O principal tipo de espaço público nos Estados Unidos é a rua. Por muito tempo ela se demonstra como o suporte para a economia, servindo de cenário para o intercâmbio e interação entre clientes, comerciantes e empresários. Sob o ponto de vista de que as ruas e as cidades não são estáticas, tampouco completas, e com base de que é na calçada que surge a ideia da criação de valores, estas continuam crescendo como facilitadoras da vida urbana.
Nos EUA, década de 1960 grupo de pessoas espera na calçada para atravessar a rua em Nova York. Imagem: Videoblocks.
Como nos rios, estes pontos de contato com a “margem” criam diversas atividades. Portanto, na medida em que nossas ruas recebem carros mais rápidos e maiores, o rio torna-se o caminho para separar a atividade que dá origem às calçadas.
As calçadas são frequentemente ignoradas. Antes de serem instaladas nas cidades, simplesmente eram as áreas que não estavam definidas pelos limites da rua. Com a mudança de necessidades, pouco a pouco a poluição e o congestionamento das ruas são eliminados. Eventualmente, sobre as calçadas novos elementos foram sendo acumulados em camadas como árvores, bancos, sinalização, quiosques, iluminação, postes, bicicletários e assim sucessivamente. Conforme a cidade gera espaço aos automóveis e cria políticas de apoio, as calçadas passam a ser eliminadas e cria-se um contexto novo em menor densidade, convertendo-se num ponto de interação ativo entre os transeuntes e as pessoas que ali estão.
Como nos rios, estes pontos de contato com a “margem” criam diversas atividades. Foto: Thomas Hoepker / Magnum.Mas com o tempo, as calçadas apresentaram uma relação de qualidade e desenho fora das subdivisões. As cidades e subúrbios simplesmente não viram o valor que outorgaram para estas calçadas através de um autodesenvolvimento e sim viram como uma distração para o tráfego. Assim, foram eliminadas. Grande parte do desenvolvimento dos anos 60, 70 e 80, nos Estados Unidos, pode ser visto sem nenhuma calçada ou, no melhor dos casos, com um mosaico rompido de calçadas segmentadas.
A rua, mais uma vez, tornou-se um tema prioritário na criação do novo desenvolvimento urbano e suburbano. Foto: Dean Shareski, Flickr.
À medida que o custo real das opções que oferecem as calçadas fica claro, inicia-se uma reorganização dos padrões de tempo e de construção. A rua, mais uma vez, tornou-se um tema prioritário na criação do novo desenvolvimento urbano e suburbano. Mas a transição nem sempre foi fácil. Em nenhum caso se destinou gastos para a construção e manutenção destas, mas sim para as ruas, que se desenvolveram completamente e oferecem um espaço para todos desde que cada um permaneça em seu lugar. Por exemplo, os pedestres e ciclistas possuem espaços distintos. Antes, os carros eram livres para movimentar-se em qualquer velocidade, geralmente a 75 km/h e seu amplo espaço foi transformado e equipado com calhas, jardins e outros dispositivos destinados a proporcionar um equipamento urbano, como os que lidam com as águas pluviais no local e, literalmente, até o caminho verde. O fenômeno da rua completa não é mais que um ponto de parada no caminho de volta à rua.
Na verdade, é um ponto no qual começamos a aprender sobre o conceito original das ruas e o que ela pode oferecer como um espaço solvente, vibrante e resistente.
Projeto do escritório Perkins + Will para Mission Rock em São Francisco, EUA. Foto: Steelblue / Perkins + Will.
Em qualquer caso, mais uma vez, devemos nos apropriar das calçadas.
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Fonte: Street Sense (Inglês).
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