passou a tratar também de outros aspectos de grande relevância, como a questão do refúgio, um dos temas centrais dos fluxos contemporâneos.
Contemplando esse caráter plural sobre as migrações, as festividades de 30 anos do MI abordarão diferentes nuances do tema. Em 17 e 18 de junho (sábado e domingo), acontecerá o VIVA! Japão – festival que, desde 2017, homenageia um país a cada edição. Dessa vez, celebrando os 115 anos da imigração japonesa, a cultura nipônica estará em evidência, ressaltando uma das comunidades da chamada “grande migração”, com apoio do Consulado Geral do Japão em São Paulo e da Fundação Japão.
Ainda como parte das homenagens aos 30 anos, a instituição trabalhará um dos temas mais relevantes das migrações no século atual: a situação de refúgio, em conexão com a semana em que será comemorado o Dia Mundial do Refugiado (20).
No dia 24 (sábado), o Museu realizará, em parceria com o Observatório das Migrações em São Paulo (Nepo/Unicamp), o Ministério Público do Trabalho e o Observatório das Metrópoles (PUC-SP), o VOZES – Dia Mundial do Refugiado. No mesmo dia, o MI receberá o lançamento do Selo Empresa Amiga do Migrante, que, promovido pela ONG Visão Mundial, pretende estimular a inserção de migrantes e pessoas em situação de refúgio no mercado de trabalho.
Já no dia 25 (domingo), o cronograma comemorativo terá uma apresentação da Orquestra do Colégio Ouro Preto, com hinos e músicas tradicionais de várias nações, e um show da Orquestra Mundana Refugi, que, formada por artistas brasileiros, imigrantes e refugiados de diferentes países, reflete, em seu repertório, a diversidade cultural e sonora com músicas originárias da Palestina, do Irã, da Guiné, do Congo, da Turquia, da Venezuela e do Brasil.
Ainda, nos dias 24 e 25, os visitantes poderão aproveitar os pratos típicos preparados em tendas gastronômicas variadas, como da Alemanha, da Bélgica, da Coreia do Sul e da Venezuela.
Em todos os sábados e domingos do mês, o MI terá atividades educativas, como contações de histórias, oficinas e visitas, com destaque para a ação na qual os educadores conduzirão o público pela exposição de longa duração Migrar: experiências, memórias e identidades. A programação completa de junho pode ser conferida no site.
A trajetória e a relevância do Museu da Imigração para São Paulo e o Brasil
Com sede nas instalações da antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, o MI foi inaugurado em 1993 após um processo de ressignificação da sua função arquitetônica original para a instituição museológica.
O local ganhou status de patrimônio histórico pelo seu significativo papel no acolhimento de 3,5 milhões de migrantes, de mais de 70 nacionalidades, entre 1887 e 1978. A instituição foi fundada em 1887, como parte da política de migração brasileira do fim do século XIX e início do século XX, para suprir a necessidade de mão de obra nas lavouras de café e nas indústrias paulistas.
Em 1978, com o encerramento das atividades como Hospedaria, o prédio tornou-se patrimônio público e símbolo da história das migrações no estado e na cidade de São Paulo. Alguns marcos importantes desse processo são o tombamento do edifício pelo Condephaat (1982), a criação do Centro Histórico do Imigrante (1986) e o tombamento pelo Conpresp (1991). Em 1998, o local foi convertido em Memorial do Imigrante, mas, em 2011, voltou a ser nomeado Museu da Imigração.
Desde a reabertura em 2014, sob a gestão do Instituto de Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração (Inci), o Museu aprofundou o debate sobre os diversos aspectos da temática migratória, ressaltando, além da herança cultural das migrações em São Paulo e no Brasil, outras camadas que compõem as migrações contemporâneas. Desse modo, a instituição, hoje, discute temas diversos, como os novos fluxos migratórios, o refúgio, a questão dos apátridas e a valorização de grupos migrantes invisibilizados ao longo da história. Assim, o MI se coloca como um espaço de reflexão crítica e sensibilização para promover projetos que adotem novas perspectivas de pesquisa e história, bem como resultem na inclusão e na justiça social.
Serviço
30 anos do Museu da Imigração
Rua Visconde de Parnaíba, 1.316 – Mooca – São Paulo/SP.
Tel.: (11) 2692-1866.
Funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 18h, e domingo, das 10h às 18h (fechamento da bilheteria às 17h).
R$ 10 e meia-entrada para estudantes e pessoas acima de 60 anos | Grátis aos sábados e, todos os dias, para as crianças até 7 anos | Haverá gratuidade também em 18 e 25 de junho (domingos).
Acessibilidade no local – Bicicletário na calçada da instituição – Não possui estacionamento.
www.museudaimigracao.org.br
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Com informações da Locomotiva Cultural. Edição: São Paulo São.