Em 1985, com o mercado em recessão na França ele foi obrigado a aceitar a idéia de ter que aplicar um plano de demissão em massa em seu negócio. O Norte da França naquela época era uma região brutalmente atingida por uma crise econômica e industrial. Aos poucos, mineração, construção naval e têxteis, principais fornecedores de mão de obra, entraram em colapso e a região passou a registrar a maior taxa de desemprego francesa.
A ideia de André Mulliez e de alguns membros da sua família à frente do que já se tornou um império do comércio de grande distribuição (Auchan, Decathlon, Leroy Merlin…), nasce com o seguinte princípio: “para criar empregos, criar empreendedores!” e para fazer deles bons empregadores, provocar encontros e obter orientação com líderes de negócios!
Foi dentro deste espírito, que o movimento nasceu em Roubaix, em 1986 com o nome “Nord Entreprendre”. A missão foi então espalhada para outras regiões da França antes de se tornar um movimento nacional e internacional. Por conta do seu dinamismo, a Réseau Entreprendre está hoje em 71 locais na França e foi reconhecida como sendo de utilidade pública pelo Governo do país.
A missão da Rede é simples: apoiar projetos destinados a empreendedores, que potencialmente queiram ser pequenas e médias empresas (PME), que sejam de criação ou de transformação dos negócios.
Como funciona
A originalidade da abordagem reside no fato de que o acompanhamento dos iniciantes é feito por empresários voluntários integrantes da organização. Dispostos a compartilhar seu know-how, mas sobretudo a dividir suas experiências, eles são apaixonados pelo empreendedorismo e dedicados ao espírito de cidadania econômica.
De fato, desde a sua criação, os valores fundadores da associação, assentados na assistência gratuita e mútua entre os empresários, estão claramente acordados. E para que os valores não permaneçam virtuais, eles são divididos em três princípios de ação:
– O importante é a pessoa: qualquer um pode ser um candidato, independentemente da idade, nacionalidade, nível de educação e carreira.
Antes da qualidade do projeto, é a pessoa e o seu potencial para se tornar um empreendedor, que valem.
– O importante é a gratuidade: fornecida aos novos empresários e oferecida por aqueles que os acompanham.
Um integrante da rede não pode ser envolvido financeiramente na empresa de um candidato ou de um escolhido.
– O importante é o espírito de reciprocidade: os beneficiários são convidados a transmitir para os outros o que eles receberam, tornando-se um elo de uma cadeia de apoio entre os empreendedores.
Nestes valores fundadores foi adicionada uma nova dimensão para a qual os administradores da Rede estão particularmente atentos: a validade do modelo de negócio já não é o único critério para avaliar a viabilidade das empresas candidatas. Agora, componentes sociais e ambientais devem ser levados em conta no primeiro passo.
As estruturas administrativas devem ser reduzidas ao mínimo
Cada região é independente, permitindo que se atenha à realidade de cada território e se mantenha contato mais próximo com os vencedores.
E sim, os vencedores! Para ser elegível para apoio, os novos empresários devem apresentar o seu projeto para uma comissão de avaliação. Um comitê de 5 empresários estuda o dossiê do candidato que tem que ser apresentado de forma padronizada, a partir do estudo desenvolvido por profissionais de campo.
Um exercício em si já muito educativo para os candidatos. Na sequência das suas deliberações, as coisas seguem muito rapidamente. Cada região é responsável pela sua exploração, gestão de orçamentos e cada decisão: nenhuma comissão fantasma, não há política ou jogo de influência, muito menos favoritismo.
Dependendo do caso e o conteúdo do arquivo, o candidato não só vai se beneficiar do apoio e de uma ampla abertura de rede de empresários na região, mas irá se juntar a um clube de vencedores multissetorial e também pode obter um empréstimo de honra (a juro 0% para pagamento em 5 anos e sem garantia). Por fim. ele também terá acesso a todos os parceiros financeiros regionais da associação.
E assim, os pessimistas podem se perguntar de onde o dinheiro para executar as operações. Aqui também, a transparência é total:
Orçamentos operacionais são predominantemente cobertos por contribuições dos membros empresários da associação. E sim! Não só eles voluntários acompanham os vencedores, mas suas contribuições são também de ligar a máquina.
Em seguida as deliberações, tudo caminha rápido.
Capilaridade
Cada região é responsável pela seu funcionamento, gestão dos orçamentos, e cada uma de suas decisões: não comissão fantasma, não há política ou tráfico de influência, muito menos favoritismo.
Dependendo do caso e do conteúdo do dossiê, o candidato não só vai se beneficiar do apoio e da ampla abertura de rede dos empresários na região, mas irá se juntar a um clube de vencedores multissetorial, e também poderá obter um empréstimo de honra (a 0% em 5 anos e sem garantia). além disso terá acesso a todos os parceiros financeiros regionais da associação.
Os céticos poderão se perguntar de onde vem o dinheiro necessário para sustentar a organização. Aqui também, a transparência é total:
Orçamentos operacionais são predominantemente cobertos por contribuições dos empresários associados. E sim! Não só como voluntários acompanham os vencedores, mas suas contribuições fazem funcionar a máquina. Os fundos de empréstimo honorários são constituídos com o apoio das autoridades locais, através da “Caisse des Dépôts” (banco de fomento), doadores e alguns bancos parceiros.
Finalmente, a Rede de Empreendedorismo desenvolve um programa nacional específico de apoio a empreendedores sociais para desenvolver negócios de empresas com finalidade social, de sustentabilidade e sem fins lucrativos.
Neste sentido, a Entidade tem foco em duas prioridades:
– “A criação de empregos“, especialmente para os mais vulneráveis (inserção social, deficiência).
– “Um forte impacto social“, nas populações-alvo, principalmente os mais fracos e os mais vulneráveis.
“Além da ajuda efetiva quando do início do negócio, a Rede oferece 2 a 3 anos ricos de intercâmbio e solidariedade”, testemunha um dos vencedores. Muitos também reconhecem ter economizado “muito tempo” e “ter evitado as armadilhas”, que frequentemente significam a sentença de morte do jovem negócio.
Quanto aos empresários membros, um deles exprime o espírito que anima o coração da rede: “É preciso conhecer a felicidade de um comitê quando se encontra humildemente diante de candidatos criativos, cheios de motivação, entusiasmados, com vontade de construir o futuro. É uma experiência que eu recomendo vivamente! ” diz Françoise, integrante da associação.
Acesse o link e assista a retrospectiva “Réseau Entreprendre a 30 ans” (francês).
***
Dirigente e consultor de empresas e escritor, Pascal Launay é especialista em direito econômico e social, conhecido por sua visão inovadora para a gestão de recursos humanos. Morador de Aix em Provence na França, é colaborador do São Paulo São.
*Tradução de Isabelle Dossa. Acesse o site do Réseau da região do nosso colunista!