Imagem aérea do Central Park em Nova York. Foto: Getty Images.
Há muitos anos, os parques têm desempenhado um papel fundamental para o êxito das cidades. Os primeiros parques formais, como o Central Park, em Nova York, foram criados no séc. XIX, com o intuito de serem agradáveis e acolhedores, para contrastarem com a realidade densa e suja da vida urbana da era industrial.
Na Europa, os parques públicos surgiram até um pouco antes, ocupando espaços que haviam sido campos de caça ou destinados a feiras. O Hyde Park, em Londres, por exemplo, era um campo de caça que, com o passar dos anos e com as transformações da cidade, aos poucos foi abrindo suas portas para o público geral.
Gradualmente, os espaços públicos exteriores e os seus benefícios foram evoluindo como elementos importantes na estratégia urbana. Os planos de Haussmann em Paris e de Cerdá, em Barcelona, também de meados do séc. XIX, já levavam em conta a criação de parques e espaços públicos. Incluíam quase tudo o que não fosse um edifício como: ruas, largos, praças, faixas de verde e eram planejados como parte integrante de um grande sistema urbanístico.O Central Park em Nova York. Imagem de 1990 / Reprodução.
Segundo Fred Kent, presidente da Project for Public Spaces, um parque e a sua área envolvente não precisam existir apenas para nos relacionarmos com a natureza, podem e devem também ser espaços para trocas culturais e sociais. Um parque, para ser vivo, deve ter na sua programação várias atividades: mercados e feiras que lhe conferem um dinamismo comercial, incentivar a atividade física como corrida, caminhadas e yoga, proporcionar atividades culturais como cinema ao ar livre, exposições de arte e outros eventos da comunidade. No fundo, dinamizar a socialização entre as pessoas é o mais importante.
Kent defende que a maioria dos parques urbanos tem poucas atividades fora do tema do lazer e, por isso, não atraem pessoas tais como idosos, adolescentes e os que procuram apenas um lugar para caminhar ou sentar dentro da sua rotina diária. A maioria das vezes nem existe uma calçada, um lugar com sombra, nem mesmo um pequeno comércio onde comprar água ou um lanche. O maior problema de isso acontecer é que quando há poucos motivos para as pessoas irem ao parque, menos pessoas o utilizam e, portanto, deixa de ser valorizado.
Mapa do Hyde Park de Londres em 1833. Imagem: Reprodução.Nos anos 70, em Nova York, o Union Square Park tornou-se um lugar perigoso. Na sua renovação foram usadas estratégias que, entre outras, incluíam a realização semanal de uma feira de produtos naturais. Isso atraiu a comunidade, o mercado propiciou oportunidades para a população vizinha ser empreendedora, fazendo parte ativa da feira, e possibilitou a ligação às fazendas dos arredores da cidade. O parque foi renovado e hoje é um dos principais pontos de visita em Manhatan.
Union Square em Nova York. Foto: Julienne Schaer.
O nosso Parque Ibirapuera, inaugurado em 1954, é um bom exemplo do que pode ser um bom parque urbano. Ele é ponto de encontro por excelência. Além dos museus que atraem a parte da população interessada nas artes, conta com uma boa estrutura para práticas de esportes, proporciona uma extensa lista de atividades, o que atrai pessoas dos mais diversos perfis, criando um ciclo positivo na rotina do parque.
Parque Ibirapuera em São Paulo. Foto: El País.
A ideia do zoo, criado em 1882, surgiu do médico, fazendeiro e político paulista Carlos Botelho, inspirado no Jardin D'Acclimatation, em Paris, na França. O parque abriga um lago, concha acústica, jardim japonês com espelho d'água, aparelhos de ginástica, pista de cooper e caminhada, além de playgrounds infantis, paraciclo e campos de futebol, voleibol e basquetebol.
Parque da Aclimação, inspirado no Le Jardin d'Acclimatation de Paris. Foto: José Cordeiro / SPTuris.
Ao integrar os parques na vida cultural dos bairros, ao atribuir responsabilidades de manutenção às pessoas, ao permitir-lhes criar novos programas e, em alguns casos, até permitir que eles desenhem partes do parque, verifica-se uma renovação da área e seu entorno e mudanças positivas no comportamento da comunidade, muitas vezes em lugares que se acreditava ser impossível.
Atualmente, algumas cidades estão se dando conta de que os parques podem contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida urbana. Se os parques urbanos evoluírem da sua atual função, que é primariamente de lazer, e adotarem um novo papel como catalisadores da convivência saudável da população, tornam-se um componente essencial na transformação e melhoria das nossas cidades.
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Da Redação.
Sao Paulo Sao